Sumários

A construção ideológica dos novos reinos: rei, festas rituais, língua, unidade étnica e igrejas ‘nacionais’.

14 Dezembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     O “Estado”.

1.1   Lentíssimo processo de reforço dos poderes régios desde a Idade Média.

 

2.     O embrião das “identidades regionais”.

3.1   Afirmação do rei como figura de unidade (A).

3.2   Invenção da tradição: mecanismos de identificação (B):

3.2.1        A procura de uma unidade étnica;

3.2.2        A procura de uma unidade linguística;

3.2.3        A procura de uma unidade religiosa.

 

A.     O REI.

3.     As festas rituais.

5.1   A sagração.

5.1.1        Dimensão religiosa: no interior da Igreja (Reims); rei semelhante ao bispo: é sagrado como ele.

5.1.2        Cortejo: rei oferece-se à contemplação após a sagração; parte da catedral. Taumaturgia.

5.2   A aclamação.

5.2.1        Península Ibérica.

5.2.2        Reis colocados num estrado; jurada obediência pelos 3 estados que representam a totalidade da população.

5.2.3        Representações aclamatórias por todo o reino sem a presença do rei.

5.3   Os funerais.

5.3.1        Até s. XIII: privado;

5.3.2        S. XIV: aproveitamento público – o cortejo fúnebre e a etiqueta/hierarquia.

5.3.3        S. XV: substituição do corpo por uma efígie em tamanho natural, em madeira, pintada, que representa o rei

5.3.4        O Rei morreu, viva o rei! Em última instância: o rei nunca morre.

5.4   As entradas.

5.4.1        Entrada do rei na cidade: o cerimonial; arquitectura temporária; competição entre cidades.

 

B.     MECANISMOS DE IDENTIFICAÇÃO.                                                

6.1   A unidade étnica.

6.1.1        A perseguição aos elementos étnicos diversos.

·       Expulsões de judeus de França e Inglaterra;

·       Pressão sobre Galeses, Irlandeses, Escoceses;

·       Pressão sobre o Languedoc.

6.2   A língua.

6.2.1        A substituição do latim (meados do séc. XIII; D. Dinis)

6.2.2        As línguas da chancelaria: compreender a língua do rei. De cima para baixo. O simbolismo da substituição.

6.2.2.1    França: aniquilamento da Langue d’Oc, Gascão: mantém-se oralmente. A uniformização da Langue d’Oïl.

6.2.2.2    Castela: triunfo do castelhano sobre o leonês, o andaluz, o asturiano e o galego-português.

6.3   A Igreja.

6.3.1        As Igrejas nacionais? Dependem de quem?

6.3.1.1    O Galicanismo: uma igreja organizada em torno do rei.

Rodrigo furtado

Bibliografia sumária:

Watts, J. (2009), The making of polities. Europe, 1300-1500, Cambridge.

 

A nova cultura aristocrática: a codificação das virtudes guerreiras.

12 Dezembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     A construção cultural da nobreza.

1.1   Sobretudo em meados do século XI: valorização cultural da nobreza no apogeu do feudalismo.

1.2   Cultura erudita: temas não religiosos; protagonistas não religiosos; línguas que não o Latim

 

2.     Épicas medievais.

2.1   Características gerais:

2.1.1        Narrativas de base oral;

2.1.2        Narrativas em verso; ritmadas;

2.1.3        Elaboração=transmissão;

2.1.4        Episódicas, não lineares;

2.1.5        Seres mitológicos e cenários fantásticos;

2.2   O Beowulf.

2.2.1        Certamente composição oral semelhante a Homero;

2.2.2        Mundo da Escandinávia de vários reinos; extrema violência.

2.2.3        Escrito em “Old saxon-dialecto ocidental”+outras formas dialectais; manuscrito mais antigo: s. X.

2.3   O ciclo dos Nibelungos: o Nibelungenlied.

2.3.1        Língua: Middle High German; a identidade alemã (s. XIX; Wagner);

2.3.2        Escrita: ca. 1200 – inúmeras redacções e versões.

2.3.3        Disputas imaginários do final do reino dos Burgúndios; conflito interno e com os Hunos;

2.3.4        Siegfried: herói guerreiro que casa com Cremilde, irmã do rei; morto pelos irmãos da mulher; irmãos assassinados por Cremilde.

