Sumários

Xie Jin. o "melodrama revolucionário" dos anos 50/60

21 Fevereiro 2019, 10:00 Fernando Guerreiro

1. O cinema chinês após a instauração da República Popular da China: do período (heróico) da fundação à Revolução Cultural de Mao (1966-1976) e ao XIº Congresso do PCC de 1978; 1.1. retrocesso do "melodrama de esquerda" (anos 30/40), estilo misto: "realismo socialista" (soviético) e "romantismo revolucionário" (Mao, Yan'an, 1942); 1.2. o cinema chinês antes e depois de 1949: características (Y. Zhang);
2. Xie Jin (3ª Geração): uma "figura de transição" entre classicismo dos anos 30/40 e a 5ª Geração (anos 80/90): 2.1. um "homem de letras", do drama para o cinema; um cinema (literário) do "script" e assente numa estrutura dramática"; 2.2. influências: i) cinema clássico americano ("Woman's picture" + "backstage melodrama"), ii) cinema soviérico (anos 30/40), iii) ópera de Shaoxing, iv) naturalismo ("novo drama" e ficção realista de Lu Xun), v) "cinema de esquerda" dos anos 30/40 (+ Neo-realismo italiano) (Gina Marchetti); 2.3. melodrama (características (Ma Ning) ): i) estrutura bipolar (didatismo),ii) tipifização e ausência de "middleground characters" ( a censura ao personagem de Yuehong), iv) mais "intriga" (acção) do que construção de personagens (Verosimilhança), v) personagem feminino (Chunhua) como "herói" ("mulan") (não "melodrama familiar"):  personagem não "para si" mas no "todo" (grupo); 2.5. o "Xie Jin model" de filme  (ecletismo, sensacionalismo emotivo, catarse pública) e a crítica da 5ª Geração; 2.5. "Two Stage Sisters" (1964): i) abertura filmada em continuidade (panorâmica com grua, da paisagem de montanha ao palco de teatro na vila): cinema total, operático que liga teatro a vida e os integra na natureza (cosmos); ii) situação de "imersão" (reforçada pelas canções) e efeito(s) de "distanciamento" (crítico): a "caixa" (denotativa da situação de representação) da cena em casa do aristocrata: do "símbolo" ao "signo" e da "ópera" (tradicional) ao teatro de 2º grau, político.
* projecção dos primeiros 30mn do filme
Bibliografia: textos de Ma Ning e Y. Zhang, sobre o autor e o filme, na pasta da cadeira (verde, 4)


Fei Mu, "Springtime in a small town" (1948) (2)

19 Fevereiro 2019, 10:00 Fernando Guerreiro

(cont.)

3.4. plano da "forma" (características): i) a "voice-over" (Yuwen): função de des-realização/onirização; ii) o "plano-sequência": continuidade, fluência, carácter dinâmico/ vivo da forma (relação cheio=visível/ vazio=invisível); iii) "composição no plano" ("staging in depth"): coreografia e narração oblíqua no plano; iv) Iluminação": "claro-escuro germânico", luz difusa (uso do "flou" e do "fondu"); jogo de sombras (dos personagens, paixões, História); 3.5. processos de "poetização":  sequências associativas de imagem (da natureza), plano de objectos (simbólicos) (motivo floral: orquídea/ bonsai), as "sobre-impressões" (duplicação, iconização), o carácter diáfano ( "transparente ") da imagem; 4. carácter não-resolvido do final: regressão, impasse ou saída (pela "forma")? Duplo final (aberto): i) para fóra= Xiu (hipótese de renovação: primavera); ii) para dentro= Yuwen (expectativa activa/ promesssa suspensa).
* projecção (comentada) de um dvd do filme 


Fei Mu, "Springtime in a Small Town" (1948)

