Sumários

"Slightly Scarlet" (Allan Dwan, 1956): o "film noir" a cores.

1 Dezembro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

Para uma breve súmula das características do film noir: um herói complexo e ferido, uma femme fatale responsável pela perdição do protagonista, enleada nos seus próprios jogos de sedução; a agilidade dos diálogos, ardilosos e de duplos sentidos; o perigo espelhado nas sombras e na ocultação dos objectivos; uma acção mais sujeita às regras de criação de uma atmosfera opressiva do que à espectacularidade das peripécias ou da violência exposta; a importância das elipses significativas; a fotografia sombria em contrastado preto-e-branco; a predominância de uma angústia indizível quew quase dissolve as personagens num friso trágico de espectros.

Conclusão do visionamento comentado de Slightly Scarlet (Allan Dwan, 1956): a evolução do herói, dando-lhe progressivamente uma aura trágica de vítima das circunstâncias; a genial ideia de desdobrar a mulher fatal em duas irmãs, entregando as personagens a duas actrizes ruivas, Rhonda Fleming e Arlene Dahl, cuja semelhança física contribui para a complexidade do artifício; o noir a cores - a construção das sombras na fotografia em cuidado technicolor de John Alton,, com o negro projectado nos rosas, verdes e laranjas; a brilhante iluminação de interiores; a transformação de um romance menor de James M. Cain (mestre da hard-boiled novel) num inventivo e original guião; o ambíguo final, deixando em suspenso a presumível morte do herói maculado, parcialmente dobrado de vilão.


Allan Dwan - para uma revisão dos géneros clássicos por um pioneiro da indústria

26 Novembro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

A longa carreira de Allan Dwan, iniciada em 1911: pontos culminantes atingidos porventura ainda nos tempos de Cinema Mudo, com Robin Hood (1922) ou The Iron Mask (1929, já parcialmente sonoro), dois veículos para as acrobacias da superestrela do swashbuckler, Douglas Fairbanks, e Zaza (1923) ou Manhandled (1924), comédias concebidas por medida para a grande Gloria Swanson; uma longa travessia do deserto das pequenas produções ou mesmo da série B, com a clara excepção de duas das melhores películas de Shirley Temple - Heidi (1927) e Rebecca of Sunnybrook Farm (1938), para emergir com um carismático filme de guerra, para um pequeno estúdio, a Republic, Sands of Iwo Jima (1949); a estilização da fase final, sobretudo com o produtor Benedict Bogeaus, incluindo Westerns como Silver Lode (1954), aventuras exóticas como Escape to Burma (1955) ou The River's Edge (1957) e filmes de ficção científica, como The Most Dangerous Man Alive (1961).

Início do visionamento comentado de Slightly Scarlet (Allan Dwan, 1956): a tradição dos filmes de gangsters, revista pela densidade atmosférica do film noir; a eficácia da série B ao serviço de uma produção ambiciosa, em que a qualidade da reconstituição de interiores e a mise-en-scène relevam de um produto de um grande estúdio; o enquadramento do grande formato e a maestria do enquadramento; a relação complexa com o grande melodrama dos anos 50, no modo como se filmam escadas, as salas, as partições, os espelhos, ou as personagens femininas e os seus jogos de sedução; a noção rigorosa do timing e das simetrias espaciais.

Entrega corrigida dos testes para avaliação de conhecimentos.


"Sea Devils" (Raoul Walsh, 1953) e as variações paródicas do "swashbuckler"

24 Novembro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

Raoul Walsh e o rigor narrativo dos seus "filmes marítimos", juntando Sea Devils a Captain Horatio Hornblower (1951), The World in His Arms (1952) e Blackbeard, the Pirate (1952), numa espécie de curiosa tetralogia do mar, em que mistura paródia, melodrama e filme de época, com a clara noção de um distanciamento crítico e autorreflexivo.

Conclusão do visionamento comentado de Sea Devils (Raoul Walsh, 1953): a glória do swashbuckler numa espécie de coreografia dos movimentos e das relações com a paisagem; a precisão da mise-en-scène de Walsh, dando total consistência a um filme que se apresenta em simultâneo como uma desmontagem e um pastiche dos filmes de capa-e-espada, codificados em excesso; os mecanismos da comédia imiscuídos numa brilhante história de contrabandistas e flibusteiros, filmados com panache em glorioso technicolor; o divertimento e a seriedade de um cinema de puro entretenimento, assumido enquanto tal; a História como pretexto e as peripécias acrobáticas construídas para corresponder a uma rigorosa pintura de marinha oitocentista; os valores de produção revelando a força das imagens evocadoras da pintura de género.


Raoul Walsh e a densidade  narrativa e psicológica do "filme de acção"

19 Novembro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

Raoul Walsh  e a sua importância como "pequeno mestre" de quase todos os géneros passíveis de inclusão na designação global de filme de acção: gloriosos gangster movies como The Roaring Twenties (1939); westerns tradicionais como They Died with Their Boots On (1941) ou renovadores como Pursued (1947); prodigiosos filmes de guerra, como Objective Burma (1945) ou The Naked and the Dead (1958) ou uma série de muito influentes swashbucklers, de que Captain Horátio Hornblower (1951) é porventura o mais famoso.

Início do visionamento comentado de Sea Devils (Raoul Walsh, 1953): a concepção estilizada de um filme de capa-e-espada, ambientado no período das invasões napoleónicas, com tons subtis de paródia do género; a relevância da construção dos cenários interiores, credibilizando um argumento algo frágil e fragmentário; a ascensão de Rock Hudson a estrela de uma certa dimensão, depois de vários anos como tarimbeiro nas aventuras exóticas da Universal; o exotismo de Yvonne de Carlo, uma das "rainhas do technicolor", aproveitado ao máximo num filme em que o decorativismo é uma das peças fundamentais.


1º teste para avaliação de conhecimentos

17 Novembro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

1º teste presencial para avaliação de conhecimentos.