Sumários

O simbolismo do templo cristão.

18 Outubro 2019, 10:00 Angélica Varandas

O românico e o gótico. 
A mística da luz.


A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

15 Outubro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

1.     A educação clássica e a doctrina christiana.

a.      Educação e novos desafios.

                                               i.     A educação clássica ao serviço da vida política: o triuium.

                                              ii.     Saberes úteis e inúteis : em função da cidade.

                                             iii.     As ‘escolas’ cristãs de Alexandria e de Antioquia no século III; o direito dos Cristãos poderem aceder à educação;

‘Quero pedir-te que extraias da filosofia dos Gregos o que pode servir como um plano de estudo ou uma preparação para o cristianismo, e da geometria e astronomia o que servirá para explicar as Sagradas Escrituras, para que o que todos os filhos dos filósofos costumam dizer sobre geometria e música, gramática, retórica e astronomia, como companheiros auxiliares da filosofia, possamos dizer nós, sobre a própria filosofia, em relação ao cristianismo. Talvez algo deste tipo esteja suposto no que está escrito no Êxodo, da boca de Deus: que ele ordenou aos filhos de Israel que pedissem aos seus vizinhos e àqueles que habitavam com eles, vasos de prata e ouro e vestes, de modo a que, ao espoliarem os egípcios, eles pudessem ter material para a preparação das coisas que pertencem ao serviço de Deus’. (Orígenes, Carta a Gregório)

‘Não devemos errar em defender que todas as coisas necessárias e proveitosas para a vida nos vieram de Deus, e que a filosofia foi mais especialmente dada aos Gregos, como uma aliança especial com eles - sendo, como é, um degrau para a filosofia que existe de acordo com Cristo’. (Clemente de Alexandria, Stromata 8)

‘Apresentarei os melhores contributos dos filósofos dos Gregos, porque tudo o que há de bom foi dado aos homens de cima por Deus '”(João Crisóstomo, Capítulos Filosóficos, Prefácio).

                                             iv.     A Doctrina Christiana de Agostinho de Hipona.

 

b.     Tradição literária e novos conteúdos : pseudomorfose cultural.

                                               i.     Claudiano : um poeta egípcio em Roma ao serviço de Estilicão. O maravilhoso pagão como adereço.

                                              ii.     A oratória clássica ao serviço da religião: João Cristóstomo, aluno de Libânio;

                                             iii.     Juvenco e os Euangelii libri ; Proba e o centão de Vergílio In laude Christi; Sedúlio e o Carmen paschale.

c.      As bases de uma cultura de segunda mão: manuais, breviários e comentários : O triunfo de uma visão enciclopédica da cultura clássica, de segunda mão, baseada em manuais e em repertórios de exemplos.

 

2.     Os grandes pensadores (s. V-VI)

2.1   Boécio (ca. 480-524).

2.1.1        Conhecedor da filosofia clássica: comentários a Aristóteles, Porfírio, neoplatonismo, Agostinho. Sabia Grego; plano de traduzir toda a obra de Platão e Aristóteles.

2.1.2        Consolatio Philosphiae: Cristianismo + Literatura + Filosofia.

 

2.2   Cassiodoro (ca. 485-ca. 585).

2.2.1        Filho de um Prefeito do Pretório para a Itália.

2.2.2        Vários cargos da administração de Teodorico. Prefeito do Pretório (533-536). As Variae: cartas públicas e privadas (507-537): mostrar que o reino ostrogodo era imperial na sua prática: desejado por Deus. O modelo do ‘Romano colaborador’.

2.2.3        O Vivarium: um mosteiro para as letras no sul de Itália (Squilace). A importância da biblioteca. As Institutiones como regra de estudo: uma enciclopédia das artes liberais.

 

2.3   Gregório Magno (ca. 540-604).    

2.3.1        Senador; patricius; prefeito da Cidade com 33 anos; monge; diácono; todas as irmãs fazem votos;

2.3.2        Embaixador em Constantinopla (579-585/6);

2.3.3        Papa (590-604): representa o imperador em Itália

2.3.4        Enorme influência na vida espiritual: Regula pastoralis (sobre os bispos); Dialogi (sobre o monaquismo);


Gesta

15 Outubro 2019, 10:00 Angélica Varandas

Participação na Gesta - I Encontro de Estudos Medievais - para assistir à palestra do Profª Doutor Bernardo Mota, "Óptica e Filosofia na Universidade Medieval", seguida de apresentações de trabalhos de estudantes da Pós-Graduação em Estudos Medievais. 


