Sumários
A quem pertence o Planeta que habitamos?
29 Março 2019, 14:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
6ª FEIRA 9ª AULA
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Saída de Campo – Assistência ao ensaio de A Parede de Elfriede Jelinek, com encenação de Alexandre Pieroni Calado e representação de Paula Garcia. Latoaria (Escadas do Monte, nº 9), das 19:30 às 21:30. O ensaio foi seguido de discussão com os espectadores.
A aula de hoje destinou-se exclusivamente ao aluno Andrés Jurado. Alguns dos seus colegas encontram-se fora do país em investigação, como é o caso de Marineide Câmara em São Luis do Maranhão, Brasil, e de Fabiana Mercadante em França. Sajjad Yarifiroozabadi está em Paris por motivos particulares. Isabel Telles de Menezes e Rita Miranda não estiveram presentes por razões profissionais.
Andrés Jurado propôs para discussão um novo elemento de trabalho – o filme documental Petropolis: Aerial Perspectives on the Alberta Tar Sands de Peter Metller (2010).
https://www.youtube.com/watch?v=agwTige0dqQ
Em aula pudemos ainda ver três outros pequenos vídeos sugeridos pelo aluno. Foram eles:
Powers of Ten (1977), é uma curta-metragem realizada por Charles e Ray Earns, a partir da perspetiva que explora a escala relativa do Universo em função da sua magnitude. A obra cinematográfica baseia-se no livro Cosmic View (1957) do escritor holandês Kees Boeke. O pequeno filme mostra-nos a expansão e a compressão do Planeta a partir de uma cena de picnic de um casal numa pequena ilhota no meio de um rio. Viajamos de forma muito rápida a partir dessa cena de quotidiano em direcção ao Universo e regressamos ao mesmo ritmo de novo à Terra até ser alcançada a mais ínfima estrutura, a de um átomo.
O segundo vídeo, Cosmic Zoom (1968) é também uma curta-metragem dirigida por Eva Szasz e produzida no Canadá. Ela descreve o tamanho relativo de tudo o que existe no universo e de que temos conhecimento, através de imagens de animação.
Com estes dois vídeos, Andrés Jurado procurou defender uma certa ideia do sentido de prioridade a partir das relações espaciais na organização de uma cartografia como processo de montagem de conhecimento. Considerámos que a relativização da organização espacial resulta não apenas de um treino do olhar, mas igualmente do reconhecimento das relações que se podem estabelecer e se estabelecem entre os diversos objectos em análise. No caso particular do filme de Peter Mettler o acesso ao espaço faz-se de uma exclusiva perspectiva aérea.
Junta-se a estas duas curtas-metragens o filme já mencionado de Peter Metller, um precioso instrumento de trabalho por diversas razões.
A saber: trata-se de um filme documental sobre a destruição de uma parte do Planeta (Alberta Tar Sands - As areias betuminosas de Alberta, Canadá), onde existe uma gigantesca reserva de petróleo bruto que tem nos EUA o primeiro comprador. Estranho negócio que polui toda uma extensão natural de muitíssimos hectares e que Metller dá a ver do ponto de referência ecológico mas também de uma perspectiva estética que por isso, confunde o observador. A paisagem-panorama progride diante dos nossos olhos a partir da organização de grandes planos para o mais ínfimo pormenor, desenhando-se uma cartografia do lugar que nada deixa por mostrar. De um certo ponto de vista, o início do filme explora a paisagem difusa como se esta tentasse interpelar-nos na sua ancestralidade. Viajar no presente de cada espectador adquire um significado com maior dimensão e espessura acerca do intocável e do inominável. A cartografia proposta pelo realizador do filme documental transforma os seus travellings numa progressão reconhecível perante os nossos sentidos e desenha com a câmara a relação alternada entre o todo e as partes, por um lado, e, por outro, entre a paisagem natural e a paisagem industrial. Filmado em blocos que se constituem como abertura e fechamento de espaços seleccionados, Petropolis recria uma estética das formas operadas em gesto de repetição. Nessa perspectiva podemos entender a escolha da música de fundo como combinatória da mesma opção de filmar como reverberação.
O filme de Metller opta por não mostrar directamente o ser humano en acção. Sabemos que ele está presente porque vemos circular veículos no espaço das areias betuminosas de Alberta. Em todo o filme apenas um homem atravessa a paisagem em diagonal numa casual deslocação em direcção, supõe-se, a um veículo. Não lhe vemos o rosto, apenas o corpo com fardamento próprio da empresa que o contrata. Alguns minutos depois recebemos uma sequência de imagens de um gigantesco esgoto a céu aberto. Sem subtileza mas essencialista, Petrópolis deveria ser um filme básico em escolas.
