Sumários

Entre a Cultura Clássica e a Cultura Medieval: nanos gigantum humeris insidentes. Os mundos tardio e medieval: a síntese (im)possível.

20 Setembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

Entre a Cultura Clássica e a Cultura Medieval: nanos gigantum humeris insidentes (anões sentados nos ombros de gigantes; Bernardo de Chartres).

 

             I.         A Cultura Clássica (breve referência).

1.      Uma cultura aberta de matriz mediterrânea: orientalização, helenização e romanização.

2.      Uma cultura letrada e muito sofisticada: os textos clássicos – formas e conteúdos; o pensamento antigo; a arte.

3.      Uma cultura aristocrática: ideias em torno do homem e dos deuses.

4.      Uma cultura da cidade e da política: para que serve ser culto?

 

Os mundos tardio e medieval: a síntese (im)possível

          II.           330: a fundação de Constantinopla e a Antiguidade tardia.

1.       Nova Roma: a possibilidade de haver Roma sem Roma;

2.       Mediterrâneo Oriental vs. Mediterrâneo Oriental.

 

         III.           476: a devolução dos regalia do Ocidente ao imperador do Oriente.

1.      A fragmentação política + acentuar da diferenciação regional;

2.      O empobrecimento material.

 

         IV.           622: a Hégira;

1.       A conquista do Mediterrâneo e a derrota de Bizâncio e dos Persas;

2.       O dinamismo económico e cultural: islamização e cultura clássica;

 

          V.           800: a coroação de Carlos Magno;

1.       A manutenção do modelo imperial e o papel do bispo de Roma;

2.       O bascular da Europa ocidental para o Norte de Itália-Reno – a confirmação de uma tendência de 500 anos.

 

         VI.           1096: a primeira cruzada.

1.       Guerra e religião: quando a guerra é convocada pelo Papa;

2.       A Europa fora de portas: a expansão falhada para o Mediterrâneo oriental.

 

       VII.           1453: Os desafios finais.

1.       A Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o Grande Cisma (1378-1415) e a conquista de Constantinopla (1453);

2.       A Europa fora de portas: a expansão para o Atlântico.


O termo "Idade Média".

20 Setembro 2019, 10:00 Angélica Varandas

O termo "Idade Média". Problematização de balizas cronológicas: de 479 a 1453.

Como caracterizar a Idade Média: considerações.


Apresentação. Programa. Avaliação. Bibliografia.

17 Setembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

Apresentação. Programa. Avaliação. Bibliografia.

 

 

1. Programa

Esta UC procurará questionar a pertinência de três postulados: o de que a “cultura medieval” é herdeira da “cultura clássica”; o de que a “cultura medieval” é uma “cultura cristã”; e o de que a “cultura medieval” é “atrasada/ignorante”. Cada um deles será discutido sob cinco perspectivas diferentes: cultura e poder (centrado na construção cultural das monarquias imperiais e papal); cultura e sabedoria (em torno da definição de uma cultura erudita medieval); categorizações do real (o tempo, o espaço e a sociedade); processos civilizacionais (sobre a construção identitárias em torno do conceito de civilizado); disputas e controvérsias (centrados nas transformações sociais e culturais dos séculos XIII-XV). Utilizar-se-ão excertos de São João, Eusébio de Cesareia, Agostinho de Hipona, Jerónimo, Gelásio I, Ps-Dionísio Areopagita, Isidoro de Sevilha, Eginhardo, Gregório VII, Inocêncio III, Francisco de Assis, Bonifácio VIII ou Dante, e ainda textos como o Nibelungenlied, o Beowulf, ou alguma poesia trovadoresca.

 

Prólogo: ‘No princípio era o Logos’.

1.     Poder.

Depois de Constantino: urbanismo, eusebianismo e episcopalismo – um império romano e cristão.

Niceia (325) – Constantinopla (381) – Éfeso (431) – Calcedónia (451): sobre Deus e sobre o império. Translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.

A definição da monarquia papal: a reforma gregoriana, o Venerabilem e a Unam Sanctam.

 

2.     Sabedoria.

Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

‘Renovar os ensinamentos dos Romanos e instruir a Hispânia’: Isidoro e as Etimologias.

Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?

 

3.     Categorias.

Inscrever Deus no espaço: o que é o ‘real’? Cidade vs. campo; mosteiro vs. castelo; terra vs. oceano.

Reconhecer Deus no tempo: a inteligibilidade da história e a cristianização do quotidiano.

Reconhecer Deus na sociedade: definir a hierarquia. Os mundos humano e celeste: ordens e funções.

Cluny e Gregório VII: sacralização da sociedade – o monge guerreiro; as cruzadas.

