Sumários

Questões de hibridismo e miscigenação na arte portuguesa: as artes do antigo Império colonial português.

27 Novembro 2017, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Caracterização geral, em termos morfológicos, estilísticos e contextuais, da arquitectura, do urbanismo e das artes de equipamento (pintura, escultura, talha e outras artes de decoração) nos territórios do antigo Império português (Índia, África, Brasil). Estudo de casos artísticos representativos em vários períodos da expansão portuguesa, dando especial atenção às suas características de expressividade e originalidade e ao carácter de miscigenação e hibridismo de formas, culturas e religiões distintas. Desenvolvimento de práticas de investigação sob ampla contextualização para clarificação de objectivos, no quadro da preparação de uma tese de doutoramento, em perspectivas multidisciplinares e em visões globalizantes.   

Conceitos de arte miscigenada e hibridismos culturais. A arte luso-asiática: Goa, ‘Roma do Oriente’ e a produção no Estado Português da Índia nos séculos XVI e XVII. O ambiente de miscigenação artística. A escultura e a imaginária luso-indiana: o marfim. A arte mogol: cruzamentos de influências. Os tapetes persas. A chinoiserie no Barroco nacional. A porcelana chinesa de exportação. Os biombos a arte nan-bam. Arte luso-brasileira. A fortificação militar e o urbanismo. A imagem do índio brasileiro. A arquitectura ‘chã’. O Barroco: a talha dourada e a pintura ilusionística. O Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde. Políticas de renovação, conservação e restauro. As coleções, os temários exóticos e orientalistas. A arquitectura militar e civil em Marrocos no século XV. A decoração mudéjar e o hispano-mourisco na arte portuguesa: modelos e transmigrações. Arte afro-portuguesa, têxteis e marfins do Benim e Senegâmbia. As influências de «retorno». 


BAILEY, Gauvin, 2001, Art on the Jesuit Missions in Asia and Latin America, 1542-1773, Toronto.

BAZIN, Germain, 1963, Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil, Rio de Janeiro.

CARITA, Hélder, 2008, Arquitectura indo‑portuguesa na região de Cochim e Kerala, Fundação Oriente.

CURVELO, Alexandra ed alii, 2008, Presença Portuguesa na Ásia, Fundação Oriente.

FLORES, Jorge, 1998, Os Construtores do Oriente Português, CNCDP.

MATTOSO, José (coord.), 2010, Património de Origem Portuguesa no Mundo, FCG.

OLIVEIRA, Myriam, 2003, O rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus, São Paulo.

TEIXEIRA, Manuel, Valla, Margarida, 1999, O Urbanismo Português. Portugal-Brasil, Lisboa.

THOMAZ, Luís Filipe Reis, 1993, De Ceuta a Timor, Difel.


Teste (1ª chamada)

23 Novembro 2017, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE METODOLOGIA DE HISTÓRIA DA ARTE

Licenciatura em História da Arte (1ª chamada) 23 de Novembro de 2017, 10-12 h. Docente: Prof. Vitor Serrão

                                                                                     I

Leia atentamente as seis seguintes questões e responda de modo claro, com adequada exposição, em bom português (e caligrafia legível !), com bom domínio de análise e com recurso a exemplos se e quando for necessário, a apenas TRÊS delas:

1.      Defina em linhas gerais o que entende por Fortuna Histórica, Fortuna Crítica e Fortuna Estética, etapas fundamentais na organização, estruturação e faseamento de qualquer pesquisa em História da Arte, tendo como objectivo perceber a obra artística em apreço e explicá-la o melhor possível.

2.      Em que consiste a vertente da nossa disciplina a que podemos chamar a Cripto-História da Arte e qual a sua utilidade no estudo integrado do Património artístico, em casos de devastação natural, de maus restauros, de incúria, ou de atentados iconoclásticos ? Dê exemplo adequado.

3.      Defina o conceito de scintilla divina utilizado por Léon Battista Alberti na sua célebre tratadística e explique a importância prática que auferiu na consciencialização estatutária dos artistas a partir do século XV.

4.      De acordo com o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a História da Arte e a Crítica de Arte constituem parcelas do mesmo corpo analítico e não é possível vê-las como dimensões diferentes. Qual a sua opinião a este respeito ? Será que todas as obras de arte são mesmo, dentro das suas características de identidade, trans-contemporâneas

5.      Defina em breves palavras os conceitos de Iconografia, Iconologia e Icononímia. Em que consistem e qual a utilidade que assumem no nosso trabalho de análise da arte ?

6.      Entre os novos ‘géneros literários’ que nascem com o Renascimento no mundo das artes, que se entende por parangona ? Dê um exemplo.

