Sumários

O desenvolvimento urbano e o nascimento da universidade: para uma democratização da cultura.

14 Novembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


I.                PRESSUPOSTOS

1.     A reforma gregoriana (outra vez): a necessidade de reforçar o ensino. (Gregório VII: 1073-1085)

1.1   Reforço da aprendizagem do latim: aposta na gramática.

1.2   Letra: o triunfo da carolina sobre as letras regionais. O caso hispânico.

1.3   A liturgia comum: liturgia romana. O caso hispânico.

1.4   A aposta no direito: a necessidade de canonistas.

1.5   A aposta nas escolas catedralícias e monásticas: a formação de um clero.

1.6   A manutenção dos curricula tradicionais – regresso ao passado: trivium; a superioridade das Escrituras; a menor importância da literatura não cristã.

 

2.     O ‘renascimento’ urbano dos séculos XI-XII: entre a Flandres e o Norte de Itália.

2.1   A necessidade de clero mais bem formado;

 

3.     As chancelarias dos reinos e senhorios emergentes: França, Flandres, Castela, Aragão, Inglaterra, Portugal.

3.1   A complexificação das tarefas dos “estados”: a necessidade de homens de letras (clérigos) por parte de príncipes (a formação das chancelarias), de cidades e das organizações eclesiásticas;

3.2   A cultura escrita profissionalizada: não como puro ornamento nem meio de distinção.

 

4.     Corporações: artífices – influencia outros grupos;

 

5.     A redescoberta dos textos aristotélicos e o progresso do conhecimento.

5.1    Aristóteles: Física, Metafísica, Ética. Os comentadores árabes (Avicena, Averróis) em latim.

 

II.              AS UNIVERSIDADES

6.     Os novos centros de ensino das catedrais: 1ª fase – as escolas episcopais.

6.1   Bolonha, Montpelier, Oxford, Paris.

6.2   Ensino dependente do bispo: a licentia docendi; jurisdição do bispo; espaço de aulas.

6.3   O quase-monopólio da Igreja. A lenta independência do direito: Bolonha, Montpellier.

6.4   O número crescente de alunos. Maioria: clérigos urbanos/seculares; indivíduos de grupos sociais emergentes – e.g. juristas régios (muito minoritário).

 

7.     Numa segunda fase: As corporações de ensino eclesiásticas.

7.1   Os estatutos; privilégios jurídicos; a organização corporativa; garantem maior autonomia; permitem distinguir esta corporação das outras;

7.2   À semelhança das corporações artesanais: estrita hierarquização: provas de passagem de um grau para outro: bacharelato, licenciatura, doutoramento;

7.3   Mesma finalidade que as corporações mecânicas:

 

8.     Características gerais destas corporações:

8.1   Comunidade: communitas; uniuersitas studii. Bairros.

8.2   Associa alunos e professores;

8.3   Objectivos:

1.     organizar estudos, exames; muitas vezes: liberdade de ensino.

2.     organizar assistência mútua, assegurar protecção;

3.     reivindicar: privilégios, isenções;

4.     Regular a actividade docente.

5.     A ‘licença’ final: dada pela universidade/pelo chanceler; a quem cumpre os exames.

8.4   Eclesiásticos. Homens. Jovens: 14 anos estudam Artes.

8.5   4 faculdades: Teologia, Direito, Medicina, Artes.

 

9.     O studium generale (3.ª fase).

9.1   1200 d.C.: a fuga à autoridade local (do bispo normalmente): garantida pela licentia papal. A universalidade da licença: válida em todos os lados.

9.2   Fundação papal, episcopal, régia. Licença papal.

9.3   Ensino independente em relação aos bispos e mosteiros;

9.4   Em 1300: Bolonha, Paris, Montpellier, Oxford, Cambridge (a partir de Oxford), Salamanca, Orleães (a partir de Paris), Pádua (a partir de Bolonha), Nápoles, Toulouse, Lisboa, Lleida.

9.5   A universidade de Lisboa: 1 de Março de 1290 (carta régia); a bula de confirmação de Nicolau IV (9 de Agosto de 1290). Cânones, Leis, Medicina, Artes.


Bibliografia sumária:

Noone, T. B. (2002), ‘Scholasticism’, A companion to Philosophy in the Middle Ages, Malden, MA, Oxford, Victoria, 55-64.

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Fernandes, H., ed. (2013), A Universidade Medieval em Lisboa: séculos XIII-XVI, Lisboa.

