Sumários

Deus (1)

14 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Argumentos tradicionais em defesa da existência de Deus: argumento ontológico, argumento cosmológico e argumento teleológico. O argumento ontológico de Anselmo de Cantuária (Proslogion, II). Deus concebido como “um ser maior do que o qual nada pode ser pensado”: se este ser existisse apenas no intelecto, poder-se-ia pensar um ‘maior’ do que ele. O argumento ontológico de Descartes (Meditações Metafísicas, 5ª Meditação). Deus concebido como “um ser sumamente perfeito”: se este ser não existisse, faltar-lhe-ia uma perfeição. A objecção de Gaunilo, segundo a qual o mesmo género de argumento poderia provar a existência de muitas outras coisas, como por exemplo de “uma ilha maior do que a qual nenhuma pode ser pensada”. Réplica: a ideia de “a ilha mais grandiosa possível” não é realmente coerente, uma vez que muitas qualidades que contribuem para a grandiosidade de uma ilha não têm um grau máximo.


Tempo (4)

12 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Discussão crítica e avaliação do argumento de McTaggart. Os dois pontos mais problemáticos do argumento: (i) não há mudança numa teoria-B do tempo; (ii) a série-A é contraditória. Aqueles que aceitam (i) tendem a favorecer uma teoria dinâmica, enquanto aqueles que aceitam (ii) tendem a favorecer uma teoria estática. O debate entre presentistas e eternistas exemplifica esta clivagem. A identificação de uma “falácia indexical” no argumento de McTaggart contra a coerência da série-A (J. Lowe): seria errado dizer, de um acontecimento presente, que foi futuro (ou “é futuro no passado”) e será passado (ou “é passado no futuro”). Todavia, a indexicalidade irredutível das expressões “passado”, “presente” e “futuro” parece favorecer antes uma teoria eternista. A possibilidade de viagens no tempo: um desafio para o eternismo. Distinção entre deslizamentos (time-slides) e saltos (time-jumps). Alguns exemplos geralmente aceites de deslizamentos para o futuro. As viagens no tempo envolvem uma divergência entre o “tempo pessoal” e o “tempo exterior”, mas não implicam que seja possível mudar o passado. Formas paradoxais de viagens no tempo para o passado: o caso do auto-infanticídio. Uma solução proposta para o paradoxo, com base na dependência contextual dos juízos de possibilidade (Lewis). Uma dificuldade para esta solução: a experiência mental de Horwich (‘instituto para o auto-infanticídio’) e o problema das ‘demasiadas coincidências’.


Tempo (3)

7 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

O argumento de McTaggart contra a realidade do tempo. A série-A e a série-B: duas maneiras de ordenar temporalmente acontecimentos. As propriedades-A (ser presente, passado e futuro) são transitórias, enquanto as relações-B (ser anterior, simultâneo e posterior) são permanentes. Discussão da primeira premissa: sem uma série-A não haveria tempo. As perspectivas contrárias de Aristóteles e de Shoemaker sobre se poderia haver tempo sem mudança. Uma tese mais fraca: não poderia haver tempo sem a possibilidade da mudança. McTaggart e a tese de que a possibilidade da mudança requer uma série-A. Reformulação do conceito de mudança numa teoria-B (defendida por Quine e Smart). Discussão da segunda premissa: qualquer série-A envolve uma contradição e é por isso impossível. Justificação desta premissa: cada acontecimento numa série-A tem de ter todas as propriedades-A, mas estas são mutuamente incompatíveis. A objecção óbvia de que a incompatibilidade desaparece se as propriedades-A forem possuídas sucessivamente. A resposta de McTaggart: a solução proposta introduz um regresso infinito vicioso.


Tempo (2)

28 Fevereiro 2019, 18:00 Ricardo Santos

A alegada incompatibilidade da teoria da relatividade restrita com o presentismo e com a teoria do bloco crescente. Possíveis respostas: acusação de verificacionismo; especulação sobre as implicações de uma futura teoria que unifique a relatividade geral com a teoria quântica. Uma teoria alternativa: o eternismo (Quine, Smart). As ideias centrais do eternismo: todos os tempos são igualmente reais; ‘presente’, ‘passado’ e ‘futuro’ são indexicais; uma linguagem cientificamente rigorosa deve eliminar os tempos verbais (deve ser tenseless, quer nas predicações quer na quantificação); a noção de existência é absoluta (nada começa a existir e nada deixa de existir); o espaço-tempo é um bloco tetradimensional; as coisas materiais são objectos tetradimensionais, que têm partes temporais; a passagem do tempo é uma ilusão. Dificuldades para o eternismo. (i) Se o futuro é exactamente como o passado, isso não implica o fatalismo? (ii) O eternismo implica que não há mudança genuína das coisas? (iii) Como explica o eternismo a aparente assimetria (ou direcção) do tempo e, em particular, da causalidade?


Tempo (1)

26 Fevereiro 2019, 18:00 Ricardo Santos

Problemas filosóficos a respeito do tempo. Como devemos representar o tempo? Representações circulares, em linha recta (finita ou infinita) ou sob a forma de árvore (‘tempo que ramifica’). As unidades do tempo: intervalos ou momentos instantâneos. Quanto dura o presente? Tempo discreto ou contínuo? A ontologia do tempo. A teoria presentista: só existem as coisas presentes (Prior, Markosian). O presentismo propõe uma visão dinâmica: o presente move-se, ou seja, diferentes presentes sucedem-se uns aos outros. A ideia intuitiva de que o futuro não é real (está em aberto) e de que as coisas passadas deixaram de existir, mas a maneira como foram não pode ser mudada. Uma alternativa ao presentismo: a teoria do ‘bloco crescente’, que diz que só existem as coisas passadas e as coisas presentes (Broad). Uma dificuldade séria para ambas as teorias: a teoria da relatividade restrita implica que a simultaneidade é relativa a um quadro de referência e que por isso não existe um presente objectivo, único e universal.