Sumários
14 Março 2019, 10:00
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Fernando Guerreiro
1. a dificuldade (polémica) da interpretação do filme : "quem é o 'herói'?", "Sem Nome" (os "xia") ou Qin, o imperador; a complexidade do dispositivo de "encaixe(s) narrativo (uma situação de Enunciação múltipla, discursos não fiáveis e contraditórios);.
2. uma estética integral e poliarticulada: 2.1. o uso do "slow motion" para introduzir "tempo" e passar de plano: da História para o Mito; 2.2. as formas do "movimento", na horizontal e na vertical (o tropo do "vôo) ; relação com o modelo da pintura de "paisagem" (Montanha + Água) tradicional chinesa; 2.3 uma "forma-ornamentio" e "fluxo" : o modelo da Caligrafia (Espada Partida); 2.4. a questão dos valores (caracteres, símbolos): "jian" (espada)/ "tianxia" ("todos debaixo do céu"); 2.5 a dissidência do personagem feminino ("Neve esvoaçante") (o "nuxia"); 2.6 a questão do "sacrifício" (Sem Nome): as figuras do "vazio"; a relação entre o "cheio" e o "vazio"; a dificuldade do sentido politico do filme.
* projecção (comentada) de um dvd do filme
12 Março 2019, 10:00
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Fernando Guerreiro
O Cinema de "artes marciais"
1. a figura literária tradicional do "xia"; as qualidades "wu" e "wen"; o universo (atmosfera) do "jianghua";
2. no Cinema: i) os anos 20, surto do "wuxia shenguai pian" (artes marciais + fantástico=sobrenatural): 1928-1932; ii) um cinema de "atracções" (espectacular e de efeitos); iii) um cinema do "corpo" e o tropo do "voo" (Zhang Zhen); iv) a retoma do género, após a guerra em Hong Kong: o "Kung Fu" de Bruce Lee (anos 70); v) anos 80/90: o regressso à China; o "wuxia" como género épico e nacional e como alegoria da sua História (plano do mito);
3. "Hero" (2002) de Zhang Yimou
3.1. a dificuldade (polémica) da interpretação (política) do filme: "quem é o <herói>?". "Sem Nome " (os "xia") o Qin (o Imperador)?
*projecção de duas sequências, uma de "Clube dos Punhais Voadores" de Zhang Yimou e outra de "O Grande Mestre" de Wong Kar Wai
Bibliografia: textos de Stephen Teo e de Zhang Zhen na Antologia
7 Março 2019, 10:00
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Fernando Guerreiro
2.2. "Ju Dou": "a alegorical melodrama"
2.1. alterações ao texto adaptado ("Fuxi Fuxi", Liu Heng): a tinturaria (por razões plásticas), as mortes de Jinshan, Tianqing e JuDou (ultra-melodrama, paródico=carnavalesco);
2.2. um filme sobre as "paixões"="desejo": i) centralidade do personagem feminino, alegoria da China (Rey Chow); ii) o dispositivo escópico do "peep hole": ponto de vista esquinado/indirecto do Tianqing (e do espectador); reversão dessa perspectiva por Ju Dou sobre Tianqing e o espectador;
2.3. dois triangulos edipeanos ou um Édipo invertido (Jenny Lau): Tianbai (filho do "segredo") como "executor" do "pai da lei" e da ordem (moral, social);
2.4. ambiguidade do fim (sacrifício mais de "protesto" do que "pacificador"=catártico)
28 Fevereiro 2019, 10:00
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Fernando Guerreiro
1. O Cinema da 5ª Geração : a classe de 1978/1982; a "nova vaga" dos anos 80
1.1. um ponto de vista antropológico sobre as origens da cultura chinesa; reconfiguração mítica da História;
1.2. um cinema "visual": vitória da "estética" sobre a "política"; a "estética" como a nova ordem simbólica;
1.3. uma concepção mais "simbólica" do que "fotográfica" da imagem de cinema: i) exploração do "medium" (cor, texturas da imagem); ii) des-narrativização; iii) estética da "proximidade" (câmera de 16mm, em cima das coisas); iv) ângulos de tomada de vista/ movimentos de câmera inusuais (efeito de "desfamiliarização"); v) cinema da continuidade (plano-sequência) e não da montagem; vi) um novo Sujeito, tempo, espaço e real;
1.4. trabalho da "forma" inscrito na transformação do real (social, político, económico) do tempo ("Deng's China");
1.5. o "paradoxo" da modernidade: dificuldade em dar a realidade moderna e urbana;
1.7. carácter "incompleto" do trabalho /programa da 5ª Geração: da mitologização do passado (1ª fase) à melodramatização da História (o filme de época e o Wuxia).
2. Zhang Yimou
2.1. 1ª fase "formalista" (1987/ 1991) mas com característica próprias:
2.1.1. pulsionalidade vital de personagens/ situações ("Milho Vermelho", 1987);
2.1.2. centralidade dos personagens femininos com afirmação da sua passionalidade e sexualidade; como figuras (metáforas) da China (Rey Chow): o "corpo" como "living ethnographic musueum"= lugar de inscrição do diferentes poderes sociais e simbólicos (JuDou); reversão do "olhar ocidental" (um "Oriental's orientalism") (Rey Chow);
2.1.3. sensacionalismo visual do forma (a cor ("JouDou") e a linha ornamental ("A Maldição da Flor Dourada")): as alterações aos textos de base têm a função de reforçara dimensão plástica das obra (a "tinturaria" de "JuDou").
* projecção da abertura de "O Destacamento Vermelho Feminino" de Xie Jin (1961) e de sequências do bailado homínimo (1970)
Bibliografia: dois textos de Jenny Lau sobre "JouDou"
26 Fevereiro 2019, 10:00
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Fernando Guerreiro
(cont.)
2.5. 6. a inscrição do modelo da "Ópera" no "melodrama": i) acentuação da "espectacularidade" (mais "opsis"="showing" do que "muthos"="telling"); ii) introdução de momentos de "pausa"= "poses fixas" que acentuam "plasticidade" (iconicidade) da "forma" (do "ornamento" ao "símbolo"); iii) factores de "imersão" (música) mas também de "distanciamento" - situações de "desdobramento"/ "especularidade" (espelhos reflexivos não narcísicos), "mise en abyme" (representação na representação) - que introduzem um plano "reflexivo"/"crítico" (o Teatro Épico de Brecht); ; iv) como reverter o efeito de "distanciamento" para atingir público?: o processo de "consciencialização" de Chunhua (momento de sobreposição fusionante e mutacional de imagens); passagem do personagem-vìtima ("Neww Yer's Sacrifice" - drama-ópera, adaptado de Lu Xun) para a personagem-activa de "White-Haired Gilr" (ópera revolucionária); 2.5.7. os diferentes palcos de representação: i) o estreito=arte e o ii) amplo=vida; dissolução/absorção do teatro na vida? (os dois fins do filme).
* projecção (comentada) do resto do filme
Bibliografia: B. Brecht, "On Chinese Acting"