Ferruolo, St. (1998), The origins of the University: the schools of Paris and their critics, 1100-1215, Stanford.

Le Goff, J. (1990), Os Intelectuais na Idade Média, Lisboa, 29-90.

Norte, A. (2020), Os intelectuais em Portugal na Idade Média, Lisboa.

Pedersen, O. (1997), The first Universities: Studium Generale and the Origins of University Education in Europe, Cambridge.

Ridder-Symoens, H. de, ed. (1992), A History of the University in Europe. 1. Universities in the Middle Ages, Cambridge.

Verger, J. (2007), ‘The universities and scholasticism’, The new Cambridge Medieval history 5. Ca. 1198-1300, Cambridge, 256-276.

Young, S. E. (2019), ‘Education in medieval Europe’, The Oxford handbook of the history of education, Oxford.

 

Os Anglo-Saxões.

14 Novembro 2023, 09:30 Angélica Varandas


Os Anglo-Saxões e a fundação de Inglaterra.

Bede e a importância da Historia Ecclesiatica Gentis Anglorum
A heptarquia e sua evolução no período anglo-saxónico.

Não houve aula.

9 Novembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


Não houve aula devido à participação do docente no colóquio "Historiografia e diacronia na Idade Média ibérica".

Os Francos.

9 Novembro 2023, 09:30 Angélica Varandas


O início da Idade Média. As invasões bárbaras: os Francos. 

As dinastias merovíngia e carolíngia. De Clóvis a Carlos Magno.
A figura de Charles Martel.
A renascença carolíngia.
O tratado de Verdun.

A Reforma Gregoriana e os seus efeitos culturais. A reforma gregoriana: a sacralização da sociedade e a monarquia papal.

7 Novembro 2023, 15:30 Rodrigo Furtado


I.                A Vnam Sanctam (1302):

1.      Contexto: conflito entre Bonifácio VIII (1294-1303) e Filipe IV, o Belo, rei de França;

2.      ‘Declaramos que é absolutamente necessário para a salvação que toda a criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano’.

 

Unam sanctam

 

Bula do Papa Bonifácio VIII promulgada em 18 de novembro de 1302

 

Instados pela fé, somos obrigados a crer e sustentar que a Igreja é una, santa, católica e também apostólica. Cremos nela com firmeza e confessamos com simplicidade que fora dela não há salvação nem remissão dos pecados[...], e ela [a Igreja] representa um único corpo místico cuja Cabeça é Cristo e a cabeça de Cristo é Deus [1 Cor 11,3]. Nela há um só Senhor, uma só fé, um só batismo [Ef 4:5]. Havia na época do dilúvio apenas uma arca de Noé, prefigurando a única Igreja, cuja arca, tendo sido terminada em um único côvado, tinha apenas um piloto e guia, ou seja, Noé, e lemos que, fora deste arca, tudo o que subsistia na terra foi destruído.

[...] Portanto, na única Igreja há um corpo e uma cabeça, não duas cabeças como um monstro; isto é, Cristo e o Vigário de Cristo, Pedro e sucessor de Pedro. [...]

Somos informados pelos textos dos evangelhos que nesta Igreja e em seu poder estão duas espadas; ou seja, a espiritual e a temporal. [...] Certamente aquele que nega que a espada temporal esteja em poder de Pedro não ouviu bem a palavra do Senhor ordenando: ‘Mete a tua espada na bainha’ [Mt 26:52]. Ambas, portanto, estão em poder da Igreja, isto é, a espada espiritual e a temporal, mas a primeira deve ser administrada pela Igreja, mas a última para a Igreja; a primeira nas mãos do sacerdote; a última pelas mãos de reis e soldados, mas por vontade e tolerância do sacerdote.

No entanto, uma espada deve estar subordinada à outra e autoridade temporal, submetida ao poder espiritual.

[...] Por isso, devemos reconhecer mais claramente que o poder espiritual supera em dignidade e em nobreza qualquer poder temporal, assim como as coisas espirituais superam as temporais. [...] Pois com a verdade como nosso testemunho, pertence ao poder espiritual estabelecer o poder terrestre e julgar se não foi bom. [...]

[...] Sendo assim, declaramos, proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao Romano Pontífice.

