Sumários

O desafio ao imperialismo cristão: a Hégira e o triunfo do monoteísmo islâmico.

26 Outubro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     Reorientalização do Mediterrâneo: olhar para as conquistas muçulmanas como um classicista.

a.      Os processos culturais do Mediterrâneo como processos de orientalização cultural e civilizacional;

b.     A geografia da região: uma encruzilhada de continentes.

 

2.     Muhammad (ca. 570-632).

a.      Uma matriz comum: a influência judaico-cristã;

b.     Líder político-militar; legislador; líder religioso.

c.      A comunidade politico-religiosa (umma): crença em Deus; apocalipticismo;

d.     O êxodo (hijra) para Medina (622);

e.      A guerra (jihād);

f.       O califado.

 

3.     Omíadas (661-750).

a.      O Islão torna-se o que o Cristianismo tinha sido em termos ideológicos e culturais.

b.     Helenização/Bizantinização em Damasco.

                                               i.     Construção da elite califal: a construção de uma cultura, com uma linguagem comum, que funcione como padrão cultural e elemento identitário;

                                              ii.     O Árabe clássico e a sua ‘formalização’: filologia e a necessidade de interpretar o Corão; a escola de Basra e os estudos de gramática e de léxico.

                                             iii.     Os debates teológicos entre Cristãos e Muçulmanos e a assimilação da utensilagem teológica tardia. A recusa do monoteísmo trinitário.

                                             iv.     A ‘elitização’ do Islão: a cultura erudita como elemento de distinção – poesia, arte, ciência, etc. A manutenção das cidades.

                                              v.     O imaginário bizantino: a criação de uma ideologia que encontra no califa o fundamento do funcionamento ordenado do universo em termos ‘humanos’; a eleição divina do califa; o califa como ponto de fuga da corte, com uma relação com a divindade semelhante à do imperador.

 

4.     Religiões da Antiguidade tardia.

a.      Religião e política: o imperador ao serviço de Deus: criar a unidade política e religiosa do orbe a influência imperial.

b.     Religião e universalismo: Cristianismo - ultrapassar a cidade ou o povo; a conversão da espécie humana.

c.      Religião e verdade: o imperador ao serviço da imposição da verdade a todo o mundo. A verdade como afirmação racional.

d.     Religião e apocalíptica: a pregação do fim do mundo e a guerra contra Bizantinos e Sassânidas.

e.      Religião e livro: o Corão (Qur’an) (as 114 suras e a compilação em meados do s. VII).

Rodrigo Furtado

Bibliografia:

Strohmaier, G. (2009), ‘The Greek heritage in Islam’, The Oxford handbook of Hellenic Studies, Oxford.

___________

Crone, P. (2005), Medieval Islamic political thought, Edinburgh.

Fisher, G. (2013), Between empires: Arabs, Romans, and Sasanians in late antiquity, Oxford.

Griffith, S. (1997), ‘Byzantium and the Christians in the world of Islam: Constantinople and the Church in the Holy Land in the Ninth Century’, Medieval Encounters 3, 231-265.

Hoyland, R. (2012), ‘Early Islam as a late antique religion’, The Oxford handbook of Late Antiquity, Oxford.

Howard-Johnston, J.D. (2010), Witnesses to a world crisis: historians and histories of the Middle East in the seventh century, Oxford.

Kaegi, W. E. (1992), Byzantium and the early Islamic conquests, Cambridge.

Kennedy, H. (1986), The Prophet and the age of the Caliphates: the Islamic Near East from the sixth to the eleventh centuries, London. 

Lapidus. I. M. (20022), A history of Islamic societies, Cambridge.

Madelung, W. (1997), The Succession to Muhammad: A Study of the Early Caliphate, Cambridge.

Robinson, C. (2010), The New Cambridge History of Islam. 1. The formation of the Islamic world (sixth to eleventh centuries), Cambridge.

 

O nominalismo.

26 Outubro 2023, 09:30 Angélica Varandas


A filosofia natural de Aristóteles e a querela dos universais. 

O nominalismo. A importância de William of Ockham.

Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?

24 Outubro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     Questões de literacia. Para que serve aprender a ler?

1.1   Antiguidade Clássica:

·       Um mundo de cidades que se autogovernam. Eleições e distinção.

·       A cultura como elemento de distinção entre as elites.

1.2   Antiguidade tardia:

·       Novos actores (I): os agentes e a burocracia imperial; a importância da cultura.

·       Novos actores (II): os bispos. O Cristianismo como uma religião ligada ao Logos (= palavra).

