Sumários
Diálogo com o encenador e actor Alexandre Pieroni Calado e com a actriz Paula Garcia sobre Dramas de Princesas de Elfriede Jelinek
17 Novembro 2015, 16:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
SAÍDA CÁ DENTRO
Recepção de Alexandre Pieroni Calado e Paula Garcia, membros da Associação Cultural Artes & Engenhos, respectivamente encenador e actor e uma das actrizes do espectáculo Dramas de Princesas de Elfriede Jelinek.
Os convidados apresentaram algumas das linhas de investigação estrutural do projecto Arquivo e Teatro, focando de seguida a sua intervenção sobre a preparação dramatúrgica da peça Morte e a Donzela III - Rosamunda da autora austríaca. Salientou-se a inspiração recolhida de filmes visionados de David Lynch, Herk Harvey, Leni Riefenstahl, Ulrich Seidel, entre outros, para a construção desta unidade do espectáculo mas também no seu conjunto, a estrear no dia 18 de Dezembro pp. no Espaço Alkantra. Os convidados exemplificaram a sua proposta através da representação de um excerto da peça em questão.
Leitura recomendada:
- JELINEK Elfriede 2015, A Morte e a Donzela I – V. Dramas de Princesas, Tradução de Anabela Mendes, dactiloscrito. Lisboa: Artes & Engenhos.
Posfácio - A PRINCESA NO MUNDO INFERIOR de Elfriede Jelinek - Uma estética exigente e democrática
12 Novembro 2015, 16:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
Comentário ao posfácio da obra A Morte e a Donzela de Elfriede Jelinek. Características de A Princesa no Mundo Inferior (Diana de Gales) que correspondem a um plano de possível dramatização desse texto: monólogo que desencadeia distância e proximidade ao mesmo tempo a partir de uma voz exterior aos acontecimentos; criação de empatia com leitor/espetador através da história trágica de uma mulher que diz respeito a todo o planeta sem dele verdadeiramente fazer parte; articulação através da presença de personagens discursivas com dramas (Jackie) anteriores ao posfácio e que recolocam questões relacionadas com o assunto de A Morte e a Donzela.
Levantamento, com a colaboração dos alunos, de aspectos que se prendem com a presença de uma estética de montagem reconhecível na escrita de Elfriede Jelinek: 1. Utilização de informação proveniente de várias fontes - excertos de biografias presentes na Wikipédia ou em obras de biógrafos como Randy Taraborrelli, obras de filósofos como Heidegger ou Barthes, excertos de poemas ou poemas completos de Martinho Lutero, Mathias Claudius ou Jacqueline Kennedy, recurso a mitos da tradição pré-clássica ocidental, antologias de narrativas de histórias e lendas do imaginário dos povos europeus como os contos fixados por Jakob e Wilhelm Grimm, partituras de Schubert, um filme, Carnival of Souls (1962), do realizador Herk Harvey – como representação de um horizonte baseado no uso de informação democratizável e a todos acessível; 2. Articulação de um discurso organizado em torno da figura retórica do contraste e do paradoxo como forma de desencadear reflexão que considere em simultâneo vários pontos de vista; 3. Manutenção, neste conjunto de pequenas peças e posfácio, da ligação entre a Morte e a Mulher (motivo medieval actualizado), cuja ingenuidade e boa-fé impedem de se tornar autónoma e de reclamar o direito à sua individualização.
Leituras recomendadas:
- JELINEK Elfriede 2015, A Morte e a Donzela I – V. Dramas de Princesas, Tradução de Anabela Mendes, dactiloscrito. Lisboa: Artes & Engenhos.
A Moda. O vestuário. A Donzela em A Morte e a Donzela IV - Jackie de Elfriede Jelinek
10 Novembro 2015, 16:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
Jacqueline Kennedy como poetisa escondida através de citação na peça A Morte e a Donzela IV – Jackie de Elfriede Jelinek.
O uso quase directo, pela autora, de investigação biográfica a partir do motor de busca Wikipédia sobre os encantos naturais de Jacqueline Kennedy testemunhados por estadistas europeus como De Gaulle e Khrushchov. Recurso estratégico à colagem e montagem.