2.3.5        Siegfried: é invulnerável excepto no meio das costas.

 

5.     Literatura cavaleiresca:

5.1   A cultura cavaleiresca: os cavaleiros; uma cultura de nobres; contra os infiéis/salteadores; luta pela donzela; com escudeiro; código de honra de cavalaria.

5.2   Uma literatura de corte.

5.3   Matéria carolíngia.

5.3.1        Dezenas de gestas, mais ou menos históricas e mais ou menos imaginárias.

5.3.2        A Canção de Rolando.

5.3.2.1   Roncesvalles; 778; Eginhardo.

5.3.2.2    A sociedade carolíngia retratada por uma sociedade de cavaleiros;

5.3.2.3    Cultura da heroicidade guerreira; sacrifício.

5.4   A Matéria da Bretanha: os cavaleiros da Távola Redonda.

5.4.1        Mundo celta entre a GB e a Bretanha.

5.4.2        Com feiticeiros e bruxas;

5.4.3        Artur, Lancelot; o Graal

5.5   Na Península Ibérica: fenómeno mais tardio – heróis mais recentes.

5.5.1        Cantar del mio Cid.

5.5.1.1    Personagens históricas;

5.5.1.2    Guerreiro de fronteira entre cristãos e muçulmanos;

5.5.1.3    Literariamente: grande guerreiro castelhano; herói regional.

 

6.     A poesia trovadoresca.

6.1   A origem provençal.

6.2   Trovadores e jograis.

6.3   Cantigas de amor e o ambiente de corte. A poesia trovadoresca como competição.

6.4   O amor como tópico cultural.

 

7.     Livros de linhagem

7.1   Necessidade de uma memória familiar;

7.2   Exaltação dos feitos de uma família; semelhanças com as gestas – o papel da lenda;

7.3   Os 4 livros de linhagens portugueses: o Livro Velho; o segundo Livro Velho; o Nobilário da Ajuda; o Livro do Conde D. Pedro.

