Sumários
Fatalismo (2)
19 Dezembro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
(2) Resposta ao argumento da
batalha naval que aceita o princípio do terceiro excluído, mas rejeita o
princípio da bivalência (pseudo-aristotélica). Como é que podemos ter “p ou não
p” verdadeira, quando “p” não é verdadeira nem falsa? Modelos de tempo
ramificado (branching): um único
passado, múltiplos futuros possíveis. Noção de verdade numa história.
Absolutamente verdadeiro é apenas aquilo que é verdadeiro em todas as
histórias. Problemas para esta resposta: (i) poderá a regra de introdução da
verdade não ser válida? (ii) exemplos com apostas sobre o futuro mostram que há
uma diferença importante entre verdade e inevitabilidade; (iii) existem exemplos
abundantes de presumíveis conhecimentos empíricos sobre futuros contingentes
(assumindo que o conhecimento não implica infalibilidade).
(3) Resposta ockhamista ao
argumento da batalha naval. A ideia de Ockham para conciliar a presciência
divina com a liberdade humana. Aplicação aos futuros contingentes: a verdade
acerca do futuro não implica inevitabilidade. Proposições do tipo ‘Irei fazer
X, mas posso não o fazer’ são consistentes. Modelos de tempo ramificado com uma
história privilegiada (‘a história verdadeira ou actual’) (Ohrstrom). Principal
objecção à resposta ockhamista: se há um único futuro real, em que sentido são
os outros possíveis? Parece que, ao marcar um único futuro como real (ou
verdadeiro), estamos a dizer que os outros não são possibilidades genuínas,
objectivas – são apenas possibilidades epistémicas.
Fatalismo (1)
18 Dezembro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
O fatalismo e o problema dos
futuros contingentes. Caracterização do fatalismo: tese de que todos os factos
são necessários; ou seja, tudo o que acontece era (desde sempre) inevitável. Um
argumento clássico em defesa do fatalismo: o argumento da batalha naval
(apresentado e criticado por Aristóteles, Da
Interpretação, capítulo 9). O princípio do terceiro excluído e o princípio
da bivalência implicam o fatalismo? Verdades e falsidades (i.e., proposições
que são verdadeiras ou falsas agora)
acerca do futuro. Lógica proposicional com operadores temporais (‘Irá ser o
caso que...’, ‘Foi o caso que...’) e modais (‘É inevitável que...’). Dois
princípios de inferência usados no argumento: (i) inferência de ‘Irá ser o caso
que p’ para ‘É verdade (agora) que
irá ser o caso que p’ (ou regra de
introdução da verdade); e (ii) inferência de ‘É verdade (agora) que irá ser o
caso que p’ para ‘Inevitavelmente irá
ser o caso que p’. Três tipos de resposta
ao argumento fatalista: (1) a resposta que rejeita o princípio do terceiro
excluído; (2) a resposta que rejeita o princípio da bivalência (e a inferência
(i)); (3) a resposta (ockhamista) que rejeita a inferência (ii) da verdade para
a inevitabilidade.
(1) Resposta ao argumento da
batalha naval que rejeita o princípio do terceiro excluído (Lukasiewicz). Razões
para pensar que o terceiro excluído poderá ter excepções. O pressuposto
presentista e a ideia de futuro objectivamente em aberto. Rejeitar uma
proposição sem aceitar a sua negação. Discussão desta resposta. Problema
principal: em geral, mesmo que ‘Fp’ e
‘ØFp’
sejam indeterminadas, não parece que ‘Fp
ou ØFp’
seja indeterminada; no fim do dia de amanhã, ou terá havido batalha ou terá
sido um dia pacífico – não há nenhuma terceira possibilidade.