Sumários

Síntese do 1º módulo do programa

3 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Apresentação de uma síntese do que foi estudado até ao momento através de comentário a um powerpoint que os alunos encontrarão na plataforma Moodle e cuja leitura se aconselha.


Não houve aula

31 Outubro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Não houve aula


Ainda outro teatro quinhentista

27 Outubro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Ainda em vida de Gil Vicente começa a escrever-se, a publicar-se e a representar-se um teatro novo, que vem do estrangeiro em traduções ou imitações com origem em Itália e que é praticado na Universidade criada em 1527 e que reúne lentes (professores) muito conceituados: Diogo de Teive, André de Gouveia e Buchanan. Este escreveu uma tragédia chamada Jeftes e Baptistes e Diogo de Teive escreveu uma tragédia sobre David que foi representada em 1550 na presença de D. João III. 

Os jovens universitários conhecem estes textos e lêem a Arte Poética de Horácio em latim, porque o ensino era nessa língua - a língua culta da Europa de então - e alguns dos tragediógrafos gregos e latinos (Séneca foi muito importante) às vezes em adaptação. O teatro (lido, escrito e representado) é uma disciplina obrigatória a partir de 1546.
Dois nomes merecem destaque neste grupo de outros escritores de teatro: Sá de Miranda que além de poesia, escreveu as comédias Vilhalpandos e Os Estrangeiros, esta em 1528, portanto em vida de GV e que tem uma introdução de leitura obrigatória, onde a Comédia surge como figura que se apresenta aos espectadores, os colegas e professores da Universidade onde a peça foi representada. Trata-se de um objecto estranho, onde se percebe a adaptação do modelo da comédia humanista por sua vez imitação das comédias dos autores antigos Plauto e Terêncio.
O outro jovem estudante foi António Ferreira que não apenas escreveu comédias como o Ciosos, mas escreveu a mais importante tragédia de tema nacional - A Castro - adaptando a estrutura da tragédia grega à poesia.

Estes jovens recusavam evidentemente o modelo do auto, seguindo os preceitos de Horácio- 5 actos, coro, versos de dez sílabas (decassílabos), verso branco (sem rima), Mas ambos usavam a língua portuguesa e não o latim, procurando assim uma dignidade clássica para a língua portuguesa.


Teatro feito por outros além de Gil Vicente

24 Outubro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Carolina Michaelis de Vasconcelos e Luciana Stegagno Picchio foram ds estudiosas do teatro de Gil Vicente e do século XVI. A primeira chamou a outros autores contemporâneos ou posteriores a GV "Escola vicentina", dando a entender que esses outros autores se limitaram a seguir o modelo criado por GV. A segunda declarou qe com a morte de Gil Vicente tinha desaparecido o teatro português. Talvez nenhuma destas opiniões seja totalmente exacta: Outros autores fizeram teatro ao mesmo tempo que GV "escrevia os autos a el-rei" e faziam-no noutras circunstâncias e com outras características e depois da morte de GV prosseguiu a produção de teatro fora da corte até que, com a fusão das coroas portuguesa e espanhola depois da morte de D. Sebastião, o teatro espanhol se instala em Portugal.Recomenda-se a leitura de três autos: Natural Invenção de António Ribeiro Chiado (contemporâneo de GV), Santo António de Afonso Álvares e Escrivães do Pelourinho de autor anónimo. Essa leitura permite conhecer mais autores a escrever autos (vários com educação universitária e com cargos oficiais, como juiz desembargador) perceber que géneros de autos se produzia (sobre histórias de santos, sobre temas da actualidade), perceber através de Natural Invenção como eram as representações encomendadas, feitas e pagas por ricos comerciantes e nobres em suas casas (ou seja, fora da corte), a não existência de espaços teatrais próprios, mas a existência de teatro em conventos, palácios e tprovavelmente na rua, a existência de pequenas troupes que vendem os seus espectáculos compostos de cenas cómicas ou sérias, de figuras que conhecemos dos autos de Gil Vicente, de uma colagem de tipos de discurso como o pranto, a prece, o discurso de julgamento, a disputa etc.


Gil Vicente também foi um poeta

20 Outubro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Considerações acerca do chamado lirismo de Gil Vicente. Reconhecimento das características poéticas da sua escrita por vários estudiosos. Brancaamp Freire que lhe chama "trovador e mestre da balança", Paul Teyssier, Reckert, Cardoso Bernardes. É possível reconhecer nos autos a confluência do lirismo cortês (poesia trovadoresca), da poesia popular (de transmissão oral) e da poesia religiosa ou litúrgica. Da primeira reconhecem-se as composições dos poetas de corte patentes nos Cancioneiros e no de Garcia de Resende por exemplo; da segunda reconhecem-se os géneros populares das serranilhas, loas e baladas; da terceira recuperamos salmos, hinos, ladaínas e tropos, e excertos do cântico dos Cãnticos e do livro de Job.


Os autos são portanto também um tesouro poético que exemplifica toda a tradição peninsular nos seus diversos aspectos (popular, clerical e de corte).
 A dimensão retórica é de grande simplicidade usando Gil Vicente sobretudo a hipérbole e a metáfora (veja-se por contraste a retórica barroca, muito mais complexa). E as características versificatórias são: uso dominante da redondilha maior (verso de 7 sílabas) combinado com versos quebrados; versos de 11, 12 e 13 sílabas uado para falas oratórias ou para pôr a falar figuras da Bíblia. Assim consegue Gil Vicente contrastar os temas e situações profanas às sagradas, criar um ritmos coloquial em certos autos, facilitar a comunicação com o auditório e ser muito eficaz na construção das figuras pelos actores. Mas também se distingue pela beleza poética de certos efeitos linguísticos que consegue pelo contraste entre palavras, e na sugestão de sentidos.