7.4   De dom Gomçallo Meendez da Maya o lidador e das batalhas que ouue.

Este dom Gomçallo Meemdez irmãao de dom Soeiro Meemdez o boo como se mostra em este parrafo IIIº suso dito foy adeamtado por elrrey dom Affonsso Amriquez en a fronteyra, e vemçeo muitas lides de que aqui nom fallamos. E huum dia himdo a correr apar de Beja ouue duas lides, huuma com Almoliamar e a outra com Alboaçem rrey de Tanger. E Almoliamar chamousse vemçedor das lides porque era auemturado em ellas, e avia tall força que em todo homem que posesse a lamça nom lhe valia armadura que sse lhe nom quebrasse que lha nom metesse pelo corpo. E ouuerom aquelle dia sua lide muito aficada e acharomsse ambos no campo e deromsse das lamças e forom a terra: e alli faziam huuns e os outros de todas partes muyto pera liurar aquelle com que veera. E estamdo assy a lide muito aficada chegou dom Egas Gomez de Sousa filho de dom Gomez Echigit, e dom Gomez Meemdez Gedeam, e os filhos de dom Egas Moniz de rriba de Doiro e liurarom dom Gomçallo Meemdez e pozeromno em huum cauallo; e ali foy mais aficada a lide assy que os mouros nom no poderom sofrer e foram vemçidos e morto dom Amoleimar, e dom Gomçallo Meemdez chagado de chagas mortaaes. E os christãaos himdosse muy ledos pella vitoria que ouuerom, como quer que delles muytos, despereçessem, oolharom per huum gram campo e virom viir mill de cauallo quamto mais podiam: este era Alboaçem rrey de Tanger que passara aaquem mar por cobrar o castello de Mertola que lhe tiinha forçado huum seu tyo, o quall castello fora de huum seu avoo deste Alboaçem. Este Alboaçem quisera seer na lide primeyra d'Almoleymar e nom pode porque Almol se coytou rompemdo a alua. E disserom a dom Gomçallo Meemdez em como aquellas companhas viinham, e elle chamou todollos seus fidallgos e fez com elles sua falla, que sabiam em como fora vontade de Deus de leixar com elles dom Affomso Amrriquez por guarda daquella frontaria, nom pello elle mereçer mais porque foi sua vomtade, e que, como quer que cada huum delles esto mais merecesse, que lhes pedia por mesura que pois os mouros viinham tam açerca e em esto nom podia aver comsselho alomgado que lhes prouguesse del dizer em esto aquello que lhe pareçesse. E elles todos louuaromno como aquell que era muito amado delles, e disselhes «senhores peçouos huum dom que me outorguedes o que vos quero pedir:» e elles louuaromno dizemdo que nom podia seer cousa que elle demandasse que lhes elles nom outorgassem, ca bem çertos eram que nom demandaria senom todo aguisado e sua honrra delles. E porque elle estaua mall chagado e emtemdia em ssy que a lide nom poderia sofrer por as gramdes chagas que tiinha no corpo que lhe dera Almoleymar de que perdia muito sangue de que emfraqueçiam as pernas e os membros, temendosse do caualgar com a fraqueza, o que elle emcubria muy bem a todos, pediolhes que se elle despereçesse naquela lide que ficasse dom Egas Gomez de Sousa em seu logar que era de boa linhagem e de gramdes bomdades. E elles rrespomderom que Deus o guardaria de todo cajam e de todo periigo, e sse tall cousa acomteçesse que elles fariam como lhe elle mamdaua. Este dom Egas Gomez siia casado com dona Gontinha Gonsaluez filha deste dom Gomçalo Meemdez o lidador. A dom Gomçallo Meen dez se mudaua cada vez mais a cara do rrostro e emtemdeo sua fraqueza dom Affomso Ermigic de Bayam e disselhe que sse desarmasse e que sse assentasse no campo, ca elles todos morreriam ant'ell ou vemçeriam, e elle disse que Deus nom quisesse que el escomdesse sua força emquanto lhe podesse durar amtre taaes amigos. E neesto os mouros viinham a gram pressa como aquelles que tiinham que os christãaos achariam cansados e chagados da primeira lide que ouuerom: e neesto disse dom Gomçallo Meemdez, «senhores, estes mouros veem com gram loucura, vaamollos rreçeber.» Alli desarramcarom todos comtra elles e en as primeiras feridas cayo dom Gomçallo Meemdez do cauallo como aquell que estaua ja sem força. E os fidallgos que eram muito seus amigos e estremados em bomdades quamdo viron seu caudell, desejamdo sa vida sobre todallas cousas, faziam cada uez melhor creçendolhes as forças como aquelles que eram mazellados da perda de tall amigo que tiinham que ja o nom podiam vimgar se ali o nom vimgauam. E por esta gram força açemdiasse cada uez mais e mais como aquelles que eram de gram coraçom. E de todas partes do mundo em aquell tempo escrareçiam a sas boomdades das cauallarias que faziam. Alli se espedaçauam capellinas e baçinetes e talhauam escudos e esmalhauam fortes lorigas, e feriromsse de tam dura força de tamanhos golpes que os christãaos da Espanha e os mouros que desto ouuirom fallar dos talhos das espadas que naquel logar forom feitos diserom que taaes golpes nom podiam seer dados por homeens. E esto nom foy marauilha por assy teerem, ca hi ouue golpes que derom per çima dos ombros que femderom meetade dos corpos e as sellas em que hiam e gram parte dos cauallos, e outros talhauam per meyo que as meetades se partiam cada huuma a ssa parte: e disserom que Santiago os fizera com sa mãao, pero a verdade foy esta, elles forom dados por os muy boos fidallgos com ajuda de Samtiago, e os mouros viromsse mal treitos nom o poderom sofrer e forom uençidos. E os christãaos pereçerom melhor da quarta parte: e forom a dom Gomçallo Meemdez e acharomno morto, e a tristeza e o doo dos fidallgos foy muy grande, e leuaromno muito homrradamente. El era d'idade de nouenta e çimquo annos, e alli lhe poserom nome o boo velho lidador como quer que o ja ante chamassem avia gram tempo lidador. E oolharom por as chagas que tiinha e ouuerom por gram marauilha de lhe tanto poder durar a força, ca ellas eram grandes e estauam em logares mortaaes.

Portugaliae Monumenta Historica, Scriptores, pp. 279-280

Rodrigo furtado

 

 

Bibliografia sumária:

Barton, R. E. (2009), ‘Aristocratic culture: kinship, chivalry and court culture’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 500-524.

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Barthélemy, D. (2007), La Chevalerie: De la Germanie antique à la France du XIIe siècle, Paris.

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@s desviad@s: brux@s; prostitut@s; homossexuais.

