Sumários

Os Anglo-Saxões e o cristianismo.

26 Novembro 2019, 10:00 Angélica Varandas

A cristianização dos anglo-saxões: S. Gregório Magno e Santo Agostinho de Cantuária. 

O contacto com o cristianismo celta: Aidan da Nortúmbria.
Características do cristianismo celta.


Processos civilizacionais. A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

22 Novembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

1.     As mudanças nas estruturas familiares e de herança.

1.1   Cognatismo:

1.1.1        organização horizontal; partilha masculina do poder; transmissão partilhada;

1.1.2        influência germânica profunda: vulgariza-se; explica fragilidade das construções políticas germânicas: merovíngios; Carlos Magno; Afonso VII.

1.2   Agnatismo:

1.2.1        organização vertical; chefatura familiar; sucessão patrilinear; primogenitura.

1.2.2        Roma: paterfamilias; gens.

1.2.3        Modelo da linhagem: tende a “regressar” ao Ocidente a partir do séc. XI; pq? Impedir desagregação do património; permitir construções políticas mais sólidas; resposta ao consumo de carne e à maior multiplicação biológica.

 

2.     Livros de linhagem

3.1   Necessidade de uma memória familiar; memória da família dif. memória do grupo;

3.2   Exaltação dos feitos de uma família; semelhanças com as gestas – o papel da lenda;

3.3   Estereótipos sociais de cavalaria; justificação ideológica da preeminência social.

3.4   Os 4 livros de linhagens portugueses: o Livro Velho; o segundo Livro Velho; o Nobilário da Ajuda; o Livro do Conde D. Pedro.

3.4.1        Património;

3.4.2        Linhagem;

3.4.3        Valores da Família.

3.5   De dom Gomçallo Meendez da Maya o lidador e das batalhas que ouue

Este dom Gomçallo Meemdez irmãao de dom Soeiro Meemdez o boo como se mostra em este parrafo IIIº suso dito foy adeamtado por elrrey dom Affonsso Amriquez en a fronteyra, e vemçeo muitas lides de que aqui nom fallamos. E huum dia himdo a correr apar de Beja ouue duas lides, huuma com Almoliamar e a outra com Alboaçem rrey de Tanger. E Almoliamar chamousse vemçedor das lides porque era auemturado em ellas, e avia tall força que em todo homem que posesse a lamça nom lhe valia armadura que sse lhe nom quebrasse que lha nom metesse pelo corpo. E ouuerom aquelle dia sua lide muito aficada e acharomsse ambos no campo e deromsse das lamças e forom a terra: e alli faziam huuns e os outros de todas partes muyto pera liurar aquelle com que veera. E estamdo assy a lide muito aficada chegou dom Egas Gomez de Sousa filho de dom Gomez Echigit, e dom Gomez Meemdez Gedeam, e os filhos de dom Egas Moniz de rriba de Doiro e liurarom dom Gomçallo Meemdez e pozeromno em huum cauallo; e ali foy mais aficada a lide assy que os mouros nom no poderom sofrer e foram vemçidos e morto dom Amoleimar, e dom Gomçallo Meemdez chagado de chagas mortaaes. E os christãaos himdosse muy ledos pella vitoria que ouuerom, como quer que delles muytos, despereçessem, oolharom per huum gram campo e virom viir mill de cauallo quamto mais podiam: este era Alboaçem rrey de Tanger que passara aaquem mar por cobrar o castello de Mertola que lhe tiinha forçado huum seu tyo, o quall castello fora de huum seu avoo deste Alboaçem. Este Alboaçem quisera seer na lide primeyra d'Almoleymar e nom pode porque Almol se coytou rompemdo a alua. E disserom a dom Gomçallo Meemdez em como aquellas companhas viinham, e elle chamou todollos seus fidallgos e fez com elles sua falla, que sabiam em como fora vontade de Deus de leixar com elles dom Affomso Amrriquez por guarda daquella frontaria, nom pello elle mereçer mais porque foi sua vomtade, e que, como quer que cada huum delles esto mais merecesse, que lhes pedia por mesura que pois os mouros viinham tam açerca e em esto nom podia aver comsselho alomgado que lhes prouguesse del dizer em esto aquello que lhe pareçesse. E elles todos louuaromno como aquell que era muito amado delles, e disselhes «senhores peçouos huum dom que me outorguedes o que vos quero pedir:» e elles louuaromno dizemdo que nom podia seer cousa que elle demandasse que lhes elles nom outorgassem, ca bem çertos eram que nom demandaria senom todo aguisado e sua honrra delles. E porque elle estaua mall chagado e emtemdia em ssy que a lide nom poderia sofrer por as gramdes chagas que tiinha no corpo que lhe dera Almoleymar de que perdia muito sangue de que emfraqueçiam as pernas e os membros, temendosse do caualgar com a fraqueza, o que elle emcubria muy bem a todos, pediolhes que se elle despereçesse naquela lide que ficasse dom Egas Gomez de Sousa em seu logar que era de boa linhagem e de gramdes bomdades. E elles rrespomderom que Deus o guardaria de todo cajam e de todo periigo, e sse tall cousa acomteçesse que elles fariam como lhe elle mamdaua. Este dom Egas Gomez siia casado com dona Gontinha Gonsaluez filha deste dom Gomçalo Meemdez o lidador. A dom Gomçallo Meen dez se mudaua cada vez mais a cara do rrostro e emtemdeo sua fraqueza dom Affomso Ermigic de Bayam e disselhe que sse desarmasse e que sse assentasse no campo, ca elles todos morreriam ant'ell ou vemçeriam, e elle disse que Deus nom quisesse que el escomdesse sua força emquanto lhe podesse durar amtre taaes amigos. E neesto os mouros viinham a gram pressa como aquelles que tiinham que os christãaos achariam cansados e chagados da primeira lide que ouuerom: e neesto disse dom Gomçallo Meemdez, «senhores, estes mouros veem com gram loucura, vaamollos rreçeber.» Alli desarramcarom todos comtra elles e en as primeiras feridas cayo dom Gomçallo Meemdez do cauallo como aquell que estaua ja sem força. E os fidallgos que eram muito seus amigos e estremados em bomdades quamdo viron seu caudell, desejamdo sa vida sobre todallas cousas, faziam cada uez melhor creçendolhes as forças como aquelles que eram mazellados da perda de tall amigo que tiinham que ja o nom podiam vimgar se ali o nom vimgauam. E por esta gram força açemdiasse cada uez mais e mais como aquelles que eram de gram coraçom. E de todas partes do mundo em aquell tempo escrareçiam a sas boomdades das cauallarias que faziam. Alli se espedaçauam capellinas e baçinetes e talhauam escudos e esmalhauam fortes lorigas, e feriromsse de tam dura força de tamanhos golpes que os christãaos da Espanha e os mouros que desto ouuirom fallar dos talhos das espadas que naquel logar forom feitos diserom que taaes golpes nom podiam seer dados por homeens. E esto nom foy marauilha por assy teerem, ca hi ouue golpes que derom per çima dos ombros que femderom meetade dos corpos e as sellas em que hiam e gram parte dos cauallos, e outros talhauam per meyo que as meetades se partiam cada huuma a ssa parte: e disserom que Santiago os fizera com sa mãao, pero a verdade foy esta, elles forom dados por os muy boos fidallgos com ajuda de Samtiago, e os mouros viromsse mal treitos nom o poderom sofrer e forom uençidos. E os christãaos pereçerom melhor da quarta parte: e forom a dom Gomçallo Meemdez e acharomno morto, e a tristeza e o doo dos fidallgos foy muy grande, e leuaromno muito homrradamente. El era d'idade de nouenta e çimquo annos, e alli lhe poserom nome o boo velho lidador como quer que o ja ante chamassem avia gram tempo lidador. E oolharom por as chagas que tiinha e ouuerom por gram marauilha de lhe tanto poder durar a força, ca ellas eram grandes e estauam em logares mortaaes.