14 Fevereiro 2019, 10:00 Fernando Guerreiro

1. o cinema do pós-guerra (1946/9): a 2ª idade de ouro do cinema chinês. O melodrama social (de esquerda): i)mais reformista do que revolucionário; ii) mais personagens femininos do que masculinos (fracos); iii) da constação da impossibilidade de reunião da família (nação);
iv) sentimento de desilusão ("victory as defeat");
2. Fei Um: um cinema de poesia (onírico); 2.1. a procura de uma "especificidade chinesa" do cinema entre "tradição" (a relação com a pintura e a ópera, poesia) e "modernidade" (da linguagem fomal do cinema); 2.2. as noções de "xuanxiang" (suspensão-imaginação) e de "kongqi" (ar: atmosfera);
3. "Springtime in a Small Town": 3.1. uma" cinematografias das ruínas" (Carolyn Fitzgerald): carácter duplo do motivo da "ruína": material e moral; a "ruína" como alegoria da China e do cinema do pós-guerra; 3.2. a figura na paisagem (Yuwen): a díade estruturante  "muro" (cheio)/ "ar" (horizonte, vazio); uma estética do "ar" (o motivo do "vento") 3.3. o carácter "esburacado" da narrativa e "falhado" dos personagens: dois extremos, Lyan= o passado, tradição (China= "sick man of Asia") e Zhichen=modernidade, elemento desestabilizador; as duas mulheres: Yuwen= entre paixão e dever e Xiu=sol+ primavera (o presente/ futuro).
* projecção dos 10mn iniciais de "Blood on Wolf Mountain" de Fei Mu (1936)


Wu Yonggang, "Shennu" ("A Divina") (1934)

12 Fevereiro 2019, 10:00 Fernando Guerreiro

1. um "melodrama de esquerda": urbano e social; 2. a "Divina" como personagem duplo (mãe/ prostituta) com ambivalência inscrita no nome (Nu Shen: deusa/ She nu: prostituta); o par iconizado mãe/ filho e ausência de uma problemática do "desejo";3.  plano do género: não estrictamente um melodrama  (minimalismo da actriz) nem cinema (tradicional) do "plano": modulação da forma que a torna mais solta/ fluida: subjectivação, câmera móvel,  profundidade de campo (estruturada pelo vazio), planificação americana; rarefacção de décors, minimalismo; 4. um cinema mais "visual" (do Tempo) do que narrativo (acção); minimalismo do décor  e simbolismo dos objectos; a marca de Griffith (vd. "O Lírio Quebrado") e o modelo de Lilian Gish; 5. plano da estrutura: a oposição entre o motio da "grelha" (plano material: claustrofobia, prisão) e a iluminação do plano (evasão); o motivo do "esconderijo" como hieróglifo do filme  e do seu duplo segredo (prostituição, bastardia); efeito de sublimação final pela luz e  magnificação do cinema (vs tradicionalismo da escrita).

* projecção de um de do filme e da sequência do esconderijo do "tesouro" de Lucy em "O Lírio Quebrado" de Griffith 


O "cinema de esquerda" dos anos 30

7 Fevereiro 2019, 10:00 Fernando Guerreiro

O Cinema dos anos 30: a 1ª "idade de ouro"
1. o  melodrama social de esquerda ("zuoyi dianying"):
1.1. a questão do "melodrama": género (modo) asiático?;
1.2. cinema de "esquerda": um cinema nacional e nacionalista (os 3 "anti" e os 4 "nacionalismos (Lianhua, 1933)); um cinema  sentimental, social e comercial; mais "harmonização" (neo-confucionismo) do que "conflito"; modelo de projecção/ identificação emocional  do público;  estrutura aberta, porosa , episódica das obras (um "vazio-cheio" significante);  efeito de "bright tail" ou de "family reunion" (final feliz, optimista);
1..3. um "cinema da mulher" ("nuxing dyanying"); caracterizada pelo "sofrimento"= figura (alegoria) da China e sintoma da crise social; 2 casos: a "nova mulher" (valoração ética) e a "mulher moderna" (mais fútil, superficial);
1.4. a nova situação da "acrtriz", como "star", no quadro de um cinema de estúdios; exposição pública do "privado"; o "drama" de Ruan Lingyu (1910-1935).
* projecção de um clip  (de "found-footage") de Wonk Kar-Wai
Bibligrafia: Antologia pp.70-78