7 Dezembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     Bruxas e feiticeiras.

4.1   Feitiçaria = superstição desde a Antiguidade. Amuletos. Objectos com poderes mágicos.

4.2   Santo Agostinho = bruxaria identifica-se com paganismo em termos de crenças e rituais;  logo é heresia.

4.3   Bruxas no mundo antigo e medieval: a literatura. A predominância feminina.

4.4   A relação com as culturas pagã e, por isso, as proibições eclesiásticas.

4.5   Caça às bruxas: a partir do século XIII; especialmente no séc. XV.

4.6   Penas: 5-10 anos de excomunhão; multas; prisão; muito raramente morte (e.g. se o feitiço tivesse sido mortal).

 

2.     As prostitutas.

5.1   A profissão mais antiga do mundo? A constante condenação social.

5.2   A condenação ambígua cristã da prostituição: o parecer de Santo Agostinho.

5.3   O papel social da prostituição numa sociedade patriarcal, clericalizada e militarizada.

5.4   Formas de legalização: fora das cidades; as ruas de prostituição (portos e quartéis); os bordéis.

 

3.     O sexo.

6.1   A condenação do sexo fora da procriação; a condenação do prazer corpóreo: Antiguidade tardia; cristãos. A condenação da masturbação e dos sexos oral e anal;

6.2   O controlo da vida: a sacramentalização do matrimónio (s. XII) e da confissão (1215).

 

4.     Os homossexuais.

7.1   Contra natura; a busca pecaminosa do prazer; a sodomia e o castigo divino.

7.2   Tipos: a condenação social do homem passivo; os bordéis masculinos de Paris, Chartres, Sens e Orleães; o bairro do Rialto em Veneza; a prostituição de travestis em França, Itália e Inglaterra.

7.3   Homossexualidade literária: Santo Anselmo, Baudri de Bordueil, Marbod de Rennes, Aired de Rielvaux.

7.4   A ‘camaradagem de armas’ de Ricardo Coração de Leão.

7.5   Condenação:

7.5.1        Até ao século XIII: pouco sistemática. E.g. máximo de um ano de excomunhão para homens e seis meses para mulheres;

7.5.2        A partir do século XIII: confisco de bens; castração; desmembramento; morte.

Rodrigo furtado

 

 

 

Bibliografia sumária:

Arnold, J. (2009), ‘Gender and sexuality’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 161-184

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Brooten, B. (1996), Love between women. Early Christian responses to female homoeroticism, Chicago.

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Watt, W. M. (2004), The influence of Islam on medieval Europe, Edinburgh.

As mulheres tinham cultura? Entre analfabetas e místicas – a mulher na cultura e sociedade.

5 Dezembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     As sociedades do Mediterrâneo: restrição; marginalização – o patriarcado semita e indo-europeu.

a.      A liderança política e militar dos homens; a liderança religiosa;

b.     Estratégias de procriação e herança; o controlo da sexualidade;

c.      A sujeição económica das mulheres; propriedade e a posse dos bens; o papel económico das mulheres; a menoridade legal;

d.     O controlo do conhecimento. Uma educação masculina: dos autores aos professores. As mulheres na defesa do patriarcado: a educação das mulheres e a educação dos rapazes.

e.      As mulheres e o horizonte narrativo masculino: a naturalização de histórias de rapto, violação, violência e submissão aos apetites masculinos. A violação como troféu de guerra.

f.       Representações da mulher como “outro”: fragilidade; o desconhecimento ginecológico; histeria e irracionalidade;

 

2.     A mulher como agente:

a.      Modelos positivos:

                                               i.     Virgem, esposa, mãe e viúva.

                                              ii.     A maternidade.

                                             iii.     A santidade.

b.     Modelos negativos:

                                               i.     Eva: a relação com o pecado;

                                              ii.     Um ser “menor” e “sem autonomia”;

                                             iii.     A prostituta; a bruxa. A consolidação da marginalização feminina.

c.      A liberdade feminina e as actividades independentes em relação aos homens: a diversidade de casos;

                                               i.     A esfera da casa e da maternidade;

                                              ii.     A esfera dos mosteiros;

                                             iii.     A esfera das confrarias religiosas femininas;

                                             iv.     A esfera do trabalho;

                                              v.     A sacramentalização do casamento.

d.     A educação escrita no mundo medieval.

                                               i.     Educação controlada pela Igreja. Para que serve um homem aprender a ler? E uma mulher?

