Sumários

Não houve aula

21 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Não houve aula.


O actor e o seu lugar no teatro e na sociedade oitocentista

17 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Os actores começam rapidamente a rivalizar com os dramaturgos a partir dos anos 50 do século XIX, em busca de prestígio social e de melhores condições de trabalho. Os teatros e os seus empresários e directores precisam de dramaturgos que escrevam peças que possam ter sucesso e tragam receitas de bilheteira (porque não há subsídios, ou em certos momentos ao longo do século apenas o D. Maria Ii e o S. Carlos os receberão), precisam ainda mais de actores. Começa a invenção social do actor-vedeta que usa do seu impacto junto do público (utilizando a fotografia recém-criada, os jornais que se tornam veículo de modernização e civilização) para construir o seu estatuto social e para discutir condições de trabalho. O desempenho do actor deste período está de acordo com o tipo de peças que os autores escrevem para os teatros, às vezes para certos actores mais aclamados. Actores e dramaturgos seguem os modelos franceses dos "emplois", ou seja cada actor desempenhavam um papel determinado, às vezes toda a sua vida /ler texto Memoráveis actores na plataforma Moodle).A crítica nos jornais tem um papel muito importante neste sistema teatral que assenta no teatro como negócio, onde a sobrevivência de actores, companhias, empresas dependia do sucesso. O teatro era um negócio que fazia viver muita gente para além dos actores e que constituía, apesar da instabilidade permanente, um domínio económico importante.Leitura de algumas notícias publicadas em jornais da época. Mais exemplos na Hemeroteca digital (A ilustração, Revista Universal Lisbonense, O jornal do Conservatório, O Ocidente). 


A escola francesa na base do teatro português moderno

14 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Entre 1835 e 1837, uma companhia de teatro francesa instala-se em Lisboa no teatro da Rua dos Condes e representa em Francês um reportório de peças de autores franceses que tinham grande sucesso em França nessa altura. Algumas dessas peças correspondiam a um género de teatro que começara a ter sucesso em Paris no final do século XVIII - o melodrama - que correspondia a uma ruptura com o teatro clássico (tragédias de Voltaire, comédias de Molière e dos seus sucessores) e que juntava temas e figuras da actualidade, que espelhavam os valores da burguesia (classe que se tornará dominante depois da Revolução Francesa dos anos 90 do século XVIII) assentes na harmonia familiar, no amor e no sentimento, na busca da felicidade. Esses "dramas burgueses" como lhes chamou Diderot anos antes, exigem um tipo de actuação diferente, mais expressiva e a coexistência do cómico e do trágico dando assim a imagem da complexidade do psiquismo humano. O exemplo para estes autores que precedem o Romantismo e para os românticos depois é Shakespeare. Os melodramas desenvolvem essa mistura do trágico e do cómico em cenas de alguma violência e em personagens de sensibilidade extrema (os maus e o bons opõem-se e lutam pelo poder e pela sobrevivência). São em 5 actos e várias cenas e têm uma característica épica (quer dizer, narrativa como se representassem uma história de várias personagens e suas aventuras, à semelhança do romance). O melodrama está ainda hoje vivo nas telenovelas. 
O público português desse início do século XIX, tempo de convulsões sociais e políticas, vai entusiasmar-se com os melodramas que Émile Doux, Paul e os actores da companhia francesa lhes apresentam. E quando a companhia regressa a França Doux e Paul ficam, para criar um companhia portuguesa com jovens actores a representar esse repertório francês agora em tradução. São estes dois homens que irão formar os novos actores que Garrett quer que venham a constituir a companhia do futuro teatro nacional. Paul será também professor no Conservatório. Eram os melodramas e algum repertório original português que subia à cena dos dois teatros em funcionamento e depois à cena do Teatro de D. Maria II. Mas para alimentar a actividade dos teatros que a partir de 1846 foram sendo construídos (Ginásio, D. Fernando, Trindade) era preciso traduzir muito teatro estrangeiro, sobretudo francês. Aliás, uma ida ao teatro permitia ver uma peça principal (drama) e outras peças, mais curtas às vezes num acto de género diferente. Ir ao teatro é uma acto social, de convívio, daí a arquitectura do interior do Teatro Nacional D. Maria II em ferradura, para que as pessoas pudessem ver-se umas às outras e confraternizar nos intervalos. (Ler Pensar é Morrer de Mário Vieira de Carvalho, acerca do Teatro de S. Carlos).