A natureza conspurcada pela mão humana já se revolta há muito com o tratamento que recebe. Quem se interessa por um filme como este? Ecologistas, sem dúvida, amigos da Natureza, mas por certo também aqueles que vislumbram do ar como se monta conhecimento, independentemente ou não da sua condição e do seu valor éticos, estéticos e preservadores do ambiente. Esta específica cartografia conjuga através do filme espaço natural, paisagem e espaço industrial. O que com ela podemos fazer pouco mais é do que reforçar a nossa consciência (e neste caso apenas isso) de que o homo faber leva a melhor sobre o homo figurans (Eugenio Turri, 2011: 169)
Andrés Jurado mostrou, ainda em aula, o terceiro curto vídeo de actuação do Living Theatre - Paradise Now (1968-69) em tournée pelos EUA. A salvação do Planeta nessa época adquire através deste exemplo um carácter messiânico com grande performatividade mas também espírito ingénuo. E a ingenuidade alcança o nosso discernimento porque o efeito de aprendizagem não resultou
https://www.youtube.com/watch?v=jF7_BdHi_NA
Aulas previstas em Março – 5 |
Aulas dadas em Março – 5 |
Saídas culturais - 2 |
Dramaturgia Portuguesa do Século XXI
22 Março 2019, 14:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
Saída geral de campo: Atiro-me de Cabeça Contra a Parede e Desapareço
(Mesa-Redonda)
Com Anabela Mendes, Vera San Payo de Lemos, Bruno Monteiro
A Morte e a Donzela – Dramas de Princesas
Lançamento do livro
Goethe-Institut. Lisboa, 21 de Março, 2019, 18:30-20:30
Tal como estava previsto, estivemos presentes no Seminário de Doutoramento em Estudos de Teatro PET, durante o qual a aluna Isabel Telles de Menezes apresentou o seu documento intitulado Dramaturgia Portuguesa do século XXI e que constitui a sua fundamentação teórica actual com vista à escrita da dissertação de doutoramento posterior.
A aluna apresentou várias questões em torno de: teatro pós-dramático, importância ou não do texto para o espectáculo, razões para o seu “exílio”, quando não levado a cena, o papel do autor dramático na criação de um espectáculo contemporâneo, a função do encenador neste contexto e seu relacionamento com o autor dramático, ser autor dramático directamente para cena, acumular ou não essa função com a de encenador.
Sendo a aluna uma profissional do direito (advogada) colocou-se-lhe a questão dos Direitos de Autor e Direitos Conexos, invocando o Artigo 113º do respectivo Código, em que se afirma o seguinte:
1 - Do contrato de representação derivam para o autor, salvo estipulação em contrário, os seguintes direitos:
a) De introduzir na obra, independentemente do consentimento da outra parte, as alterações que julgar necessárias, contanto que não prejudiquem a sua estrutura geral, não diminuam o seu interesse dramático ou espectacular nem prejudiquem a programação dos ensaios e da representação;
b) De ser ouvido sobre a distribuição dos papéis;
c) De assistir aos ensaios e fazer as necessárias indicações quanto à interpretação e encenação;
d) De ser ouvido sobre a escolha dos colaboradores da realização artística da obra;
e) De se opor à exibição enquanto não considerar suficientemente ensaiado o espectáculo, não podendo, porém, abusar desta faculdade e protelar injustificadamente a exibição, caso em que responde por perdas e danos;
f) De fiscalizar o espectáculo, por si ou por representante, para o que tanto um como o outro têm livre acesso ao local durante a representação.
2 - Se tiver sido convencionado no contracto que a representação da obra seja confiada a determinados actores ou executantes, a substituição destes só poderá fazer-se por acordo dos outorgantes. (Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos).
Nem todos estes aspectos foram alvo de discussão mas na generalidade do articulado destacou-se o peso do papel do autor dramático sobre o do encenador que nos pareceu obviamente desproporcionada. Nenhum encenador consulta este código, nem tem de o fazer, e na prática da criação artística o relacionamento entre pessoas de áreas especializadas e que dizem respeito à construção do espectáculo faz-se na base da colaboração e não da imposição de modelos ou pontos de vista.
Isabel Telles de Menezes teve à sua volta um grupo de interlocutores muito empenhados nas questões apresentadas e
que contribuíram com as suas intervenções para que a oradora pudesse considerar a relativização de pontos de vista e opiniões dos autores com que trabalha, que alargasse o seu leque de referências histórico-políticas e estéticas a períodos artísticos que antecederam em muito o pós-modernismo e dentro desse quadro o pós-dramático conotado directamente com o investigador e autor Hans-Thies Lehmann.