Portugaliae Monumenta Historica, Scriptores, pp. 279-280

3.6   Exaltação dos valores de cavalaria: as “grandes bondades”.

3.7   A preocupação com a linhagem: o sucessor.

3.8   Referências ao Cristianimso;

3.9   O Outro: não depreciativo; o mouro nobre. A lua entre iguais.

3.10                 O encontro entre Ricardo I e Saladino: Saladino visto como cavaleiro – entendido como modelo universal que transcende etnias e religiões, mas é marca de grupo.

3.11                 A performance; o modelo para os jovens.

 

3.     Reforma “gregoriana” do casamento: a sacramentalização do vínculo.

2.1   Até ao século XI (mas dura até mais tarde: Afonso III): existência corrente de concubinas; repúdio permitido;

2.2   Revolução: Igreja intervém no foro sexual; a regulação do sexo;

2.3   Eliminar o casamento como fenómeno profano;

2.4   Casamento: a) monogâmico; b) abençoado; c) definitivo.

2.5   Assegurar a linhagem – maior centralidade da mulher.

2.6   Reproduzir um sistema social - tendência para a endogamia.

2.7   Sexo: procriação; pureza vs. impureza; os dias santos.

 

4.     A mulher.

4.1   O triunfo do agnatismo.

4.2   O culto mariano; o Cristo associado a Maria; do Pantocrator à Pietà.

4.3   A semântica cortês: transpor a linguagem vassálica para o mundo das relações entre sexos.

4.3.1        A “senhor” e o servo;

4.4   O homem: continua a deter o poder; a transmissão do poder; a linhagem é masculina; organização social assente na masculinidade.

4.5   Afirmação jurídica do estatuto da mulher.

4.5.1        o casamento

4.5.2        o modelo conjugal restrito

4.5.3        a procriação controlada.

4.5.4        Punição do adultério feminino: as noras de Filipe IV.

 

5       O Amor cortês e a poesia.

5.1   Os triângulos: a senhor, o marido, o sujeito poético.

5.2   Não é adultério; condenação da relação carnal;

5.3   Regular o desejo sexual: exaltar o autodomínio: codificar o vocabulário e o gesto;

5.4   O arquétipo da relação vassálica para falar do amor;

5.5   O amor pela dama é o amor pelo marido, o verdadeiro senhor.

5.6   Parte de um modelo masculino e regressa para o modelo masculino

5.7   Modo de organizar culturalmente a fidelidade entre homens.

5.8   Não rompe com a moral linhagística; mantem a ordem.


Os anglo-saxões.

