Sumários

Teorias da História e Teorias sobre a História

2 Abril 2019, 10:00 Luís Filipe Sousa Barreto

Aula 17

2-04-2019                                                    

 

A condição temporoespacial do historiar e as categorias analíticas temporais de acontecimento, situação, época, processo. As mútuas e múltiplas implicações desde o “caso particular do possível” (G. Bachelard) às constantes/”persistências” tendenciais da mais longa duração. Fazer História no século XXI é temporizar, espacializar, relacionar, hierarquizar. A condição estratigráfica do espaço e do tempo.

As categorias gerais/globais de periodização e as suas lógicas de formação (Antiguidade, I. Média, I. Moderna, Renascimento, Humanismo, Iluminismo, etc.) Estas telas de generalização tipológica controlada são conglomerados sintéticos de mínima unidade. A historicidade destas categorias tela/tipo e as implicações de poderes na formação de traços sobreviventes, “Fontes”/”dados”. Os princípios hermenêuticos do historiar académico: imanência, autonomia, interdependência, totalidade.

O perspetivar interno/endotópico do historiar e o perspetivar externo/exotópico sobre a história. Os discursos da vizinhança: Filosofia e Literatura. Saber o que é a história implica análises, interna e externa. As Filosofias da História nos séculos XIX e XX. Teorias sobre a História que acabam por ter impacte no fazer do próprio conhecimento histórico/historiar.

Três grandes tipos de filosofia da história: As fenomenais sobre a vida humana como sentido temporal; as epistémicas sobre fundamentos e provas do historiar; as narrativistas sobre a estilística/poética na linguagem do historiador. Exemplos de filosofia da história fenomenal: K. Marx, O. Spengler, K. Jaspers, F. Fukuyma, S. P. Huntington. Alguns aspetos, temas, abordagens destas filosofias entraram na prática e na teoria do historiar: os casos dos ritmos temporais diferenciais em Marx / 1859 e a categoria chave de “período axial” (s. VIII a. c. – V a. c. – II a. c. ) para a Grécia, Pérsia, Índia, China e com implicações no presente de Karl Jaspers/ 1949. Uma indicação sobre a Intempestiva de F. Nietzsche acerca dos “Malefícios e Benefícios” da História para a vida”/1873.

 

Nota Bibliográfica:

 

O valor da leitura na língua original ou em críticas edições bilingues o exemplo de F. Nietzsche – Von Nutzen Und Nachteil Der Historie Fuer Das Leben”, Paris, Montaigne, 1964, p. 196 – p. 389


2. O passado é um país estrangeiro ou toda a história é contemporânea? (12)

29 Março 2019, 16:00 José Damião Rodrigues

2. O passado é um país estrangeiro ou toda a história é contemporânea?

2. 3. A memória e a função social da história. Comemorações, museus e arquivos.

História, memória e esquecimento. Esquecimento e obliteração. Memória e história pública.

Memória e património: o alargamento do conceito de "património"; a crise do futuro.


Bibliografia:

GARDNER, James B.; HAMILTON, Paula, "The Past and Future of Public History: Developments and Challenges", in Paula Hamilton e James B. Gardner (eds.), The Oxford Handbook of Public History, 2017 [DOI:

10.1093/oxfordhb/9780199766024.013.29];

HARTOG, François, Régimes d’historicité. Présentisme et expériences du temps, "La librairie du XXIe siècle", Paris, Seuil, 2003;

NORA, Pierre (dir.), Les Lieux de Mémoire, "Quarto", s. l. [Paris], Gallimard, 1997 [edição original: 1984-1992)], vol. I;

RICOEUR, Paul; CASTORIADIS, Cornelius, Diálogo sobre a História e o Imaginário Social, "Biblioteca de Filosofia Contemporânea, 47", Lisboa, Edições 70, 2016 [edição original: 2016].


A emergência dum Estatuto de Historiar

28 Março 2019, 10:00 Luís Filipe Sousa Barreto

Aula 16

28-03-2019                                                                                       

 

O teorizar do espaço de conhecimento do Historiar: uma condição processual da mais longa duração. Processos de herança, repetição, transformação que fundam persistências e metamorfoses.

A História como (parcial) autonomia com dinamismo interior de campo/área e como interdependência exterior com outros domínios (dos mais próximos, literatura/filosofia aos mais distantes como medicina e astronomia). Para além destes dois dinamismos intelectuais forças institucionais de fomento, controle e acolhimento do Historiar (poderes de escrita, urbanos, políticos, económicos, etc.).

