Sumários
Tempo (3)
31 Outubro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
Presentismo, bloco crescente e
eternismo: três perspectivas em disputa. As ideias centrais do eternismo: todos
os tempos são igualmente reais; ‘presente’, ‘passado’ e ‘futuro’ são
indexicais; uma linguagem cientificamente rigorosa deve eliminar os tempos
verbais (deve ser tenseless, quer nas
predicações quer na quantificação); a noção de existência é absoluta (nada
começa a existir e nada deixa de existir); o espaço-tempo é um bloco
tetradimensional; as coisas materiais são objectos tetradimensionais, que têm
partes temporais; a passagem do tempo é uma ilusão. Dificuldades para o
eternismo. (i) Se o futuro é exactamente como o passado, isso não implica o
fatalismo? (ii) O eternismo implica que não há mudança genuína das coisas?
(iii) Como explica o eternismo a aparente assimetria (ou direcção) do tempo e,
em particular, da causalidade?
Avaliação do argumento que parte da
simultaneidade relativa. Poderá o argumento relativista ser acusado de
verificacionismo?
Arthur Prior contra o eternismo:
análise do ‘argumento do alívio’. A tradução proposta de “X é passado” por “X é
anterior a esta elocução”. A contraproposta de traduzir “X é anterior a Y” por
“Houve um tempo em que X era passado e Y era presente”.
Tempo (2)
30 Outubro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
Um problema epistémico para a
teoria do bloco crescente: como podemos saber que agora é o presente objectivo
(i.e., a última fatia do bloco temporal)? Aparentemente, o mais provável é que
estejamos algures no passado. A réplica do ‘passado morto’: o facto de estarmos
conscientes prova que estamos no presente; se estivéssemos no passado, não
teríamos estados mentais conscientes, seríamos zombies. Discussão desta
réplica.
A relatividade da simultaneidade
pode ser usada como prova de que existem tempos e acontecimentos futuros. A
perspectiva eternista: todos os tempos são igualmente reais; “passado”,
“presente” e “futuro” são indexicais; o tempo é como o espaço. Será possível
viajar no tempo? Podem ser descritas formas paradoxais de viagens para o
passado, em que o viajante faz algo de onde resulta necessariamente a sua
inexistência no momento da partida; por exemplo, o viajante comete
auto-infanticídio.
Tempo (1)
28 Outubro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
A ontologia do tempo. A teoria
presentista: só existem as coisas presentes (Markosian). A ideia intuitiva de
que as coisas (inteiramente) passadas já não existem e de que as coisas
(inteiramente) futuras ainda não existem. A crítica de Prior ao uso de uma
noção relativizada de existência (existir na mitologia grega, na mente humana,
num mundo possível, no passado, etc.) e a defesa de operadores temporais (de
passado e de futuro). A passagem do tempo. O presentismo propõe uma visão
dinâmica: o presente muda, ou seja, diferentes presentes sucedem-se uns aos
outros. O que é futuro torna-se presente e depois passado. A inexistência do
futuro explica a ideia comum de que o futuro está em aberto. Mas como pode o
presentismo explicar que o passado esteja encerrado e seja imutável? Uma
alternativa ao presentismo: a teoria do bloco crescente, que diz que existem as
coisas passadas e presentes (Broad). Com a passagem do tempo, a realidade ganha
novas partes, mas não perde nenhuma. Uma dificuldade séria para ambas as
teorias: a teoria da relatividade restrita implica que a simultaneidade é
relativa a um quadro de referência e que por isso não existe um presente
objectivo, único e universal.
Causalidade (2)
24 Outubro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
A teoria contrafactualista da causalidade (Lewis). As
condições de verdade das contrafactuais: “Se A fosse o caso, C seria o caso” é
verdadeira no mundo actual se e somente se ou (i) nenhum mundo-A é possível ou
(ii) algum mundo A-e-C é mais próximo do mundo actual do que qualquer mundo
A-e-não-C. Definição de dependência causal: se C e E são dois acontecimentos actuais distintos, E depende causalmente
de C se e somente se, se C não ocorresse E não ocorreria. Os casos especiais de
causalidade por ausência. Nos casos de ‘pre-emption’ (causa preterida), há
causalidade sem dependência causal. O ancestral de uma relação. A causalidade é
o ancestral da relação de dependência causal: C é uma causa de E se e somente
se existe uma cadeia causal que leva de C a E (i.e., uma sequência finita de
acontecimentos tais que cada um depende causalmente do anterior). A assimetria
temporal (as causas precedem os efeitos) como aspecto contingente. Alegados
contra-exemplos à transitividade da causalidade. Processos causais
probabilísticos (não-deterministas ou que envolvem acaso).
Aula cancelada
23 Outubro 2024, 11:00 • Ricardo Santos
A aula foi cancelada devido à participação do docente numa reunião do Conselho de Escola da FLUL.