Sumários

Neoplatonismo

14 Outubro 2021, 09:30 Angélica Varandas

O neoplatonismo e seu cruzamento com outras doutrinas: neopitagorismo, gnosticismo, hermetismo e maniqueísmo.


Inscrever Deus no Espaço e reconhecê-lo no tempo: a inteligibilidade do mundo e da história.

12 Outubro 2021, 15:30 Rodrigo Furtado


  1. A representação do espaço no mundo antigo.
    1. Concepção aristotélica: o museu de Alexandria;

                                               i.     A esfericidade da terra: o cálculo da circunferência por Eratóstenes (s. II a.C.);

                                              ii.     Os três continentes do hemisfério norte; o desconhecimento do hemisfério sul.

                                             iii.     Os mapas: Eratóstenes, Ptolemeu; a Geografia física e etnográfica: Plínio-o-Antigo.

                                             iv.     Objectivos: ciência mensurável; vivência prática e utilitária do espaço.

    1. Concepção platónica/‘romana’: a terra como metáfora.

                                               i.     Representação da terra como um plano circular;

                                              ii.     Centro: 3 continentes; Mediterrâneo: centro geométrico; Roma: centro do Mediterrâneo = centro do mundo; o oceano.

 

2.     Triunfo da concepção romana a partir da Antiguidade tardia.

a.      O contexto: o triunfo de ‘Platão’ sobre Aristóteles = triunfo do Cristianismo. O que é a realidade?

b.     O espaço como reflexo da vontade de Deus;

                                               i.     A intervenção de Deus no espaço como criador e como actor;

    1. Triunfo de uma concepção simbólica do espaço: qualitativa e não quantitativa:

                                               i.     Espaço não é entendido como valor quantitativo, relacionado com a distância a percorrer

                                              ii.     Natureza: conjunto de símbolos decifráveis; livro onde se podem ler os sinais da obra divina;

                                             iii.     Símbolos: compreender quem é Deus. Geometrização/esquematização do espaço.

d.     Racionalidade interna do sistema e os princípios do conhecimento clerical: acreditar + compreender aquilo em que se acredita.

 

3.     A tendência para a geometrização das formas de representação da realidade.

600px-Diagrammatic_T-O_world_map_-_12th_c.jpg s. XII

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- Colagem estrita à representação bíblica do mundo;

- Jerusalém no centro: junção dos três continentes;

- Interpretação bíblica do espaço terrestre:

-       Círculo: perfeição divina;

-        T: prefiguração da cruz; aponta para a Ressurreição

 

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO TERRESTRE:

                  - Anunciaria desde sempre:

                                                     - marca do Criador

                                                     - redenção

           - Permitiria detectar sinais da presença de Deus.

 

 

4.     O tempo histórico.

6.1   Visões clássicas do tempo:

6.1.1        O pessimismo histórico hesiódico;

6.1.2        O tempo cíclico: tempo histórico e tempo natural;

6.1.3        As intervenções dos deuses e a ausência de plano;

6.2   A (re)fundação cristã:

6.2.1        O nascimento de Cristo;

6.2.2        A Parúsia;

6.2.3        O Antigo Testamento e a Criação do Mundo.

6.3   A coincidência Cristo/Augusto: Pax Romana=Cristianização. Os Christiana Tempora. A felicidade do presente.


Neoplatonismo

12 Outubro 2021, 09:30 Angélica Varandas

O neoplatonismo: o pensamento de Orígenes, Santo Agostinho de Hipona e Pseudo-Dionísio, o Areopagita. 


Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’ (cont.). A cristianização do eremitismo pagão: o microcosmo monástico e a configuração da sociedade cristã

7 Outubro 2021, 15:30 Rodrigo Furtado

1.     Jerónimo e as ambiguidades de um mundo que está a aprender.

a.      o círculo feminino de Jerónimo.

b.     A tradução da Vulgata.

c.      Ciceronianus, non Christianus

 

Jerónimo, Epístola XXII a Eustóquio, 30: ‘Há já muitos anos, embora tivesse, por causa do Reino dos Céus, cortado todas as relações com a minha casa, os meus pais, irmã, parentes e, o que é mais penoso do que isto, com o hábito dos lautos banquetes [...], não podia passar sem a biblioteca que coligira para mim, em Roma, com grande zelo e trabalho. Assim eu, infeliz, antes de ler Cícero, jejuava. Depois das ininterruptas vigílias nocturnas [...], tomava Plauto nas minhas mãos. Se porventura, caindo em mim, começava a ler um profeta, a linguagem rude horrorizava-me [...].

Quase a meio da Quaresma, uma febre, infundida nas minhas entranhas mais recônditas, invadiu o meu corpo esgotado e, sem qualquer descanso [...], devorou os meus infelizes membros ao ponto de eu mal permanecer preso aos meus ossos. [...] De repente, arrebatado em espírito, sou arrastado até ao tribunal do Juiz, onde era tanta a luz e tanto o brilho oriundos do esplendor dos que se encontravam de pé ao meu redor, que, lançado por terra, não ousava olhar para cima. Interrogado acerca da minha condição, respondi que era Cristão. Mas aquele que presidia disse: «Mentes. És Ciceroniano, não Cristão; «onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração» [Mat. 6, 21].