Prossecução de discussão de pesquisa em curso
15 Março 2019, 14:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
MARÇO 6ª FEIRA 7ª AULA
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Programáramos para a aula de hoje três intervenções sequenciais sobre os trabalhos em curso.
Marineide Câmara acedeu a comentar connosco alguns dos conteúdos da revista A Flecha, publicação de São Luís do Maranhão, entre 1860 e 1890, e a primeira revista local a abordar assuntos relacionados com a actividade teatral nessa cidade. A totalidade dos números de A Flecha (270) constitui objecto de estudo privilegiado da sua futura tese de doutoramento. Se antes nos detivéramos na ilustração de capas e nas ilustrações de interior que nos pareceram muito sugestivas do ponto de vista da organização de classes e sua presença em diversos espaços públicos, em particular no teatro; se antes nos detivemos sobre as várias formas de parodização da figura do indígena, comentando a diferença de raças e etnias localmente perceptível; se antes salientáramos a replicação de modelos europeus na escolha de repertório e no acompanhamento de actores e companhias que visitavam a capital nortenha do Estado do Maranhão; pudemos verificar agora que as curtas 8 páginas de cada número de A Flecha se revelavam expressivas quanto ao quotidiano da circulação de informação de carácter cultural na cidade. O objectivo da revista, no primeiro número visitado, desenvolvia, por exemplo, uma política de inserção no mercado de divulgação e junto dos seus potenciais leitores, partindo de um clima de confiança criado junto dos potenciais leitores de A Flecha. Acreditava o editor João Crispim que leitor não interessado em se fidelizar através de assinatura ou de compra de exemplar individual, lhe remeteria o número de A Flecha sem mais. Esta política de aquisição da revista pareceu-nos quase de natureza familiar. Um bem de consumo poderia ser devolvido caso nele não houvesse interesse.
Consultámos outras notas editoriais e constatámos que o espírito de divulgação e promoção da revista assentava num projecto cultural de natureza crítica, por vezes jocoso, servindo-se o editor das “flechadas” indígenas e outras manifestações discursivas como forma de questionar comportamentos, atitudes e acontecimentos que, do seu ponto de vista, mereciam constituir matéria de diálogo. A Flecha pareceu-nos manter um tom crítico, por vezes com algum sentido demolidor, em relação às matérias tratadas. Verificámos também que o carácter amplo dos assuntos tratados justificava a expressão: «um jornal para todos.»
Marineide Câmara terá uma curta estadia no Brasil para aprofundar a investigação já realizada. No seu regresso, a aluna voltará a conversar sobre A Flecha, um objecto de estudo que se nos tem vindo a revelar de grande interesse.
Andrés Jurado retomou a sua exposição ocupando-se da leitura de mapas que se encontram agregados ao capítulo 3 do livro de David Turnbull, 2000, Masons, Tricksters and Cartographers, Comparative Studies in the Sociology of Scientific and Indigenous Knowledge, London and NewYork: Routledge.
Objectivamente o aluno defendeu que os mapas que pudemos observar revelavam um tipo de conhecimento muitíssimo mais vasto do que aquele que diz respeito apenas à cartografia. Tivemos oportunidade de observar o Planisfério de Diogo Ribeiro, de 1529 (108) que fornece múltipla e detalhadíssima informação, por exemplo, na área da fauna e da flora ao longo de todo o continente africano, como se essa informação pudesse ser fidedigna à data da realização do mapa. Acontece também podermos observar uma detalhada identificação de lugares que percorrem toda a linha de costa, exceptuando-se desta perspectiva apenas a parte superior da África oriental. Outro é ainda o tipo de informação retirado do desenho de meridianos e paralelos, neste caso inspirados no Tratado de Tordesilhas assinado entre Portugal e Espanha em 1594, e que estando visíveis recebem acrescento de muitas outras linhas cartográficas que talvez pretendessem assinalar rotas favoráveis de caravelas em trânsito entre a Europa e a Ásia. Há pequenas descrições em latim, desenhos de barcos em movimento e identificados pelo nome, insígnias e estandartes.