2. Sabedoria: Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

11 Outubro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado


1.     Contrastes e mundividências

a.      A interpretação da moda:

 

https://www.youtube.com/watch?v=euR-6BS9FiQ (Agora, A. Aménabar, 2009)

 

Os destruidores vieram do deserto. Palmira devia estar à espera deles: durante anos, bandos saqueadores de fanáticos barbudos, vestidos de preto, armados com pouco mais do que pedras e barras de ferro [...] aterrorizavam o oriente do Império Romano. [...] Os seus alvos eram os templos e os ataques podiam ser surpreendentemente rápidos. Grandes colunas de pedra que tinham estado de pé durante séculos desmoronaram numa tarde; as estátuas que tinham existido durante meio milénio tiveram os seus rostos mutilados num segundo; templos que viram a ascensão do Império Romano caíram num único dia. [...] Nesta atmosfera, o templo de Atena em Palmira era um alvo óbvio. O belo edifício era uma celebração de todos os crentes agora detestados: uma repreensão monumental ao monoteísmo. [...] [Depois da destruição], só então parece que aqueles homens - aqueles cristãos - se sentiram satisfeitos com o trabalho deles. Fundiram-se mais uma vez com o deserto. Atrás deles, o templo ficou em silêncio. As lâmpadas votivas, não mais cuidadas, apagaram-se. No chão, a cabeça [da estátua] de Atena começou lentamente a ser coberta pelas areias do deserto da Síria. O "triunfo" do cristianismo tinha começado’.

C. Nixey (2018), The darkening age. The Christian destruction of the Classical world, London, 14-17.

 

b.     Cristianismo e cultura clássica: Christianus non Ciceronianus?

Jerónimo, Epístola XXII a Eustóquio, 30: ‘Há já muitos anos, embora tivesse, por causa do Reino dos Céus, cortado todas as relações com a minha casa, os meus pais, irmã, parentes e, o que é mais penoso do que isto, com o hábito dos lautos banquetes [...], não podia passar sem a biblioteca que coligira para mim, em Roma, com grande zelo e trabalho. Assim eu, infeliz, antes de ler Cícero, jejuava. Depois das ininterruptas vigílias nocturnas [...], tomava Plauto nas minhas mãos. Se porventura, caindo em mim, começava a ler um profeta, a linguagem rude horrorizava-me [...].

Quase a meio da Quaresma, uma febre, infundida nas minhas entranhas mais recônditas, invadiu o meu corpo esgotado e, sem qualquer descanso [...], devorou os meus infelizes membros ao ponto de eu mal permanecer preso aos meus ossos. [...] De repente, arrebatado em espírito, sou arrastado até ao tribunal do Juiz, onde era tanta a luz e tanto o brilho oriundos do esplendor dos que se encontravam de pé ao meu redor, que, lançado por terra, não ousava olhar para cima. Interrogado acerca da minha condição, respondi que era Cristão. Mas aquele que presidia disse: «Mentes. És Ciceroniano, não Cristão; «onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração» [Mat. 6, 21].

                  Calei-me de imediato e, entre vergastadas – efectivamente, tinha ordenado que eu fosse flagelado – era ainda mais torturado pelo fogo da minha consciência, reflectindo para comigo naquele versículo, ‘no inferno porém, quem te louvará?’ [Ps. 6, 6b]. Comecei então a gritar e a dizer entre lamentos: ‘Tem piedade de mim, Senhor, tem piedade de mim’ [Ps. 56, 2]. [...] Fui libertado, voltei à superfície e, perante a admiração de todos, abro os olhos, inundados por uma tamanha chuva de lágrimas que convenciam da minha dor os incrédulos. [...] A partir de então li os livros divinos com um empenho maior do que aquele com que antes tinha lido os livros dos mortais.

 

2.     Cristianismo e religiões não cristãs: o exemplo de Fírmico Materno.

a.      O Cristianismo como padrão cultural: ser cristão é ser como o imperador.

b.     A argumentação a favor da proibição dos rituais não cristãos. Um combate não apenas contra o politeísmo. Um combate pela racionalidade e a cultura: Basílio de Cesareia, Gregório de Nazianzo.