 

4.     Processos civilizacionais.

A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

Controlar a mulher; assegurar a família: a sacramentalização do casamento.

O embrião das construções nacionais: mecanismos de identificação em torno do rei.

Eliminar a diferença – mártires; brux@s; homossexuais e travestis; hereges; infiéis.

 

5.     Disputas.

Os novos intelectuais e as Universidades: entre a Igreja e o rei; as corporações; a cidade.

A emergência de uma cultura nobiliárquica: a cultura nobre e a emergência do cerimonial de corte.

Mendicantes e ‘novas’ propostas de sabedoria/espiritualidade– Francisco de Assis e Boaventura.

Repensar o poder: M. Pádua e G. Ockham; J. Wycliffe e J. Hus. O Cisma e o conciliarismo.

2. Avaliação

1. Um único ensaio curto

a) máximo 2500 palavras (máximo: 6-7 páginas, escritas em Times New Roman, 12, single space), excluindo bibliografia.

b) Entregar em Word, para o mail: rodrigo.furtado@campus.ul.pt.

c) Data de entrega: até 8 de Dezembro de 2019.

 

Temas possíveis (escolher um):

A. Qual o lugar do cristianismo na cultura medieval?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Beowulf vv. 1-1069 ou Niebelungenlied 1.

B. Williamson (2014), ‘Material culture and Medieval Christianity’, The Oxford handbook of Medieval Christianity, Oxford DOI: 10.1093/oxfordhb/9780199582136.013.004.

J. Van Egen (1988), ‘The Christian Middle Ages as an historiographical problem’, The American Historical Review 91, 519-552 (a partir da p. 537).

 

 

B. Qual a relação entre a cultura medieval e a cultura clássica?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Dante Alighieri, Comédia 1-2.

R. Copeland (2016), ‘The curricular Classics in the Middle ages’, The Oxford history of Classical reception in English literature 1. 800-1558, Oxford, 21-34;

M. C. Woods (2016), ‘Experiencing the Classics in Medieval education’, The Oxford history of Classical reception in English literature 1. 800-1558, Oxford, 35-51;

 

C. A cultura medieval era ignorante?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Agostinho de Hipona, Confissões 1.

J. Mattoso (2011), ‘Onde está a sabedoria medieval?’, Memória e sabedoria, V. N. Famalicão, 181-197.

L. A. Smoller (2014), ‘‘Popular’ religious cultures’, The Oxford handbook of Medieval Christianity, Oxford DOI: 10.1093/oxfordhb/9780199582136.013.021.

 

2. Teste Final

 

 

Elementos de Avaliação

 

 

 

 

 

Ponderação

Ensaio

 

até 8 Dez.

Dom.

23h59m

por mail

obrigatório

50%

Teste final

20 Dez.

6ª f.

14h-16h

2.1

escolher apenas uma das chamadas

50%

23 Dez.

2ª f.

14h-16h

a determinar

 

 

 

 

4. Planificação de Aulas e de Leituras

Esta planificação pretende auxiliar os alunos na sua própria preparação para as aulas. Pressupõe-se que, para cada aula, o aluno tenha lido os textos.

 

1

I. Poder. Depois de Constantino: urbanismo, eusebianismo e episcopalismo – um império romano e cristão.

 

·       Van Dam, 2008: 283-316.

2

Niceia (325) – Constantinopla (381) – Éfeso (431) – Calcedónia (451): sobre Deus e sobre o império.

 

·       Van Dam, 2008: 317-362.

3

Translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.

 

·       Pocock, 1999.

4

A definição da monarquia papal: a reforma gregoriana, o Venerabilem e a Unam Sanctam.

 

·       Dyson, 20093: 354-371.

5

II. Sabedoria. Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

 

·       Cameron-Garnsey, 1998: 665-679; 704-707.

6

A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

 

  • Brown, 2013rev.: 232-247.

7

‘Renovar os ensinamentos dos Romanos e instruir a Hispânia’: Isidoro e as Etimologias.

 

  • Díaz, 1976: 11-55.

8

Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?

 

·       McKitterick, 1989: 165-210.

9

III. Categorias. Inscrever Deus no espaço: o que é a realidade? Cidade vs. campo; mosteiro vs. castelo; terra vs. oceano.

 

  • Gurevitch, 1990: 59-113.

10

Reconhecer Deus no tempo: a inteligibilidade da história e a cristianização do quotidiano.

 

·       Le Goff, 1983: 206-241.

11

Reconhecer Deus na sociedade: definir a hierarquia. Os mundos humano e celeste: ordens e funções.