Na perspectiva do aluno e também do autor tratado, verifica-se neste tipo de instrumentos de observação a presença de conhecimento acumulado e ao mesmo tempo produzido com uma profunda dispersão. Como trabalhar com estas imagens tão elaboradas e híbridas ao mesmo tempo? Quem decide sobre o que deve constar destes instrumentos cartográficos tão detalhados e tão múltiplos de conhecimento específico? Quem terá a sabedoria adequada para determinar a sua forma última? Armazenar e reproduzir são acções que requerem ponderação. Que tipo de ponderação deve ser considerada nesta montagem e exposição de dados? Poderemos neste e em outros casos de mapas observados mencionar a presença explícita de uma coreografia para alguns dos seus elementos? Foi o caso, por exemplo, da observação do mapa da cidade de Lisboa de 1598 que nos introduziu na reticulação de uma cidade tardo-medieval, ao mesmo tempo que nos disponibilizava o acompanhamento da vida quotidiana em terra e no rio com legendagem específica.
https://www.zazzle.com/antique_map_town_plan_of_lisbon_portugal_1598_postcard-239273052161551306
Pudemos ainda observar o mapa da cidade de Limburg, na actual Bélgica, de 1575, incluído na obra Civitates orbis terrarum, associada ao Atlas de Abraham Ortelius, que o aluno tem em estudo. Nessa imagem o gesto coreográfico torna-se bastante mais evidente pelo destaque que é dado a uma figura à direita da imagem e que sobressai sobre todas as outras. Não chegámos a aprofundar as observações feitas.
http://historic-cities.huji.ac.il/belgium/limburg/maps/braun_hogenberg_II_18.html
Tivemos ainda a oportunidade de comparar o mapa da cidade de Limburg com recente cartografia do mesmo lugar feita pelo Google Maps. Confesso a minha dissidência em relação a esta última imagem. De facto, os mapas antigos propiciavam um conhecimento tão mais abrangente e rico, tão mais interessante do ponto de vista performativo e de construção de teatralidade que a minha posição em relação a esta matéria se aproxima claramente da defendida por Andrés Jurado a partir de David Turnbull.
Por último aconteceu ainda a apresentação de Sajjad Yarifiroozabadi sobre o espectáculo tradicional e religioso iraniano Ta’ziyeh. O aluno entendeu fazer uma introdução recuando ao período neolítico para explicar o carácter único desta manifestação teatral e religiosa nascida no Irão, opção que não entendemos devido à distância histórica considerada. A apresentação revelou algumas debilidades, principalmente por o aluno se ter dispersado por aspectos que relacionados com a sua introdução. O documento apresentado ia sendo lido por Sajjad Yarifiroozabadi num acto repetitivo que nos pareceu desnecessário.
Tendo o aluno sido avisado do plágio produzido em documento anterior, corrigiu a estratégia, embora não deixando aqui e acolá de a repetir em proporções menores. O aluno não legendou as imagens apresentadas, indicou uma bibliografia incompletíssima, mas que revelava informação em farsi, não se dando ao trabalho de traduzir essa informação para os seus ouvintes. Paralelamente entendeu o aluno que os seus colegas e eu desconhecíamos o significado de «Neolítico» e de «Mesopotâmia», remetendo-nos para endereço electrónico da Wikipédia.
Em próxima sessão de seminário, que no caso deste aluno ocorrerá a 29 de Março, esperamos ser finalmente esclarecidos de forma mais prática sobre o Ta’ziyeh. O aluno propôs a apresentação de três vídeos que comentaremos após o respectivo visionamento.
Isabel Teles de Menezes vai iniciar as suas entrevistas com criadores portugueses e apresentará a 22 de Março no âmbito do Seminário de Doutoramento PET o estado da sua investigação.
Aguardo ainda posicionamento da aluna Rita Miranda a quem escrevi recentemente e que, integrando este seminário, tem estatuto de estudante-trabalhadora.
Caminhos diversos
8 Março 2019, 14:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
MARÇO 6ª FEIRA 6ª AULA
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Prosseguimos os nossos trabalhos regulares em Seminário de Orientação II, dando a palavra a Isabel Teles de Menezes sobre a área da sua investigação – dramaturgia contemporânea portuguesa. Voltámos a constatar que o teatro de texto original em português não tem merecido dos criadores portugueses um apelo com resultados muito favoráveis. No entanto é possível traçar um percurso de proximidade a esta matéria para melhor a fundamentar, estabelecendo contacto directo com criadores.
Sugeri à Isabel nomes de autores e encenadores: João Brites, Miguel Jesus (O Bando), Pedro Alves (Teatromosca), Tiago Patrício (escritor).
Contactadas estas pessoas, todas se mostraram favoráveis em receber a Isabel e com ela dialogarem. Iremos acompanhando a evolução desta possibilidade de investigação. Marineide Câmara fez pequenas intervenções sobre as dúvidas acerca deste assunto e que preocupam Isabel Teles de Menezes. Sugeri à Isabel o envio de um texto até 12.4.2019 que nos possa elucidar sobre o trabalho de campo e de pesquisa realizado entretanto com os criadores acima mencionados.
