Sumários

Livre-arbítrio (3)

2 Abril 2019, 18:00 Ricardo Santos

Discussão do incompatibilismo libertário. Objecção 1: é insatisfatório fazer depender a nossa liberdade do que acontece no exótico mundo subatómico, e nem sequer é claro que a ciência actual postule indeterminismo onde e na medida que se requereria para uma liberdade substancial (exemplo da garrafa voar para o Japão em vez de cair no chão, possibilidade que também tem probabilidade positiva, mas que se pode justificadamente ignorar). Objecção 2: o indeterminismo da física quântica simplesmente introduz eventos que acontecem por puro acaso, sem nenhuma explicação ou razão: longe de preservar a ideia de que as nossas acções são livres, tal indeterminismo parece até pôr em risco a ideia de que somos autores das nossas acções. Refinamento da posição do incompatibilismo não-libertário à luz desta discussão: ou não há liberdade porque há suficiente determinismo, ou não há liberdade porque há suficiente acaso. A ideia de que o conceito de liberdade é incoerente: por um lado parece requerer ausência de determinação anterior, mas tal ausência só pode significar presença de acaso, e o conceito de liberdade também parece requerer ausência de acaso. Introdução aos dois tipos de compatibilismo: i) o que preserva a liberdade como poder de agir de outra maneira e dá uma análise de tal poder compatível com o determinismo, e ii) o que dá uma analise da liberdade compatível com a ausência do poder de agir de outra maneira.


Livre-arbítrio (2)

28 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Posições possíveis face aos argumentos apresentados: definições de incompatibilismo (“se o determinismo está certo, não há liberdade”) e compatibilismo (“o determinismo pode estar certo e ao mesmo tempo pode haver liberdade”). Distinção entre o incompatibilismo não-libertário (“o determinismo está certo e não há liberdade”) e o incompatibilismo libertário (“o determinismo não está certo e há liberdade”). Discussão do incompatibilismo não-libertário (Pereboom). Objecção 1: contradiz sistematicamente os dados da introspecção. Objecção 2: muitas áreas do nosso pensamento (p. ex., moral e direito) parecem pressupor que haja acções livres. Apresentação do incompatibilismo libertário (Kane): como o carácter probabilístico das leis da mecânica quântica permite rejeitar tanto o argumento da consequência como o argumento da heteronomia.


Livre-arbítrio (1)

26 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Definição de determinismo: todos os acontecimentos particulares num certo momento mais as leis da natureza implicam todos os acontecimentos particulares em qualquer outro momento. Relação e diferenças entre a tese do determinismo e a tese do fatalismo: para o determinismo só é necessária a relação (implicação) entre [condições + leis] e um certo acontecimento, enquanto para o fatalismo é necessário o próprio acontecimento. Apresentação intuitiva do problema que o determinismo levanta para a liberdade. Refinamento do problema em duas versões. 1) Argumento da consequência (contra a liberdade que requer a possibilidade de agir de outra maneira) e 2) argumento da heteronomia (contra a liberdade que requer que a origem da acção esteja no sujeito).


Deus (3)

21 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

A existência do ponto de vista da lógica clássica de primeira ordem. A existência definida como “ser (idêntico a) alguma coisa”. O carácter tautológico da tese de que “todas as coisas existem”. Consequência: a existência está trivialmente incluída em todos os conceitos. A falha lógica do argumento cartesiano: a sua conclusão (“todos os seres perfeitos existem (necessariamente)”) é compatível com a tese ateísta.

O argumento ontológico modal de Charles Hartshorne. Justificação das suas duas premissas: (1) necessariamente, se Deus existe, então Deus existe necessariamente; e (2) possivelmente Deus existe. Explicação da validade do argumento, com base na semântica dos mundos possíveis e na simetria da acessibilidade entre mundos. Discussão do argumento: (i) É circular? A conclusão está contida nas premissas? (ii) É verdade que se algo é concebível então não é impossível? Comparação com a conjectura de Goldbach e razões para rejeitar a segunda premissa. Distinção entre possibilidade metafísica e possibilidade epistémica.


Deus (2)

19 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Os pressupostos ‘Meinonguianos’ do argumento ontológico de Anselmo. A distinção entre ‘existir no intelecto’ e ‘existir na realidade’, e o princípio segundo o qual aquilo que existe também na realidade é ‘maior’ do que aquilo que (tem as mesmas qualidades mas) existe apenas no intelecto. As coisas que existem apenas no intelecto (i) não são imagens ou representações mentais (pois estas existem na realidade – ainda que sejam coisas mentais) e (ii) têm propriedades. Avaliação crítica da tese Meinonguiana de que há coisas que são de uma certa maneira, mas não existem.

A versão conceptual do argumento ontológico proposta por Descartes. Juízos analíticos e juízos sintéticos. Propriedades já incluídas num conceito vs. propriedades acrescentadas a um conceito. A alegação de que a existência é uma perfeição e, por isso, já está incluída no conceito de um ser sumamente perfeito. A crítica de Kant (Crítica da Razão Pura): “a existência não é um predicado real”. A visão quantificacional da existência (ou da existência como predicado de segunda ordem) de Frege-Russell-Quine.