A História nasce como inquérito racional e empírico de perspetiva temporoespacial sobre atividades chave dos Humanos. O historiar nasce e desenvolve-se na ambivalência uno/múltiplo. Ao nascer, o centro/ponto nuclear do campo do historiar está na monografia militar, político-constitucional mas, logo a partir dos séculos V e IV a. C. surgem, também, histórias locais, biografias históricas, cronologias, geneaologias, livros de gentes e regiões, histórias da ciência, das artes, da literatura, etc. A História organiza-se e fragmenta-se/especializa-se por tempos e espaços de temas e de problemas, técnicas e categorias. Nascer e crescer entre e intra literatura e filosofia. Apre(e)ndendo com elas e também fornecendo elementos. Uma teoria da história objetiva tem de assentar na historiografia (história do historiar).

 

Bibliografia mencionada:

 

Betti, Emilio – Teoria Generale della Interpretazione, Milão, Guiffré, 1955, 2 vols (trad. Ing., CSIPP, 2015)

Fornana, C. W. – The Nature of History in Ancient Greece and Rome, Berkeley, U. of California Press, 1983

Grafton, Anthony – The footnote: A Curious History, Cambridge, Mass., Harvard U. Press, 1999

-       What Was History? The Art of History is Early Modern Europe, Cambridge, Cambridge U. Press, 2012

 

 


2. O passado é um país estrangeiro ou toda a história é contemporânea? (11)

26 Março 2019, 16:00 José Damião Rodrigues

2. O passado é um país estrangeiro ou toda a história é contemporânea?

2. 3. A memória e a função social da história. Comemorações, museus e arquivos.

"Lugares de memória" e "instituições da memória". A importância dos "lugares de memória". Museus nacionais, regionais e locais: as múltiplas memórias e identidades. A necessidade de historicizar as colecções: dinâmica política, imaginário político, políticas patrimonial e museológica. As comemorações, a memória e a escrita da história: comparações entre a Europa e as Américas. As "guerras de memórias". Os heróis populares: verdade e mito.


Bibliografia:

Obras indicadas na aula anterior;

HOBSBAWM, Eric J., Primitive rebels: studies in archaic forms of social movement in the 19th and 20th centuries, New York, Norton Library, 1965 [edição original: 1959];

HOBSBAWM, Eric J., Bandidos, Barcelona, Ariel, 1976 [edição original: 1969];

NORA, Pierre (dir.), Les Lieux de Mémoire, "Quarto", s. l. [Paris], Gallimard, 1997 [edição original: 1984-1992)], vol. I.


Teoria da História: Estatuto e Fundamentos

26 Março 2019, 10:00 Luís Filipe Sousa Barreto

Aula 15

26-03-2019                                                              

 

A Teoria da História como interrogação crítica e histórica do historiar enquanto elucidação, legitimação, fundamentação, demarcação. Diferenciar Teorias da História das Filosofias da História. Em História, como em todas as racionalidades/ciências empírico-factuais, a teoria é mais implícita, dispersa, disseminada e integrada na prática do fazer do conhecimento do que explicita, sistemática, especializada atividade levada a cabo pelo historiar/historiador. Não existe uma Teoria da História una, única, nem mesmo hegemónica mas, tão só teorias da História de médio/limitado alcance, prova, generalização. “…Toda a ciência da História que seja verdadeiramente História deve começar por perguntar o que é o Tempo?...” (Theodor Lessing., 1930). O tempoespaço como horizonte de ser e de sentido do campo disciplinar do historiar.

Um modelo auxiliar global temporal da Historiografia Europeia em torno de: A- História e formas de conhecimento; B – História e técnicas de conhecimento; C – História na ordem cultural. Ter uma primeira aproximação às metamorfoses e persistências do campo do historiar. As lógicas históricas da formação/formulação de temas, problemas, conceitos, técnicas operatórias. A lógica espaciotemporal do historiar nos programas dos séculos XX e XXI: problematizar/interrogar a prática. Teoria e prática fazem-se mútua e processualmente. As categorias analíticas do espaço (ordem de posição/relação): ponto, linha, campo, rede e as categorias analíticas do tempo (ordem de sucessão/duração): evento, situação, período, processo. Uma primeira elucidação ao Espacializar de temas e de problemas na investigação do historiar.

 

Bibliografia mencionada:

 

Sen, Amartya – Identity and violence: the illusion of Destiny, N. Iorque, Norton, 2007 (trad. port., Tinta da China, 2007)

 

Thom, René – Stabilité Structurelle et Morphogenèse, Paris, Inter ed., 1977

 

Wang Hui – The Politics of Imagining Asia, Cambridge, Massa., Harvard U. Press, 2011