·       Novos actores (III): os bárbaros. Elites guerreiras que se cultivam. Base do poder não é eleitoral; base militar.

·       Novos actores (IV): os monges. A preservação do saber antigo.

·       Características da cultura tardia (I): As bases de uma cultura de segunda mão: manuais, breviários e comentários. O triunfo de uma visão enciclopédica da cultura clássica, de segunda mão, baseada em manuais e em repertórios de exemplos.

·       Características da cultura tardia (II): o Cristianismo como padrão cultural. A Regra de São Bento e os primeiros scriptoria monásticos.

 

Regra de São Bento 48: ‘A ociosidade é inimiga da alma. Por isso, devem os irmãos dedicar-se ao trabalho manual e também, durante um determinado número de horas, à leitura divina. Por este motivo, cremos que cada uma destas ocupações será ordenada no tempo, segundo a seguinte disposição: da Páscoa até às Calendas de Outubro [...], desde a hora quarta até à hora em que celebrarão a sexta, estejam livres para a leitura [...]. Desde as Calendas de Outubro até ao início da Quaresma, estejam livres para a leitura até ao fim da segunda hora [...]. Nos dias da Quaresma, desde manhã até ao fim da hora terceira, estejam livres para as suas leituras [...]. Nesses dias da Quaresma, recebam todos, da biblioteca, um único códice que lerão integralmente, de forma continuada. Esses códices devem ser dados no início da Quaresma. Antes de tudo isto, sejam escolhidos um ou dois dos mais velhos para que circulem pelo mosteiro nas horas em que os irmãos estão livres para a leitura e para que vigiem a fim de que não se encontre por acaso um irmão indolente que se dedique ao ócio ou à conversa, que não esteja atento à leitura e que não só seja inútil para si, como também distraia os outros. [...] Do mesmo modo, no Domingo, estejam todos livres para a leitura, excepto os que foram escolhidos para ofícios diferentes.

 

1.3   Idade Média:

·       Clara diminuição das condições de vida. Atrofiamento do espaço urbano. Morte da “cidade” clássica.

·       Espaço urbano dominado pela autoridade episcopal: quem sabe ler.

·       Poder bárbaro: muito instável; baseado na força militar.

·       Para que serve saber ler?

o   Administração e clero.

o   Religião e clero.

 


 

2.     Scriptoria:

 

Uma imagem com texto, antigo, decorado, pintura

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Madrid, Archivo Historico Nacional, ms. L1097, p. 341 (São Salvador de Tábara, Zamora, c. 930).

 

Uma imagem com edifício, exterior, céu, igreja

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Uma imagem com texto, interior, pintura, decorado

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Paris, BnF, ms. 818, f. 2v (s. XI).

 

 

Uma imagem com texto

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Escorial, Biblioteca del Real Monasterio de San Lorenzo (s. XIV)

 

Uma imagem com esboço, desenho, mobília, mesa

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Reconstituição do scriptorium de Saint-Gall.

 

 

 

 

 

 

 

3.     O mosteiro como um microcosmo: e.g. Saint-Gall (Saint-Gallen, Stiftsbibliothek, ms. 1092; 9th c. inc.).

 

http://earlymedieval.archeurope.info/uploads/images/Franks/St%20Gall/St%20Gal%20Plan%2002.jpg

 

4.     Bibliotecas:

4.1   O ms. Escorial R. II.18 e o inventário de 882.

 

 

 

 

 

 

4.2   O testamento de Mumadona Dias (959).

 

 

 

Rodrigo furtado

Bibliografia sumária:

McKitterick, R. (1989), The Carolingians and the written world, Cambridge, 165-210.

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Brown, P. (1971),  ‘The rise and function of the holy man in Late Antiquity’, Journal of Roman Studies 61, 80–101.

Collins, R. (1983), ‘Poetry in ninth century Spain’, Papers of the Liverpool Latin Seminar 4, 181-195.

Contreni, J. (1992), Carolingian learning, masters and manuscripts, Hampshire.

Contreni, J. (1995), ‘The Carolingian renaissance: education and literary culture’, The New Cambridge Medieval history. 2. C. 700-c. 900, Cambridge, 709-757.

Díaz y Díaz, M. C. (1983), Códices visigóticos en la monarquía leonesa, León.

Díaz y Díaz, M. C. (19912), Libros y librerías en la Rioja altomedieval, Logroño.

Dunn, M. (20032), The Emergence of Monasticism: From the Desert Fathers to the Early Middle Ages, Malden, MA, Oxford, Victoria.

McKitterick, R. (2005), ‘The Carolingian renaissance of culture and learning’, Charlemagne: empire and society, Manchester, 151-166.

