Sumários
Revisões
12 Novembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
A importância dos cineastas primitivos na configuração do cinema clássico americano, deixando nas obras posteriores ao advento do sonoro muitas das características que já evidenciavam nos anos 10 e 20, nas suas películas essenciais.
Revisão da matéria dada, tendente a preparar o 1º teste presencial de avaliação de conhecimentos.
"Ruby Gentry" (King Vidor, 1952): para uma revisão complexa do gótico sulista americano
10 Novembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Breve referência à tradição gótico sulista, algures entre as fantasias macabras de Edgar Allan Poe e as irreprimíveis pulsões sexuais das heroínas de William Faulkner, destabilizando o mundo à sua volta e criando uma força telúrica que gera e destrói, em simultâneo. a construção de um território perturbante feito de névoas, florestas e pântanos, de ciúmes e de incontroláveis paixões sem freio, nem limites; a natureza luxuriante engolindo as personagens no seu seio misterioso e lascivo.
Conclusão do visionamento comentado de Ruby Gentry (King Vidor, 1952): os amores e desamores à margem das regras sociais e do estabelecimentos de fronteiras identitárias; o homem como vítima e como perpetuador de uma antiga submissão; o incesto e as perversões enquanto desafio ao establishment; o amor louco como motor de um desejo de posse que não se compadece com barreiras de classe ou de sexo; eros e thanatos, a grande dicotomia geradora de forças sobrenaturais que tudo dominam; a impossibilidade de sustentar uma narrativa que seja, também ela, autodestrutiva e torrencial como os fumos que exalam da terra; Charlton Heston no seu primeiro grande papel, ao mesmo tempo, de homem másculo e de vítima de uma emasculação final por intervenção do feminino carnívoro e mortal.
King Vidor: uma visão telúrica da América profunda
5 Novembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
King Vidor, o cineasta da América profunda, envolvente e telúrica: Our Daily Bread (1934), a exaltação dos valores da revolução americana na recuperação social e política da terra em tempos de Depressão; An American Romance (1944), o canto da indústria e do desenvolvimento; Duel in the Sun (1946), uma alternativa trágica e altamente erotizada ao epos do Western e ao ethos da Americana.
Início do visionamento comentado de Ruby Gentry (King Vidor, 1952):o melodrama exótico e a figuração da mulher como ser desafiador e essencial; a narrativa em flashback, ocultando a perturbante presença da força feminina como desejo erótico puro e letal; a duplicidade de narradores em off e a função da câmara enquanto desequilíbrio de aparentes harmonias iniciais; a terra como mãe e como força destruidora; as fúrias do desejo e deveres sociais e hierárquicos do Sul; Jennifer Jones e a persona que revisita, depois de Duel in the Sun, de força sexuada primordial, sob o disfarce de tomboy; a mulher fatal e a morte.
"I'd Climb the Highest Mountain" (Henry King, 1951): a simplicidade significativa da Americana
3 Novembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Henry King, o grande mestre da Americana - um percurso essencial pelo género:o papel central de State Fair (1933), à volta da figura carismática de Will Rogers, metaforizando a América rural numa feira estadual, com os seus concursos de gado, de especialidades gastronómicas ou com os jogos tradicionais, gerando indestrutíveis elos comunitários; The Gunfighter (1950), o Western visto pelo lado nostálgico da Americana; Wait Till the Sun Shines Nellie (1952), a história de uma típica pequena cidade americana, revisitada pelas memórias de um barbeiro de província em tempos de parada comemorativa da sua fundação.
Conclusão do visionamento comentado de I'd Climb the Highest Mountain (Henry King, 1951): o confronto entre a fé e o agnosticismo; a nostalgia como ideologia e fim último de olhar atento à essencialidade da terra como raiz inescapável; o pastor protestante e as múltiplas facetas da tolerância; a doença e a morte como factores desequilibradores de um mundo centrado na ideia de Deus e na entreajuda da pequena comunidade microcósmica; para uma metafísica do lugar onde; os pequenos amores e as pequenas traições num universo provinciano e limitado da casa e da cidadezinha; a abnegação e o amor do próximo enquanto princípio cristão de superação do desejo erótico.
A Americana como género cinematográfico específico
29 Outubro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Introdução à personalidade complexa de Henry King, um dos pioneiros mais desvalorizados da História do Cinema: um dos apogeus ainda em princípio da carreira, com Tol'able David (1921), estabelecendo as coordenadas da Americana enquanto género cinematográfico, desde os contornos pictóricos da paisagem até ao psicologismo subtil das personagens, passando pela pormenorização dos interiores; a centralidade do melodrama com Stella Dallas (1925); a sua reconfiguração como tarefeiro de um estúdio (a Twentieth Century Fox), obrigando-o a desdobra-se em múltiplos géneros, incluindo westerns, swashbucklers ou musicais
Início do visionamento comentado de I'd Climb the Highest Mountain (Henry King, 1951): a essencialidade da Americana, explicitada numa acção interiorizada, caracterizando, de forma exemplar, um lado positivamente folclórico da viagem, da comunidade religiosa, dos interiores das casas, das receitas, dos pequenos rituais quotidianos, sem história, nem grandezas; o Western e a Americana, géneros opostos e complementares; a narradora feminina e o gosto pela pormenor de cerimónias religiosas, piqueniques comunitários, jogos de tradição e a placidez da vida entre montanhas; a ideologia protestante do Bible Belt e as grandes questões sobre a sobrevivência, a vida e a morte, aproximando a pequena narrativa pelo interior da Georgia numa clara metáfora da americanidade própria dos Founding Fathers.