                                                                                      II

Desenvolva e comente, com a maior clareza e objectividade, num discurso estruturado e fluente, e recorrendo a factos e exemplos adequados sempre que necessário, UM dos dois seguintes temas:

1.                  O estatuto social de artista nasceu em circunstâncias especiais – históricas, socio-culturais, tratadísticas, económicas, artísticas – no início do século XV, com o Renascimento e o Humanismo, mas só foi verdadeiramente sedimentado, entre nós, no pleno século XVI. Comente a carta dirigida ao rei D. Sebastião pelo pintor Diogo Teixeira em 1577, à luz da sua argumentação, e explique o modo como tal estatuto laboral se reflectiu na prática dos artistas portugueses pela reivindicação da liberalidade criadora. A carta afirma, entre outras coisas, o seguinte: «Diz dioguo Teixeira, caualeiro da casa do Snor Dom Antonio, que elRei vosso avô, não sendo a arte da Pintura então da calidade em que ora está, (…) anexou individamente os pintores à Bamdeyra de Sam Jorge… como se fossem mecaniquos, quando he uma arte iminente asi dos antíguos, e com numeada antre as liberais em todos os tempos, e celebrada por reis…, e assim, havendo respeito ao sobredito, e por ser hum dos milhores oficiais de imaginarya de olio que há nestes Reynos, pede a S. M. o isente dos serviços a prestar à dita Bamdeira (…)».

2.                  Como afirmou o historiador de arte e iconólogo alemão Aby Warburg (1866-1929), «a História da Arte é a investigação orientada e inter-disciplinar que pretende atingir o entendimento globalizante (estético, histórico, ideológico, contextual, trans-contextual) das obras de arte à luz da compreensão dos seus ’pontos de vista’ intrínsecos, isto é, das condições culturais, políticas, socio-económicas, laborais, perdurações, continuidades, ideologias – ou seja, o entendimento iconológico das obras». Comente o texto, à luz da nossa disciplina, enfatizando a utilidade de que se reveste para analisar melhor as imagens da arte.


Inovação e resistência na arquitectura portuguesa do século XVI: entre moderno, antigo e vernáculo.

20 Novembro 2017, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Arquitectura portuguesa no século XVI.

Balanço sobre a existência de uma grande arquitectura portuguesa para além do ‘Manuelino’, tal como foi pressentida por Germain Bazin, Mário Chicó e Carlos de Azevedo, antes da saída do célebre livro de Kubler (1972) que definiu um estilo chão português, original solução vernácula do ‘modo de construír‘ português. A arquitectura e urbanismo português definem-se pela escala singela, perduração de módulos referenciais, apego à longitudinalidade no perfil, valorização da praça como centro comunitário, ortogonalidade irregular – isto é,  um estilo vernacular e lírico (como o definiu Yves Bottineau ), com peculiar gosto pelo decorativo, o uso dos materiais pobres, a visão da engenharia militar, poder de miscigenação com formas locais, e constante referenciação ao mar e à viagem como marcas de pluri-continentalidade. Exemplos de arquitecturas de tipologia portuguesa tardo-gótico de inspiração alentejana: Capela de São Sebastião do Alvito (Portugal), 1ª metade do séc. XVI; igreja do Priorado do Rosário de Goa (Índia), c. 1540, arq. Tomás Fernandes; e castelo-fortaleza de Gondar (Etiópia), esta já de final do século XVI.

A paisagem construída no Portugal quinhentista, tanto no caso da arquitectura sacra como na militar ou civil,  no espaço metropolitano e nos de expansão ultramarina, na obra real e na arquitectura imaginizada, é enriquecida por uma grande variedade de soluções, tanto a nível da morfologia de traças como no das linguagens de decoração.   Tal facto, que é facilmente verificável por uma análise de conjunto e pelo cotejo de estilemas, mostra as peculiaridades de uma realidade artística em que antigo e moderno, tradição vernácula e inovações tratadísticas, resistência de módulos e rupturas espaciais, coabitam nas encomendas e nos empreendimentos, sejam obras religiosas ou aristocráticas, entre o Gótico tardio, o ‘manuelino’, o Renascimento, o Maneirismo, o ‘estilo chão’, e outras expressões e estilemas de construção.


Um balanço da matéria dada nos pontos 1, 2 e 3 do Programa. A Literatura artística entre a Idade Médias e o tempo do Humanismo.

16 Novembro 2017, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Discussão e balanço sobre as questões metodológicas dadas até à data na disciplina, com esclarecimentos.

Destaque à matéria ligada à Literatura artística, entre os manuais medievos e os novos 'géneros' que despontam com o Renascimento.


Sobre a Arte da Escultura.

13 Novembro 2017, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

A Escultura de Miguel Ângelo, entre o Renascimento e o Maneirismo. Em vida foi considerado o maior artista do tempo; chamavam-lhe o Divino e ao longo dos séculos

até os dias de hoje foi sempre tido na mais alta conta. Faz parte do reduzido grupo de artistas de fama universal, protótipo dos génios. Michelangelo foi um dos primeiros

artistas ocidentais a ter sua biografia publicada ainda em vida. A sua fama de águia das artes era tamanha que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo, sobrevivem muitos registos sobre a sua carreira e a sua personalidade, e os simples esboços de suas obras  eram tidos como relíquias por uma legião de admiradores.  Para a posteridade Michelangelo permanece como um dos  poucos artistas aptos a expressar a experiência do Belo, do Trágico e do Sublime numa dimensão cósmica e universal. Um balanço sobre a obra escultórica do artista, nas suas diversas fases, entre a formação florentina, os sucessos juvenis, e o apogeu romano. O Sublime e o Aurático no seu nível mais elevado mostram como a nobre arte da Escultura atinge com Michelangelo um grau de qualidade inventiva nunca superado, antes ou depois dele.