                                              ii.     As mulheres nos mosteiros.

1.     Hildegarda de Bingen (1098-1179) e a poesia religiosa;

e.      As rainhas: nada de verdadeiramente novo.

1.     A imagem da rainha boa: ausente; mãe; boa administradora; pacificadora; amiga dos pobres;

2.     A imagem da rainha má: a intervenção política; o adultério.

f.       Mulheres letradas: uma consequência da reforma – Christine de Pizan (1364-c. 1430)

Rodrigo furtado

 

Bibliografia sumária:

Arnold, J. (2009), ‘Gender and sexuality’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 161-184.

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Amt, E., ed. (1993), Women’s Lives in Medieval Europe: A sourcebook, London, New York.

Atkinson, C. (1983), ‘‘Precious Balsam in a Fragile Glass’: The ideology of virginity in the later middle ages’, Journal of Family History 8, 131-143.

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Carpenter, J.-MacLean, S.-B., eds. (1995), Power of the Weak: Studies on medieval women, Urbana, Chicago.

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Green, M. H. (2008), Making Women’s Medicine Masculine: The Rise of Male Authority in Pre-Modern Gynaecology, Oxford.

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Mitchell, L. E. (1999), Women in Medieval Western European Culture, New York.

Parsons, J. C., ed. (1993), Medieval Queenship, Stroud.

A cultura popular: os camponeses medievais eram cristãos?

30 Novembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     Christianitas: designação geral para designar uma cultura/sociedade. A auto imagem da sociedade tardia e medieval – o que somos e o que queremos ser.

 

2.     A Antiguidade tardia e a crítica ao paganismo = ruralismo.

a.      Martinho de Braga, De correctione rusticorum.

 

3.     Uma cultura de analfabetos:

a.      A dificuldade de estudo. Fontes.

b.     O papel da memória.

c.      O papel da cultura visual.

 

4.     A religiosidade popular:

a.      Rituais: procissões; velas, flagelações; o Corpus Christi: rituais de representação.

b.      Do ut des

c.      Os dragões, monstros e a hagiografia.

d.     Os seres: bruxas, duendes, fadas, seres mágicos.

e.      O demónio: as forças demoníacas.

f.       Orações e magia.

g.      Peregrinações.

h.     Os santos.

                                               i.     Desde cedo: reservação do corpo; festa no dia da morte; sepultura nas necrópoles e catacumbas: e.g. São Pedro no Vaticano. Já no século III: muitos ‘santos’ cristãos.

i.       Acomodação/negociação/assimilação mútua. Não é classista mas é comum a toda a sociedade.

 

5.     O esforço de Cristianização da sociedade:

a.      Nome/baptismo; casamento; formação; funeral.

b.     IV Concílio de Latrão/1215: Descanso domingo e dias santos; jejum; confissão; comunhão na Páscoa.

c.      O conhecimento formal da doutrina? Conhecimento do Pai Nosso/Credo.

d.     O tempo quotidiano e o calendário; o papel do sino. Os dias de festa e os santos.

e.      Influências da cultura popular: purgatório; culto dos santos; relíquias; escapulários.

f.       A importância das relíquias.

                                               i.     Etimologicamente: o que foi deixado para trás.

                                              ii.     Corpo; partes do corpo – a ressurreição do corpo. A contínua presença física do santo.

                                             iii.     Objectos pessoais: roupa, objectos, livros – o caso de Eulógio de Córdova.

                                             iv.     Outros: sangue; água de lavar o corpo; sudários.

1.     O problema da falta de relíquias; ainda assim: o dente de leite de Jesus em Saint-Médard; o prepúcio de Cristo em Charroux e Coulombs.

2.     As cabeças de Santiago.

3.     A túnica da Virgem em Chartres;

4.     A Sainte-Chapelle e o sangue de Cristo.

 

‘Christian materials could be-and were-appropriated and employed within mental frameworks still essentially of another religious sort. Christian motifs often functioned in non-Christian ways, and this must be taken seriously. But here two important qualifications must be made. First, while non-Christian attitudes often governed Christian usages-say, a "magical" view of the sacraments-practices of non- Christian origin early became endowed with Christian meaning’ (J. Van Egen (1988), ‘The Christian Middle Ages as an historiographical problem’, The American Historical Review 91, 519-552 (p. 550).

Rodrigo Furtado

Bibliografia sumária:

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