Sumários

Tempo (2)

29 Outubro 2020, 08:00 Ricardo Santos

Um problema epistémico para a teoria do bloco crescente: como podemos saber que agora é o presente objectivo (i.e., a última fatia do bloco temporal)? Aparentemente, o mais provável é que estejamos algures no passado. A réplica do ‘passado morto’: o facto de estarmos conscientes prova que estamos no presente; se estivéssemos no passado, não teríamos estados mentais conscientes, seríamos zombies. Discussão desta réplica.

A relatividade da simultaneidade pode ser usada como prova de que existem tempos e acontecimentos futuros. A perspectiva eternista: todos os tempos são igualmente reais; “passado”, “presente” e “futuro” são indexicais; o tempo é como o espaço. Será possível viajar no tempo? Podem ser descritas formas paradoxais de viagens para o passado, em que o viajante faz algo de onde resulta necessariamente a sua inexistência no momento da partida; por exemplo, o viajante comete auto-infanticídio.


história do conceito de metafísica

26 Outubro 2020, 14:00 Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc

Mito e metafísica.

A "Física" aristotélica e a exigência de uma "filosofia primeira" (metafísica).


Tempo (1)

26 Outubro 2020, 08:00 Ricardo Santos

A ontologia do tempo. A teoria presentista: só existem as coisas presentes (Prior). A ideia intuitiva de que as coisas (inteiramente) passadas já não existem e de que as coisas (inteiramente) futuras ainda não existem. A crítica de Prior ao uso de uma noção relativizada de existência (existir na mitologia grega, na mente humana, num mundo possível, no passado, etc.) e a defesa de operadores temporais (de passado e de futuro). A passagem do tempo. O presentismo propõe uma visão dinâmica: o presente muda, ou seja, diferentes presentes sucedem-se uns aos outros. O que é futuro torna-se presente e depois passado. A inexistência do futuro explica a ideia comum de que o futuro está em aberto. Mas como pode o presentismo explicar que o passado esteja encerrado e seja imutável? Uma alternativa ao presentismo: a teoria do bloco crescente, que diz que existem as coisas passadas e presentes (Broad). Com a passagem do tempo, a realidade ganha novas partes, mas não perde nenhuma. Uma dificuldade séria para ambas as teorias: a teoria da relatividade restrita implica que a simultaneidade é relativa a um quadro de referência e que por isso não existe um presente objectivo, único e universal.


cont do anterior

23 Outubro 2020, 14:00 Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc

A coisa em si como vontade e a sua objetivação graduada: ideia e fenómeno.

Graus de libertação da vontade: estético, ético e religioso.


Constituição Material (2)

23 Outubro 2020, 08:00 Ricardo Santos

Continuação da aula anterior. Terceira opção: niilismo. Não há estátuas nem pedaços de barro, mas somente partículas elementares sem partes menores. Se a Física actual estiver certa, só há electrões e quarks. Quando uma pluralidade de partículas compõem um todo, o todo não é uma entidade adicional, além das partículas. Existem apenas as partículas. Estátuas e outros objectos macroscópicos do mesmo género (mesas e cadeiras, paus e pedras) são causalmente redundantes, quer dizer, não têm poderes causais próprios, diferentes daqueles que lhes são conferidos pelas partículas subatómicas que os constituem. O ‘princípio eleático’: só devemos aceitar a existência de entidades que tenham poderes causais próprios. O niilismo não pode ser refutado por simples observação. Mas podemos lançar dúvidas sobre o niilismo se considerarmos que é possível que não haja partículas indivisíveis. Quarta opção: aceitar a Coabitação, adoptando o tetradimensionalismo. Além de se estenderem no espaço (e terem partes espaciais), os objectos materiais estendem-se também no tempo (e têm partes temporais). Cada parte espacial existe num só lugar e cada parte temporal existe num só momento. O objecto no seu todo consiste em todas as suas partes juntas, espaciais e temporais. A estátua e o pedaço de barro são dois objectos diferentes, mas um faz parte do outro: todas as partes da estátua são partes do pedaço de barro, mas não inversamente. Por isso, o princípio de que é impossível as mesmas partes formarem dois todos diferentes não é violado. Consegue também explicar-se porque é que a destruição da estátua não destrói o pedaço de barro (ainda que sejam feitos da mesma matéria), sem ter de invocar nenhuma ‘maior fragilidade’ (?) daquela. Objecção: o tetradimensionalismo nega a realidade da mudança.