 

II.              O princípio de Gelásio I

1.      Gelásio I (papa/bispo de Roma: 492-496): potestas vs auctoritas.

 

Há duas ordens, ó Augusto imperador, através das quais este mundo é governado: a autoridade sagrada (auctoritas sacrata) dos pontífices e o poder real (regalis potestas). Contudo, o fardo colocado sobre os sacerdotes é o mais forte, porque são eles que têm de prestar contas no Juízo divino, mesmo pelos reis dos homens. Fica a saber, ó filho mais clemente, que, embora tenhas precedência na raça humana em dignidade, mesmo assim dobras o teu pescoço em submissão devota aos que presidem sobre as coisas divinas, e olham pelos meios da salvação. Participando dos sacramentos celestes. . . reconheces que estás sujeito à ordem da religião em vez de governá-la. . . Pois se os ministros da religião, reconhecendo que o teu governo lhes foi dado pela disposição divina, obedecem às tuas leis para que não pareçam obstruir o curso correto dos assuntos mundanos, com que boa vontade, ora, tu deves obedecer àqueles que foram encarregados da dispensação dos santos mistérios?

 

III.             O papa:

1.      O poder do bispo de Roma: primus inter pares

1.1   O bispo de Roma: o bispo da capital; o sucessor de Pedro

1.2   A “representação” do Imperador que não está em Roma.

1.3   Vai ganhando poder político: a representação da longínqua Constantinopla (até 751 em Roma e em Ravena): jurisdição civil e religiosa. 

1.4   Os Estados do Papa: a plena jurisdição territorial. E fora daí, o papa tem jurisdição?

 

IV.             A crise da Igreja..

1.      A desregulação da Igreja: a ignorância do clero; o concubinato; a simonia e a dotação particular de igrejas.

2.      A eleição do papa: quem elege o papa? A dependência do papa em relação ao imperador a às famílias romanas.

3.      A questão das investiduras. O papel do papa na Igreja e a intervenção dos reis nos assuntos da Igreja.

 

V.              A revolução “gregoriana”: Leão IX (1049-1054), Gregório VII (1073-1085) e Urbano II (1088-1099).

1.      Reformar: a vida interna da Igreja:

1.1  A singularização e sacralização do clero.

·       A necessidade de reinvestir no ensino do clero. A melhoria do latim; o investimento na teologia como disciplina.

·       O celibato e a castidade: distinção baseada na ideia de pureza;

·       A formação do clero.

·       De novo, uniformização da liturgia: e.g. Hispânia.

1.2  A eleição do papa.

·       A criação do colégio de cardeais como colégio de eleitores (1059).

2.      A questão das investiduras: Gregório VII vs. Henrique IV, imperador Romano-Germânico. A questão das investiduras – importância política e simbólica. A submissão ao papa.

                                                 1.     O papa pode intervir ratione peccati (por causa do pecado);

                                                    2.     A autoridade régia depende da autoridade papal;

                                                    3.     A Igreja tem poder de supervisão e comando;

                                                    4.     A Igreja tem poder de sagração e de deposição.

                                                    5.     A superioridade da Igreja sobre os reis = reis são meros instrumentos do papa e do clero.

3.      Os meios para exercer o poder: a monarquia papal e a centralização/uniformização

                                             1.     O desenvolvimento da cúria/chancelaria/administração papal.

                                             2.     O uso da força militar;

4.      O IV Concílio de Latrão (1215): o papa como ‘vigário de Cristo’: o governante de iure de toda a terra. A teoria do sol e da lua. Reformar: garantir o primado de Pedro.

Rodrigo Furtado

Bibliografia Sumária

Meyer, A. (2009), ‘Papal monarchy’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 372-396.

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Burns, J. H., ed. (1988), The Cambridge History of Medieval Political Thought, c. 350–c. 1450, Cambridge.

Canning, J. (1987), A History of Medieval Political Thought, Cambridge.

Coleman, J. (2000), A History of Political Thought from the Middle Ages to the Renaissance, Oxford.

Dyson, R. W. (2003), Normative Theories of Society and Government in Five Medieval Thinkers, Lewiston, ME, Queenston, Ontario, Lampeter.

Dyson, R, W. (20093), ‘Medieval rulers and political ideology’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 354-371.

Pennington, K. (1984), Pope and Bishops: The Papal Monarchy in the Twelfth and Thirteenth Centuries, Philadelphia.

Prodi, P. (1987), The Papal Prince: One Body and Two Souls, Cambridge.

Ullmann, W. (1949), Medieval Papalism: The Political Theories of the Medieval Canonists, London.

Ullmann, W. (1961), Principles of Government and Politics in the Middle Ages, New York.

Watt, J. A. (1965), The Theory of Papal Monarchy in the Thirteenth Century, New York.