Sumários
Constituição material (3)
14 Outubro 2022, 12:30 • Ricardo Santos
O
paradoxo da constituição material (continuação). Quarta opção: aceitar a
Coabitação, adoptando o tetradimensionalismo. Além de se estenderem no espaço
(e terem partes espaciais), os objectos materiais estendem-se também no tempo
(e têm partes temporais). Cada parte espacial existe num só lugar e cada parte
temporal existe num só momento. O objecto no seu todo consiste em todas as suas
partes juntas, espaciais e temporais. A estátua e o pedaço de barro são dois
objectos diferentes, mas um faz parte do outro: todas as partes da estátua são
partes do pedaço de barro, mas não inversamente. Por isso, o princípio de que é
impossível as mesmas partes formarem dois todos diferentes não é violado.
Consegue também explicar-se porque é que a destruição da estátua não destrói o
pedaço de barro (ainda que sejam feitos da mesma matéria), sem ter de invocar
nenhuma ‘maior fragilidade’ (?) daquela. Objecção: o tetradimensionalismo nega
a realidade da mudança.
cont.
12 Outubro 2022, 14:00 • Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc
Aprioridade do ser e reminescência.
Constituição material (2)
12 Outubro 2022, 12:30 • Ricardo Santos
O
paradoxo da constituição material (continuação). Terceira opção: niilismo. Não
há estátuas nem pedaços de barro, mas somente partículas elementares sem partes
menores. Se a Física actual estiver certa, só há electrões e quarks. Quando uma
pluralidade de partículas compõem um todo, o todo não é uma entidade adicional,
além das partículas. Existem apenas as partículas. Estátuas e outros objectos
macroscópicos do mesmo género (mesas e cadeiras, paus e pedras) são causalmente
redundantes, quer dizer, não têm poderes causais próprios, diferentes daqueles
que lhes são conferidos pelas partículas subatómicas que os constituem. O
‘princípio eleático’: só devemos aceitar a existência de entidades que tenham
poderes causais próprios. O niilismo não pode ser refutado por simples
observação. Mas podemos lançar dúvidas sobre o niilismo se considerarmos que é
possível que não haja partículas indivisíveis.
Platão
10 Outubro 2022, 14:00 • Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc
Condições de um conhecimento verdadeiro.
Constituição material (1)
10 Outubro 2022, 11:00 • Ricardo Santos
O
paradoxo da constituição material: duas premissas extremamente plausíveis
(Criação: a escultora cria a estátua; Sobrevivência: a escultora não destrói o
pedaço de barro) implicam uma conclusão chocante (Coabitação: há dois objectos
no mesmo lugar). Porque é que o pedaço de barro e a estátua são dois objectos
diferentes. Primeira opção: negar a Criação. A escultora não cria matéria nova,
apenas dá nova forma a matéria pré-existente. Os únicos objectos existentes são
pedaços (porções, quantidades) de matéria. Um objecto material é definido pela
matéria de que é feito. Essencialismo mereológico: todas as partes de um
objecto material lhe pertencem essencialmente (inspirado em Heraclito, é
solução radical para o problema do barco de Teseu). Consequência indesejável:
quando um carro é esmagado, desmontado e vendido para peças não deixa de
existir; Sócrates ainda hoje existe; cada um de nós já existia no tempo de
Sócrates. Segunda opção: negar a Sobrevivência. O pedaço de barro cessa de
existir e dá lugar à estátua. Teoria da substituição. Um objecto é feito de
certas partículas de matéria. Consoante o modo como um grupo de partículas está
disposto, estas constituirão um objecto de determinada categoria. As partículas
só podem constituir um objecto de cada vez. Vantagem: as estátuas deixam de
existir quando são esmagadas, os cubos de gelo quando derretem, as pessoas
quando morrem. Consequências indesejáveis: a resposta a “Que coisas existem?”
carece de objectividade, dado que sujeitos com esquemas conceptuais diferentes
classificam a realidade de maneiras diferentes. Terráqueos e marcianos; os
conceitos de pedacex e pedacin. Que objecto tenho na mão: uma estátua ou um
pedacin? As respostas não podem ser ambas correctas, pois só há um objecto em
cada lugar. A escolha da categoria estátua é suspeita de antropocentrismo.