Sumários

Livre Arbítrio (1)

14 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

Definição de determinismo: todos os acontecimentos particulares num certo momento mais as leis da natureza implicam todos os acontecimentos particulares em qualquer outro momento. Relação e diferenças entre a tese do determinismo e a tese do fatalismo: para o determinismo só é necessária a relação (implicação) entre [condições + leis] e um certo acontecimento, enquanto para o fatalismo é necessário o próprio acontecimento. Apresentação intuitiva do problema que o determinismo levanta para a liberdade. Se o determinismo é verdadeiro, então as nossas acções são consequências das leis da natureza e de acontecimentos que ocorreram num passado remoto. Refinamento do problema: o Argumento da Consequência (Inwagen). Formalização da tese determinista. A regra [alfa] segundo a qual ‘É necessário que X’ implica ‘X é o caso e não depende de nós’. A regra [beta] segunda a qual ‘X é o caso e não depende de nós’ e ‘X ® Y é o caso e não depende de nós’ implicam que ‘Y é o caso e não depende de nós’. A conclusão do argumento: se o determinismo é verdadeiro, então não somos livres (no sentido em que aquilo que fazemos não depende de nós). Duas posições incompatibilistas: o determinismo radical (que aceita o determinismo, mas nega a liberdade) e o libertismo (que nega o determinismo e defende a liberdade).


contin. do anterior

11 Dezembro 2020, 14:00 Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc

Do ser como vida à descoberta da razão dialéctica.


Fatalismo (2)

11 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

(2) Resposta ao argumento da batalha naval que aceita o princípio do terceiro excluído, mas rejeita o princípio da bivalência (pseudo-aristotélica). Como é que podemos ter “p ou não p” verdadeira, quando “p” não é verdadeira nem falsa? Modelos de tempo ramificado (branching): um único passado, múltiplos futuros possíveis. Noção de verdade numa história. Absolutamente verdadeiro é apenas aquilo que é verdadeiro em todas as histórias. Problemas para esta resposta: (i) poderá a regra de introdução da verdade não ser válida? (ii) exemplos com apostas sobre o futuro mostram que há uma diferença importante entre verdade e inevitabilidade; (iii) existem exemplos abundantes de presumíveis conhecimentos empíricos sobre futuros contingentes (assumindo que o conhecimento não implica infalibilidade).

(3) Resposta ockhamista ao argumento da batalha naval. A ideia de Ockham para conciliar a presciência divina com a liberdade humana. Aplicação aos futuros contingentes: a verdade acerca do futuro não implica inevitabilidade. Proposições do tipo ‘Irei fazer X, mas posso não o fazer’ são consistentes. Modelos de tempo ramificado com uma história privilegiada (‘a história verdadeira ou actual’) (Ohrstrom). Principal objecção à resposta ockhamista: se há um único futuro real, em que sentido são os outros possíveis? Parece que, ao marcar um único futuro como real (ou verdadeiro), estamos a dizer que os outros não são possibilidades genuínas, objectivas – são apenas possibilidades epistémicas.


Hegel

10 Dezembro 2020, 14:00 Guiomar Mafalda Maia de Faria Blanc

Introdução à sua filosofia.

Ressonâncias no pós-hegelianismo.


Fatalismo (1)

10 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

O fatalismo e o problema dos futuros contingentes. Caracterização do fatalismo: tese de que todos os factos são necessários; ou seja, tudo o que acontece era (desde sempre) inevitável. Um argumento clássico em defesa do fatalismo: o argumento da batalha naval (apresentado e criticado por Aristóteles, Da Interpretação, capítulo 9). O princípio do terceiro excluído e o princípio da bivalência implicam o fatalismo? Verdades e falsidades (i.e., proposições que são verdadeiras ou falsas agora) acerca do futuro. Lógica proposicional com operadores temporais (‘Irá ser o caso que...’, ‘Foi o caso que...’) e modais (‘É inevitável que...’). Dois princípios de inferência usados no argumento: (i) inferência de ‘Irá ser o caso que p’ para ‘É verdade (agora) que irá ser o caso que p’ (ou regra de introdução da verdade); e (ii) inferência de ‘É verdade (agora) que irá ser o caso que p’ para ‘Inevitavelmente irá ser o caso que p’. Três tipos de resposta ao argumento fatalista: (1) a resposta que rejeita o princípio do terceiro excluído; (2) a resposta que rejeita o princípio da bivalência (e a inferência (i)); (3) a resposta (ockhamista) que rejeita a inferência (ii) da verdade para a inevitabilidade.

(1) Resposta ao argumento da batalha naval que rejeita o princípio do terceiro excluído (Lukasiewicz). Razões para pensar que o terceiro excluído poderá ter excepções. O pressuposto presentista e a ideia de futuro objectivamente em aberto. Rejeitar uma proposição sem aceitar a sua negação. Discussão desta resposta. Problema principal: em geral, mesmo que ‘Fp’ e ‘ØFp’ sejam indeterminadas, não parece que ‘Fp ou ØFp’ seja indeterminada; no fim do dia de amanhã, ou terá havido batalha ou terá sido um dia pacífico – não há nenhuma terceira possibilidade.