Retomámos a audição do que Andrés Jurado tinha para nos dizer.
https://www.macba.cat/uploads/20081110/QP_16_Sanchez.pdf
O aluno optou por nos esclarecer sobre um conceito importante para a sua pesquisa e que vem amplamente desenvolvido no capítulo introdutório de:
David Turnbull, 2000, Masons, Tricksters and Cartographers, Comparative Studies in the Sociology of Scientific and Indigenous Knowledge, London and NewYork: Routledge.
Trata-se neste caso de explicar e operar com o conceito de «Sociology of Scientific Knowledge» que deverá ajudar a fundamentar uma cartografia do Planeta, bem como as suas relações de visualidade do que se pretende mapear. Não tendo sido possível cabal esclarecimento de como o conceito é aplicado, pedi ao aluno que preparasse para a próxima sessão de seminário um pequeno estudo prático baseado nas imagens do capítulo 3 desta obra – mapas diversos – e em contexto histórico europeu e extra-europeu.
Por último foi dada a palavra a SAJJAD YARIFIROOZABADI, o nosso aluno do Irão. Recebemos de Sajjad dois documentos para comentar. Um primeiro documento destinava-se a dar-nos conhecimento do seu campo investigativo e intitulava-se Summary. Esse documento foi comentado e anotado por mim, pedindo eu ao aluno que o refizesse à luz das sugestões propostas. Um segundo documento dizia respeito a dois capítulos da seguinte obra: Alan Read (ed.), 2000, Architecturally Speaking – Practices of Art, Architecture and the Everyday, London and NewYork: Routledge, pp. 14-30 e 31-48.
Entendeu o aluno que refazer o primeiro documento consistiria em enviar-nos um documento plagiado a partir de dois endereços electrónicos disponíveis na Internet.
Recebemos, assim, uma montagem a partir de:
https://thetheatretimes.com/taziyeh-ritual-performance-during-muharram/
https://muse.jhu.edu/article/191154
Não chegámos a entender por que razão receberamos os dois capítulos editados da obra de Alan Read. Não compreendemos ainda por que razão a investigação de Sajjad dizia ocupar-se de obra de Marina Abramovic «The Lips of Thomas», como nos informara antes.
Entendi dar conhecimento desta situação à Directora do Curso de Estudos de Teatro, a colega Maria João Brilhante.
Tenho sérias dúvidas sobre as capacidades intelectuais e éticas deste aluno, nomeadamente para vir a escrever uma Dissertação de Doutoramento.
Seminário Geral de Doutoramento PET - Marineide Câmara
1 Março 2019, 14:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
MARÇO 6ª FEIRA 5ª AULA
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A sessão de seminário de hoje decorreu no âmbito do Seminário Geral de Doutoramento PET, tendo a aluna Marineide Câmara apresentado os resultados da sua pesquisa a propósito da revista A FLECHA, editada em São Luís do Maranhão no final do séc. XIX.
Interpelámos a investigadora sobre o enquadramento político-económico que terá gerado este tipo de publicação e que, segundo ela, justificará o aparecimento de um teatro burguês, de inspiração europeia.
Ocupámo-nos do detalhe de algumas das imagens de capa e de interior propostas por Marineide Câmara, sugerimos a organização das mesmas a partir de uma metodologia criada como identificação de classes que assistiam aos espectáculos anunciados em função dos espaços que ocupavam no teatro, propusemos um melhor acompanhamento da figura do indígena cuja função primária é a de “dar uma flechada” nos assuntos tratados. A escolha do indígena neste contexto terá, do nosso ponto de vista, de ser enquadrada politica e culturalmente dentro do relacionamento social da própria cidade, à época já bastante miscigenada.
Sugerimos à investigadora a escrita de um índice de trabalho que a possa ir ajudando a estruturar as várias tarefas em curso, por exemplo, a delimitação e importância dos conteúdos de A FLECHA. Nem todas essas rubricas estão relacionadas com o Teatro.
Sugerimos ainda leitura de pensamento de autores europeus dessa época que mantém com a observação da sociedade burguesa uma postura crítica mas de refinamento poético-literário, como é o caso de Walter Benjamin.
Outros autores constam já da bibliografia de Marineide Câmara, incluindo autores da contemporaneidade.
A pesquisadora deseja desenvolver neste seu trabalho e a partir dos materiais que já tem, uma perspectiva das ausências que esta revista propõe. Pareceu-nos interessante este tópico e aguardaremos por futuro desenvolvimento do mesmo.