Os três pilares da reforma do teatro

10 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

A criação do Conservatório Real de Arte dramática e a preparação do actor para a boa elocução (Recta pronúncia era uma das disciplinas ensinadas) de um novo reportório. A dignificação do teatro através da dignificação do estatuto social do actor; o papel do actor na transmissão de valores e modelos de comportamento através do seu desempenho em cena. A criação da Inspecção Geral dos Espectáculos (Garrett foi o primeiro Inspector-Geral) a quem competia apreciar a nova produção dramática que era apresentada a concurso, a distribuição de subsídios aos dois teatros em funcionamento (Teatro da Rua dos Condes e Teatro do Salitre) mediante certas obrigações, uma das quais era levar à cena 6 peças de autor nacional) e a fiscalização do funcionamento dos teatros. Criação de um edifício teatral construído de raiz e moderno, que fosse símbolo da nação e que apresentasse os melhores espectáculos pelos melhores actores para um público constituído pela melhor sociedade da burgeusia emergente. O Teatro Nacional D. Maria II foi inaugurado em 1846 (abriu as portas um ano antes para festejar um aniversário do príncipe D. Fernando). A sua construção esteve envolto em polémicas permanentes (Ler O teatro no tempo de Almeida Garrett e Teatro Nacional D. Maria II Sete olhares sobre o teatro da nação).

Além destes três elementos, a escrita de peças que seguissem o modelo do drama romântico criado em França por Victor Hugo, Alexandre Dumas) era um dos propósitos desta reforma liderada por Garrett e pelos seus companheiros Alexandre Herculano, os irmãos Castilho, Gomes de Amorim, Mendes Leal etc. Leitura de Um auto de Gil Vicente, através da qual Garrett procurou dar o exemplo e de Os dois Renegados que mostram a tendência para o melodrama.. 


A reforma do Teatro na primeira metade do século XIX

7 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Início do 2º módulo de trabalho dedicado á criação do teatro moderno em Portugal no século XIX. Antecedentes a partir dos anos 70 do século anterior: 1) intervenção do poder político nas práticas públicas de teatro e ópera através da criação da Sociedade para a subsistência do teatro público em 1771 por um grupo de indivíduos próximos do marquês de Pombal e apoiantes da sua política de mercantilismo e modernização; 2) tentativa de criação de um repertório de peças de teatro inspiradas pelo modelo da tragédia e da comédia clássicas francesas e italianas visando dignificar a língua e a literatura portuguesas (iniciada com os escritores da Arcádia Lusitana). Retrocesso nesta orientação por causa da acção da censura (Real Mesa Censória) e da proibição da presença de mulheres em cena e nos teatros (decisão de D. Maria I). Recomenda-se a consulta de documentos da censura e pedidos de autorização por parte dos empresários na base de dados HTP (página do Centro de Estudos de Teatro).O quadro político e social das primeiras duas décadas do século XIX: partida da corte para o Brasil, invasões francesas e guerras liberais (anos 20) pela conquista pelo Poder. Início do reinado de D. Maria II e início de reformas (da educação em 1836) no sentido da modernização do país. A acção de Almeida Garrett na reforma do teatro: o teatro ao serviço de um programa político de criação de uma nação (consultar o Dicionário do Romantismo para saber mais sobre os ideais românticos e o nacionalismo) e de civilização da sociedade. Leitura da Introdução ao drama Um auto de Gil Vicente de Almeida Garrett.