22 Novembro 2019, 10:00 Angélica Varandas

A ocupação anglo-saxónica de Inglaterra. 

O testemunho de Beda em Historia ecclesiastica gentis Anglorum (731).
O contexto histórico.
A organização social. Chefe e aristocracia guerreira, o salão, as armas.


Processos civilizacionais. A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

19 Novembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

1.     A construção cultural da nobreza.

1.1   Senhorialização do Ocidente: o encelulamento feudal – terras; justiça; fiscalidade; exército.

1.2   Sobretudo em meados do século XI: adopção do título de cavaleiro’ para definir a nobreza (e não a propriedade).

1.2.1        Valorização social do cavaleiro: a valorização da actividade do cavaleiro.

 

2.     A literatura nobre.

2.1   Cantares de gesta: literatura e memória; processos de construção da memória diferente do da cultura clerical; a preservação dos valores que interessam. Dotar a cultura aristocrática de uma memória;

2.2   Características gerais:

2.2.1        Narrativas em verso; ritmadas;

2.2.2        Funções sociais semelhantes a Homero;

2.2.3        Elaboração=transmissão;

2.2.4        Episódicas, não lineares;

2.2.5        Seres mitológicos e cenários fantásticos;

2.3   O Beowulf.

2.3.1        Poema de gesta; tlvz composição oral semelhante a Homero;

2.3.2        Mundo anglo-saxão de vários reinos; extrema violência.

 

2.4   O ciclo dos Nibelungos: o Nibelungenlied.

2.4.1        Língua: Middle High German; a identidade alemã (s. XIX; Wagner);

2.4.2        Escrita: ca. 1200 – inúmeras redacções e versões; MAS poema de autor.

2.4.3        Disputas imaginários do final do reino dos Burgúndios; conflito interno e com os Hunos;

2.4.4        Siegfried: herói guerreiro que casa com Cremilde, irmã do rei; morto pelos irmãos da mulher; irmãos assassinados por Cremilde.

2.4.5        Siegfried: é invulnerável excepto no meio das costas.

 

2.5   Matéria carolíngia.

2.5.1        Dezenas de gestas, mais ou menos históricas e mais ou menos imaginárias.

2.5.2        Projectam-se muitos valores posteriores: o ideal de cavalaria;

2.5.3        A Canção de Rolando.

2.5.3.1    Roncesvalles; 778; Eginhardo.

2.5.3.2    Transformação da sociedade carolíngia numa sociedade de cavaleiros;

2.5.3.3    Cultura da heroicidade guerreira; sacrifício.

 

2.6   Na Península Ibérica: fenómeno mais tardio – heróis mais recentes.

2.6.1        Cantar del mio Cid.

2.6.1.1    Menor desagregação da memória;

2.6.1.2    Personagens históricas;

2.6.1.3    Guerreiro de fronteira entre cristãos e muçulmanos;

2.6.1.4    Literariamente: grande guerreiro castelhano; herói regional.

 

2.7   A Matéria da Bretanha: os cavaleiros da Távola Redonda.

2.7.1        Mundo celta entre a GB e a Bretanha.

2.7.2        Com feiticeiros e bruxas;

2.7.3        Artur, Lancelot; o Graal

 

 

3.     O Cavaleiro

3.1   O herói homérico: a aretê.

3.2   O mos maiorum romano: fides, pietas, uirtus. 

3.3   A falta de alternativa para as carreiras não-eclesiásticas: a necessidade de um modelo laico cristão.

3.4   As provas de uirtus: a batalha; os torneios;

3.5   Os códigos dos romances de cavalaria: infiéis/salteadores; donzela; escudeiro; solidão; Deus; código de cavalaria.

3.6   A recepção dos romances de cavalaria: uma literatura de corte e popular.

3.7   Por que há-de alguém ir para a cruzada?

3.7.1        O combate em nome de Deus: condição sine qua non

3.7.2        O combate contra os inféis: na Hispânia; na Terra Santa – defender a conquista; defender os mais fracos.

3.7.3        O guerreiro que se torna monge.

3.7.4        O monge que se torna guerreiro: as ordens religioso-militares.

 

4.      Criação de uma memória colectiva da nobreza – paralela da construção de uma identidade social.

4.1   Herói guerreiro: elemento unificador do grupo.    

4.2   Elemento de identificação nas áreas regionais onde o modelo se define:

4.2.1        França: temas carolíngios; matéria da Bretanha;

4.2.2        Alemanha: tempos das invasões germânicas;

4.2.3        Ibéria: ‘Reconquista’.

4.3   Projecção no passado dos valores do presente (s. XI-XII).

4.4   Modelos de comportamento que veiculam valores que permitem justificar e proteger a cultura nobiliárquica dominante politicamente.


Teste

19 Novembro 2019, 10:00 Angélica Varandas

Primeiro teste presencial escrito.