Projecção do discurso da protagonista no universo da Moda que serviu de invólucro à Primeira-Dama dos Estados Unidos da América por curto espaço de tempo (1961-1963). Criação e ficcionalização da imagem visual e da mulher-ícone através do vestuário. O que fica por dizer sobre roupas protectoras no contexto de uma vida trágica.
Apresentação de um trabalho, pela aluna Catarina Sobral, inspirado no pensamento de Roland Barthes em Sistema da Moda. A revista Vogue (nº de Novembro) como reflexo daquilo sobre que escreve Elfriede Jelinek: a mulher-princesa protagonizada por Nicole Kidman: a Moda como realidade, a Moda como imagem visual, o discurso sobre a Moda (descrição e ficcionalização).
Leituras recomendadas:
- BARTHES, Roland 1967/2014, Sistema da Moda, Lisboa: Edições 70. (Passagens da introdução, pp. 17-80.)
- JELINEK Elfriede 2015, A Morte e a Donzela I – V. Dramas de Princesas, Tradução de Anabela Mendes, dactiloscrito. Lisboa: Artes & Engenhos.
- JELINEK, Elfriede 2000, Moda, Tradução de Anabela Mendes, in: Magazin der Süddeutsche Zeitung.
A Morte e a Donzela IV de Elfriede Jelinek - Indagação sobre desejo e realidade na ficcionalidade da peça
5 Novembro 2015, 16:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
Prossecução do trabalho de análise e interpretação de A Morte e a Donzela IV - Jackie de Elfriede Jelinek. Sensibilização ao excessivo horizonte de presença e peso da morte relativamente à subtileza com que aparecem passagens identificadoras da infância pura e libertadora de um perfil de donzela em Jackie. A força da opinião pública e dos modelos de fixação pela imagem visual que fustigam a vida de celebridades como pólo aglutinador do sentimento de desordem no campo da vida privada. Quem é esta Jackie?
Integração de contexto político – a Guerra Fria – no âmbito da vida sentimental da protagonista e da sua relação com John F. Kennedy.
Leituras recomendadas:
- BARTHES, Roland 1967/2014, Sistema da Moda, Lisboa: Edições 70. (Passagens da introdução a escolher com os alunos.)
- JELINEK Elfriede 2015, A Morte e a Donzela I – V. Dramas de Princesas, Tradução de Anabela Mendes, dactiloscrito. Lisboa: Artes & Engenhos.
- JELINEK, Elfriede 2000, Moda, Tradução de Anabela Mendes, in: Magazin der Süddeutsche Zeitung.
Caracterizar discursivamente a protagonista da peça «A Morte e a Donzela IV - Jackie» de Elfriede Jelinek
3 Novembro 2015, 16:00 • Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes
A construção de um discurso dramático-cénico em A Morte e a Donzela IV – Jackie de Elfriede Jelinek que é fundamentado pelo aproveitamento do jogo entre a imagem pública de Jackie e aquilo que de si própria a voz falante enuncia. O recurso a uma estratégia estilística apoiada na argumentação e contra-argumentação, no paradoxo, no contraponto – evocando a recuperação de um universo barroco subjacente à tragicidade da vida ficcional da personagem mas também daquilo que conhecemos da vida real da protagonista. Observação da densa mancha textual da peça – um monólogo de 25 páginas - e reconhecimento dos momentos de mudança no fluxo de ideias com que a voz de Jackie inunda o leitor. Tentativa de caracterização da protagonista.
Leituras recomendadas:
- BARTHES, Roland 1967/2014, Sistema da Moda, Lisboa: Edições 70. (Passagens a escolher com os alunos.)
- JELINEK Elfriede 2015, A Morte e a Donzela I – V. Dramas de Princesas, Tradução de Anabela Mendes, dactiloscrito. Lisboa: Artes & Engenhos.
- JELINEK, Elfriede 2000, Moda, Tradução de Anabela Mendes, in: Magazin der Süddeutsche Zeitung.