Sumários

Livre-arbítrio (3)

16 Dezembro 2024, 11:00 Ricardo Santos

Introdução aos dois tipos de compatibilismo: (i) o que preserva a liberdade como poder de agir de outra maneira e dá uma análise de tal poder compatível com o determinismo, e (ii) o que dá uma análise da liberdade compatível com a ausência do poder de agir de outra maneira. (i) Apresentação do primeiro tipo de compatibilismo. Possíveis análises de ‘S podia não ter feito X’. A análise condicional: se S tivesse decidido não fazer X, S não teria feito X. Refinamento da análise condicional (Smith): S podia não ter feito X sse há um conjunto sistemático de situações possíveis (onde a base causal da acção de S permanece a mesma, mas a realidade pode mudar noutros aspectos que dão o input à base causal) onde S não faz X. Problema: a distinção entre a base causal e os outros aspectos é pouco clara. (ii) Apresentação do segundo tipo de compatibilismo, que recusa o poder de agir de outra maneira (Frankfurt). (iia) Exemplos em que a necessidade de fazer algo e a liberdade parecem compatíveis. (iib) Noção de liberdade como correspondência entre decisões de 1a ordem com desejos de 2a ordem. Problema: os desejos de 2a ordem (e de ordens superiores) poderiam ter sido “impostos” ao sujeito de maneira tal que, intuitivamente, o sujeito não é livre. Conclusão: o livre-arbítrio permanece um mistério.


Aula cancelada

12 Dezembro 2024, 11:00 Ricardo Santos

A aula foi cancelada devido à participação do docente numa reunião do Senado da Universidade de Lisboa.


Livre-arbítrio (2)

11 Dezembro 2024, 11:00 Ricardo Santos

Apresentação do determinismo radical (Pereboom). Discussão dessa posição. Objecção 1: contradiz sistematicamente os dados da introspecção. Objecção 2: muitas áreas do nosso pensamento (p. ex., moral e direito) parecem pressupor que haja acções livres. Apresentação do libertismo (Kane): como o carácter probabilístico das leis da mecânica quântica poderá permitir negar o determinismo. Determinismo vs. indeterminismo: uma questão científica em aberto. Poderá o indeterminismo ser suficiente para afirmar a liberdade? Discussão da questão. Objecção 1: é insatisfatório fazer depender a nossa liberdade do que acontece no exótico mundo subatómico, e nem sequer é claro que a ciência actual postule indeterminismo onde e na medida que se requereria para uma liberdade substancial. Objecção 2: o indeterminismo da física quântica simplesmente introduz eventos que acontecem por puro acaso, sem nenhuma explicação ou razão: longe de preservar a ideia de que as nossas acções são livres, tal indeterminismo parece até pôr em risco a ideia de que somos autores das nossas acções. Refinamento da posição do determinismo radical à luz desta discussão: ou não há liberdade porque há suficiente determinismo, ou não há liberdade porque há suficiente acaso.


Livre-arbítrio (1)

9 Dezembro 2024, 11:00 Ricardo Santos

Definição de determinismo: todos os acontecimentos particulares num certo momento mais as leis da natureza implicam todos os acontecimentos particulares em qualquer outro momento. Relação e diferenças entre a tese do determinismo e a tese do fatalismo: para o determinismo só é necessária a relação (implicação) entre [condições + leis] e um certo acontecimento, enquanto para o fatalismo é necessário o próprio acontecimento. Apresentação intuitiva do problema que o determinismo levanta para a liberdade. Se o determinismo é verdadeiro, então as nossas acções são consequências das leis da natureza e de acontecimentos que ocorreram num passado remoto. Refinamento do problema: o Argumento da Consequência (Inwagen). Formalização da tese determinista. A regra [alfa] segundo a qual ‘É necessário que X’ implica ‘X é o caso e não depende de nós’. A regra [beta] segunda a qual ‘X é o caso e não depende de nós’ e ‘X ® Y é o caso e não depende de nós’ implicam que ‘Y é o caso e não depende de nós’. A conclusão do argumento: se o determinismo é verdadeiro, então não somos livres (no sentido em que aquilo que fazemos não depende de nós). Duas posições incompatibilistas: o determinismo radical (que aceita o determinismo, mas nega a liberdade) e o libertismo (que nega o determinismo e defende a liberdade).


Identidade pessoal (3)

5 Dezembro 2024, 11:00 Ricardo Santos

O debate entre neo-lockeanos e animalistas. Avaliações contrárias dos casos simples de transplante cerebral. Uma pessoa (como nós) é um animal humano ou é (uma parte de) um cérebro (funcional)? No transplante, a pessoa resultante recebeu um cérebro alheio (com tudo o que isso implica) ou foi implantada num corpo novo? Análise do argumento do animal pensante. As duas premissas do argumento: (i) os humanos são animais que pensam; (ii) não há dois pensadores (na cadeira). Objecções ao animalismo: os casos da dicefalia e da cefalopagia. Discussão dos casos de dicefalia: as gémeas Hensel têm dois corpos (fundidos e com sobreposições)? Serão elas uma pessoa única?

[Aula leccionada com a colaboração do Doutor Hugo Luzio.]