 

'Falta pouco para que o mal seja definitivamente proibido e afastado pelas tuas leis e para que o contágio mortal da idolatria do passado possa perecer’ (Firm. err. 20.7).

 

 

 

    1. O carácter ambíguo das atitudes de Constantino:

                                               i.     a manutenção dos ritos cívicos;

                                              ii.     os templos da deusa Tiquê (Thychê) e dos Dióscuros em Constantinopla;

 

d.     a negligência: o cada vez menor evergetismo religioso não cristão.

“Imaginei na minha cabeça o tipo de procissão que seria, com um homem a ter visões sonho: animais para sacrifícios, libações, refrões em honra do deus, incenso e os jovens da cidade a rodear o santuário, com as suas almas adornadas com toda a santidade e eles próprios vestidos com vestes brancas e esplêndidas. Mas quando entrei no santuário, não encontrei incenso, nem um bolo, nem um animal para sacrifício. Nesse momento fiquei espantado e pensei que ainda estava fora do santuário e que estavam à espera de um sinal meu, dando-me essa honra por eu ser o sumo pontífice. Mas quando comecei a indagar que sacrifício a cidade pretendia oferecer para celebrar a festa anual em honra do deus, o sacerdote respondeu: 'Trouxe comigo da minha casa um ganso como uma oferenda ao deus, mas a cidade desta vez não fez preparativos.” Juliano, Misopogon (sobre o santuário de Apolo em Dafne, perto de Antioquia).

 

    1. Edicto de Constante (ou Constâncio II) (341): cesset superstitio, sacrificiorum aboleatur insania (cod. Theod. 16.10.2): a proibição dos rituais da religio.

                                               i.     a proibição aos cristãos de participarem nos ritos e sacrifícios cívicos (321 d.C.);

                                              ii.     A proibição constante dos sacrifícios em Roma ao longo do século IV;

                                             iii.     Notícias esporádicas de conflito; mas ausência de uma política consequente até à época de Teodósio; mesmo depois, não há uma perseguição massiva;

                                             iv.     Visita de Constâncio II a Roma (357): respeito pelos templos da cidade: ao ponto de ser ele próprio apresentado por Símaco como modelo para Valentiniano II;

 

f.       Teodósio e o edicto de Tessalónica (380).

g.      Teodósio e o edicto de 391: a ilegalidade dos templos pagãos.

                                               i.     A extinção do fogo do Templo de Vesta e a proibição das Vestais. O de uirginitate de Ambrósio de Milão;

                                              ii.     A proibição da religião familiar;

                                             iii.     O abandono/destruição dos templos?

1.     Números

Gália: 2,4% templos destruídos;

Norte de África: apenas destruições em Cirene;

Ásia Menor: apenas um exemplo de destruição;

Grécia: apenas um exemplo de destruição (pelos Godos de Alarico);

Itália: apenas um exemplo de destruição;

Britânia: três exemplos de destruição;

Egipto: sete exemplos de destruição;

Síria-Palestina: vinte e um exemplos de destruição

TOTAL: 43 destruições

2.     O caso de Serapeum de Alexandria:

a.      Fontes: Rufino, Sócrates, Sozómeno (não gosta de Teófilo), Teodoreto e Eunápio (pagão).

b.     não referem qualquer biblioteca;

c.      Teófilo de Alexandria retira de um templo abandonado objectos sagrados;

d.     Reacção pagã: tomam o Serapeum, torturam e crucificam cristãos;

e.      Acabam por ser expulsos e os líderes, que eram filósofos neo-platónicos, perdoados por Teodósio;

 

Mataram muitos cristãos, feriram outros e tomaram o Serapeum, um templo que era notável pela beleza e grandeza e que estava situado num lugar alto. Converteram-no numa cidadela temporária; e para ali transportaram muitos dos cristãos, torturam-nos e obrigaram-nos a oferecer sacrifícios. Aqueles que recusaram obedecer foram crucificados, tiveram ambas as pernas quebradas ou foram mortos de algum modo cruel. Quando a sedição já durava há algum tempo, os governantes vieram e instaram o povo a lembrar as leis, a depor as armas e a abandonar o Serapeum

Sozómeno 7.15.


A cavalaria.

11 Outubro 2019, 10:00 Angélica Varandas

A cavalaria: origens e antecedentes.

A figura do cavaleiro.
(aula leccionada pela Drª Ana Rita Martins)