Ochsenbein, P., Schmuki, K., ed. (2002), Studien zum St. Galler Klosterplan II, St. Gallen.

 

Idade Média e Medievalismo.

24 Outubro 2023, 09:30 Angélica Varandas


"William Blake, Illumination, and the Matter of Britain", palestra apresentada pelo Prof. Jason Whittaker , da Universidade de Lincoln, no âmbito do seminário William Blake & the Labyrinths of Reception. - aula aberta (Anfiteatro III).

Roma/25 de Dezembro/800: renascimento imperial e política cultural – o programa carolíngio.

19 Outubro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


1.     O Novo Império Romano: o dia de Natal do ano 800 em Roma – o papa Leão III e Carlos Magno.

Uma imagem com mapa, texto, atlas

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2.     Reconstruir o Império em Aquisgrano.

a.      Pepino, o breve (714-751-768), e a Donatio Pepini:

                                            i.     a constituição de um território governado pelo bispo de Roma.

                                           ii.     a declaração do rei dos Francos como defensor de São Pedro.

b.     A ilegalidade de Irene, imperatriz de Constantinopla (752-797-803).

c.      O Novo Império Romano: o dia de Natal do ano 800 em Roma – reviver o título imperial no eixo Reno-Mediterrâneo.

 

3.     Recuperar e preservar o saber.

3.1   TRÊS OBJECTIVOS:

                                            i.     simbólico/cultural: recuperar o império romano no final do s. VIII-início do s. IX. Garatir uma efectiva translatio imperii – que corresponda a uma translatio sutdii.

                                           ii.     Religioso: compreender a teologia e defender a ortodoxia; uniformizar a liturgia.

                                         iii.     Administrativo: administrar um império.

                                         iv.     Territorial: tornar o eixo Norte de Itália-Reno como centro cultural.

3.2   Recuperar os livros antigos.

                                            i.     Onde estão os livros antigos? Norte de Itália; Sul da Gália; Montecassino; Roma; Ravena.

                                           ii.     Centros de cópia (scriptoria) e bibliotecas carolíngias: Lorsch, Aquisgrano, Corbie, Tours, Saint Gall, Reichenau.

iii. Copiar e editar tudo:

a.      Entre Império Romano-800: 1800 manuscritos;

b.     Entre 800-900: 9000 manuscritos;

3.3   Educação

                                      i.         Educação tardia – educação carolíngia (de novo, procurar os livros e os manuais);  uniformizar a educação; recuperar o Trivium.

                                     ii.         Letra e pronúncia uniformes;

 

4.     Os espaços.

4.1   A capela palatina de Aquisgrano: sob o modelo de San Vitale de Ravena e do Santo Sepulcro de Jerusalém.

                                               i.     Octaedro

                                              ii.     Trono a oeste em frente ao altar de Cristo Salvador; a orientação oeste-este; o mármore da Igreja do Santo Sepulcro.

                                             iii.     Abóbada com o Cordeiro pascal, o tetramorfo e os 24 anciãos de Apoc. 4.4.

 

 

Caixa de texto: NResultado de imagem para aachen palace chapel plan

 

 

Uma imagem com edifício, amarelo, altar

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Rodrigo Furtado

Bibliografia:

Brown, P. (2013rev.),  The rise of Western Christendom. Triumph and diversity. AD 200-1000, Malden, MA-Oxford, West Sussex, 434-462.

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Contreni, J. (1992), Carolingian learning, masters and manuscripts, Hampshire.

Contreni, J. (1995), ‘The Carolingian renaissance: education and literary culture’, The New Cambridge Medieval history. 2. C. 700-c. 900, Cambridge, 709-757.

Costambeys, M.-Innes M., Maclean, S. (2011), The Carolingian world, Cambridge.

Innes, M. (1999), State and society in the early Middle ages, Cambridge, 118-128, 172-241.

McKitterick, R. (1992), ‘Royal patronage of culture in the Frankish kingdoms under the Carolingians: motives and consequences’, Settimane di studio del Centro italiano di studi sull’alto Medioevo 39, Spoleto, 93–135.

McKitterick, R., ed. (1993), Carolingian culture: emulation and innovation, Cambridge.

McKitterick, R. (2005), ‘The Carolingian renaissance of culture and learning’, Charlemagne: empire and society, Manchester, 151-166.

McKitterick, R. (2008), Charlemagne: the formation of an European identity, Cambridge.

Nelson, J. (1977), ‘On the limits of the Carolingian renaissance’, Renaissance and renewal in Christian history,  Oxford, 51-69.