 

  • Oexle, 2001: 92-143

12

Cluny e Gregório VII: sacralização da sociedade – o monge guerreiro; as cruzadas.

 

  • Miller, 20093: 211-230.

13

IV. Processos civilizacionais. A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

 

  • Morsel, 2001: 200-240.

14

Controlar a mulher; assegurar a família: a sacramentalização do casamento; etiqueta e amor cortês.

 

·       Howell, 20093: 130-160.

15

O embrião das construções nacionais: mecanismos de identificação em torno do rei.

 

 

·       Dyson, 20093: 354-371.

16

Eliminar a diferença – mártires; brux@s; homossexuais e travestis; hereges; infiéis.

 

·       Nielson, 1988: 217-241.

17

V. Desafios. Os novos intelectuais e as Universidades: entre a Igreja e o rei; as corporações; a cidade.

 

·       Collish, 1997: 265-273.

18

A emergência de uma cultura nobiliárquica: a cultura nobre e a emergência do cerimonial de corte.

 

·       Barton, 20093: 500-524

19

Os mendicantes e as ‘novas’ propostas de sabedoria/espiritualidade– Francisco de Assis e Boaventura.

 

  • Collish, 1997: 234-244.

 

20

Repensar o poder: M. Pádua e G. Ockham; J. Wycliffe e J. Hus. O Cisma e o conciliarismo.

 

·       Collish, 1997: 335-351.

 


Apresentação. Organização do semestre.

17 Setembro 2019, 10:00 Angélica Varandas

Organização do semestre: apresentação das linhas programáticas e dos elementos bibliográficos.Foi entregue aos alunos a planificação das aulas, onde constam as datas dos elementos de avaliação, bem como a ponderação de cada um deles com vista à avaliação final. 

Sessão

Data

Sumários das Sessões

1

17/09

Apresentação das linhas programáticas e dos elementos bibliográficos.

2

20/09

O termo “Idade Média”.

Idade Média: de 476 a 1453.

A Idade Média e o séc. XIX.

3

24/09

As Heranças.

O Império Romano e o Advento do Cristianismo.

4

27/09

A Cultura Monástica. Os Primeiros Padres da Igreja.

5

01/10

Neoplatonismo e outras doutrinas

6

04/10

O simbolismo do templo cristão.

7

08/10

O neoplatonismo – aula lecionada pela Profª. Doutora Filipa Afonso.

8

11/10

A cavalaria – aula lecionada pela Drª. Ana Rita Martins

9

15/10

Encontro Gesta – Anf. III

10

18/10

Os ideais aristotélicos e a filosofia nominalista. A figura de William of Ockham.

11

22/10

Uma cultura de manuscrito: produção e características dos manuscritos medievais.

12

25/10

O Livro na Idade Média. O Livro dos Livros e o Livro da Natureza. O Verbo e a relação entre a oralidade e a escrita na Cultura Medieval.

13

29/10

A auralidade. A Arte da Memória.

 

01/11

Feriado

14

05/11

A Arte da Iluminura. A relação entre o texto e a imagem.

15

08/11

O simbolismo animal e os bestiários medievais

16

12/11

As invasões bárbaras.

O caso inglês: a cultura anglo-saxónica.

17

15/11

A literatura anglo-saxónica: a poesia elegíaca.

18

19/11

PRIMEIRO TESTE PRESENCIAL ESCRITO.

19

22/11

A literatura anglo-saxónica: Beowulf.

20

26/11

A literatura anglo-saxónica: Beowulf.

21

29/11

A invasão normanda de Inglaterra e a Batalha de Hastings. O reinado de William I. O Feudalismo e a Organização da Sociedade. O reinado dos reis normandos.

22

03/12

O reinado dos reis angevinos.

O Amor Cortês e as Artes: da Lírica ao Romance de Cavalaria.

23

06/12

O reinado dos reis Plantagenetas. A reacção contra os franceses. A Guerra dos Cem Anos.

24

10/12

Sec. XIV: o século calamitoso. A Peste Negra, as danças macabras e o triunfo da morte. O conceito de macabro.

25

13/12

Uma Poética da Autoria: os Grandes Autores.  Chaucer e os The Canterbury Tales.

26

17/12

SEGUNDO TESTE PRESENCIAL ESCRITO

27

20/12

A figura de Artur e o romance arturiano. A herança celta.

 

 

AVALIAÇÃO:

2 elementos mínimos de avaliação: 2 testes presenciais escritos (45% cada um).

Participação nas aulas (10 %).

 

Horário de Atendimento:

6ºas feiras das 15h às 16h.

 

 

 

Obs: Os alunos têm à sua disposição um caderno de material de apoio.