                  Calei-me de imediato e, entre vergastadas – efectivamente, tinha ordenado que eu fosse flagelado – era ainda mais torturado pelo fogo da minha consciência, reflectindo para comigo naquele versículo, ‘no inferno porém, quem te louvará?’ [Ps. 6, 6b]. Comecei então a gritar e a dizer entre lamentos: ‘Tem piedade de mim, Senhor, tem piedade de mim’ [Ps. 56, 2]. [...] Fui libertado, voltei à superfície e, perante a admiração de todos, abro os olhos, inundados por uma tamanha chuva de lágrimas que convenciam da minha dor os incrédulos. [...] A partir de então li os livros divinos com um empenho maior do que aquele com que antes tinha lido os livros dos mortais.

 

2.     A vitória do Cristianismo

a.      As dificuldades de implementação.

b.     a proibição aos cristãos de participarem nos ritos e sacrifícios cívicos (321 d.C.);

c.      Edicto de Constante (ou Constâncio II) (341): cesset superstitio, sacrificiorum aboleatur insania/cesse a superstição e que a insânia dos sacríficos seja abolida  (cod. Theod. 16.10.2): a proibição dos rituais da religio.

d.     Notícias esporádicas de conflito; mas ausência de uma política consequente até à época de Teodósio; mesmo depois, não há uma perseguição massiva;

e.      Teodósio e o edicto de Tessalónica (380).

f.       Teodósio e o edicto de 391: a ilegalidade dos templos pagãos.

                                               i.     A extinção do fogo do Templo de Vesta e a proibição das Vestais;

                                              ii.     A proibição da religião familiar;

                                             iii.     O abandono/destruição dos templos?

 

3.     As destruições:

Gália: 2,4% templos destruídos;

Norte de África: apenas destruições em Cirene;

Ásia Menor: apenas um exemplo de destruição;

Grécia: apenas um exemplo de destruição (pelos Godos de Alarico);

Itália: apenas um exemplo de destruição;

Britânia: três exemplos de destruição;

Egipto: sete exemplos de destruição;

Síria-Palestina: vinte e um exemplos de destruição

TOTAL: 43 destruições

 

 

A cristianização do eremitismo pagão:

o microcosmo monástico e a configuração da sociedade cristã

 

  1. A filosofia pagã dos séculos I-IV d.C.: filosofia e modo de vida.
    1. Pitagóricos; Estóicos; Neo-platónicos: a contemplação do Uno e a fuga ao mundo distractivo;
    2. Ataraxia (tranquilidade); ascetismo (ἄσκησις: treino, exercício do gymnasium); mortificação; purificação; contemplação;
    3. A fuga à cidade; a fuga à política; a fuga ao artifício; a fuga ao mundo material; o eremitismo (ἐρημίτης: o que vive no deserto)/anacoretismo (ἀνακορέω: retirar-se) pagãos.

 

2.     Antão (ca. 251-356).

a.      o controlo de si tão caro aos filósofos: o deserto como o lugar da luta contra as tentações; o controlo do corpo e das paixões;

b.     a atracção: os seguidores do deserto – discipulado, peregrinações e aldeamentos.

 

3.     O anacoretismo.

a.      A expansão do modelo de Antão e as comunidades de anacoretas: Pacómio (†348) e a ‘vida comunitária’: o nascimento do cenobitismo.

b.     Jerónimo e o ascetismo em Roma e na Palestina.

c.      O monaquismo episcopal e os precedentes das comunidades de canónigos regulares.

                                               i.     Martinho de Tours; Ambrósio de Milão; Agostinho de Hipona; Isidoro de Sevilha;

 

4.     A partição do espaço humano: a pureza como critério.

4.1   Jerónimo (ca. 347-420).

a.               Virgens; continentes; casados.

b.              Ausência de critério económico, sociológico ou funcional: oposição espírito/carne. O ascetismo de Jerónimo e a concepção monástica do mundo.

5.     A partição do espaço humano: a sociedade cristã.

5.1   Gregório Magno (ca. 540-604): Bispos; monges; casados: a totalidade da ecclesia

 

6.     A partição do espaço humano: a sociedade móvel universal.

6.1   Ps. Dionísio Areopagita (s. VI).

a.               Concepção da sociedade terrestre que duplica a sociedade celeste de forma perfeita e rigorosa.

b.              Dizer hierarquia é dizer uma ordenação perfeitamente santa: Por isso, toda a ordenação/hierarquia é trenária – submetida ao mesmo princípio que preside à constituição da Santíssima Trindade!

c.               Sociedade Celeste: 3 tríades

Serafins                                   Domínios                                                  Principados

Querubins                              Virtudes                                                     Arcanjos

Tronos                                     Potestades                                                Anjos

d.              Sociedade Humana: 2 tríades (porque ainda imperfeita)

Bispos                                      Monges

Sacerdotes                              Penitentes            

Diáconos                                  Fiéis

e.               Concepção Ascensional e de Continuidade: pode-se partir do ponto mais baixo e atingir o ponto mais alto da Sociedade Celeste. Não há ruptura entre as duas sociedades: contacto directo entre os Bispos e os anjos.


O neoplatonismo.

7 Outubro 2021, 09:30 Angélica Varandas

Origens e características do neoplatonismo.
Aula leccionada pela Professora Filipa Afonso.