Sumários
A construção ideológica dos novos reinos: rei, festas rituais, língua, unidade étnica e igrejas ‘nacionais’.
9 Dezembro 2024, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. O “Estado”.
1.1 Lentíssimo processo de reforço dos poderes régios desde a Idade Média.
2. O embrião das “identidades regionais”.
2.1 Afirmação do rei como figura de unidade (A).
2.2 Invenção da tradição: mecanismos de identificação (B):
2.2.1 A procura de uma unidade étnica;
2.2.2 A procura de uma unidade linguística;
2.2.3 A procura de uma unidade religiosa.
A. O REI.
3. As festas rituais.
3.1 A sagração.
3.1.1 Dimensão religiosa: no interior da Igreja (Reims); rei semelhante ao bispo: é sagrado como ele.
3.1.2 Cortejo: rei oferece-se à contemplação após a sagração; parte da catedral. Taumaturgia.
3.2 A aclamação.
3.2.1 Península Ibérica.
3.2.2 Reis colocados num estrado; jurada obediência pelos 3 estados que representam a totalidade da população.
3.2.3 Representações aclamatórias por todo o reino sem a presença do rei.
3.3 Os funerais.
3.3.1 Até s. XIII: privado;
3.3.2 S. XIV: aproveitamento público – o cortejo fúnebre e a etiqueta/hierarquia.
3.3.3 S. XV: substituição do corpo por uma efígie em tamanho natural, em madeira, pintada, que representa o rei
3.3.4 O Rei morreu, viva o rei! Em última instância: o rei nunca morre.
3.4 As entradas.
3.4.1 Entrada do rei na cidade: o cerimonial; arquitectura temporária; competição entre cidades.
B. MECANISMOS DE IDENTIFICAÇÃO.
4. A unidade étnica.
4.1 A perseguição aos elementos étnicos diversos.
4.1.1 Expulsões de judeus de França e Inglaterra;
4.1.2 Pressão sobre Galeses, Irlandeses, Escoceses;
4.1.3 Pressão sobre o Languedoc.
5. A língua.
5.1 A substituição do latim (meados do séc. XIII; D. Dinis)
5.1.1 As línguas da chancelaria: compreender a língua do rei. De cima para baixo. O simbolismo da substituição.
· França: aniquilamento da Langue d’Oc, Gascão: mantém-se oralmente. A uniformização da Langue d’Oïl.
· Castela: triunfo do castelhano sobre o leonês, o andaluz, o asturiano e o galego-português.
5.2 A Igreja.
5.2.1 As Igrejas nacionais? Dependem de quem?
5.2.2 O Galicanismo: uma igreja organizada em torno do rei.
Rodrigo furtado
Bibliografia sumária:
Watts, J. (2009), The making of polities. Europe, 1300-1500, Cambridge.
A nova cultura aristocrática: a codificação das virtudes guerreiras.
4 Dezembro 2024, 12:30 • Rodrigo Furtado
1. O nascimento das “línguas europeias”: a enorme diversidade regional.
1.1 Línguas derivadas do latim vulgar; línguas não derivadas do latim: o mundo germânico; os magiares. Os redutos pré-romanos.
1.2 Uma cultura oral até cerca do ano 1000. Enorme diversidade. Uma cultura popular híbrida: elementos naturais e sobrenaturais; mundos imaginários no passado; lugares utópicos; seres não humanos. Enorme criatividade da oralidade.
1.3 As dificuldades em passar a escrever uma língua oral.
2. A Reforma cristã, o reforço do ensino e as suas consequências no mundo não clerical.
2.1 A aposta no ensino e a abertura a grupos sociais não clericais.
2.2 A expansão da escrita e da leitura: nas cidades, nas chancelarias, entre burgueses.
3. Nas cortes dos nobres.
3.1 Sempre deve ter havido literatura oral nas línguas “vivas” vulgares.
3.2 A partir do século XI há uma vontade de começar a passar a escrito textos orais + escrever de raiz novos textos.
3.3 Novos espaços de produção: as cortes dos nobres. Escrever textos que lhes digam alguma coisa: relação entre literatura e identidade.
4. Épicas medievais.
4.1 Características gerais:
4.1.1 Narrativas de base oral;
4.1.2 Narrativas em verso; ritmadas;
4.1.3 Elaboração=transmissão;
4.1.4 Episódicas, não lineares;
4.1.5 Seres mitológicos e cenários fantásticos;
4.2 O Beowulf.
4.2.1 Certamente composição oral semelhante a Homero;
4.2.2 Mundo da Escandinávia de vários reinos; extrema violência.
4.2.3 Escrito em “Old saxon-dialecto ocidental”+outras formas dialectais; manuscrito mais antigo: s. X.
4.3 O ciclo dos Nibelungos: o Nibelungenlied.
4.3.1 Língua: Middle High German; a identidade alemã (s. XIX; Wagner);
4.3.2 Escrita: ca. 1200 – inúmeras redacções e versões.
4.3.3 Disputas imaginários do final do reino dos Burgúndios; conflito interno e com os Hunos;
5. Literatura cavaleiresca:
5.1 A cultura cavaleiresca: os cavaleiros; uma cultura de nobres; contra os infiéis/salteadores; luta pela donzela; com escudeiro; código de honra de cavalaria.
5.2 Uma literatura de corte.
5.3 Matéria carolíngia.
5.3.1 Dezenas de gestas, mais ou menos históricas e mais ou menos imaginárias.
5.3.2 A Canção de Rolando.
5.3.2.1 Roncesvalles; 778; Eginhardo.
5.3.2.2 A sociedade carolíngia retratada por uma sociedade de cavaleiros;
5.3.2.3 Cultura da heroicidade guerreira; sacrifício.
5.4 A Matéria da Bretanha: os cavaleiros da Távola Redonda.
5.4.1 Mundo celta entre a GB e a Bretanha.
5.4.2 Com feiticeiros e bruxas;
5.4.3 Artur, Lancelot; o Graal
5.5 Na Península Ibérica: fenómeno mais tardio – heróis mais recentes.
5.5.1 Cantar del mio Cid.
5.5.1.1 Personagens históricas;
5.5.1.2 Guerreiro de fronteira entre cristãos e muçulmanos;
5.5.1.3 Literariamente: grande guerreiro castelhano; herói regional.
5.5.1.4 Tema: honra; sua perda; sua recuperação – perspectiva dos infanções de fronteira.
6. A poesia trovadoresca.
6.1 A origem provençal.
6.2 Trovadores e jograis.
6.3 Cantigas de amor e o ambiente de corte. A poesia trovadoresca como competição.
6.4 O amor como tópico cultural.
7. Livros de linhagem
7.1 Necessidade de fixar/criar uma memória familiar;
7.2 Exaltação dos feitos de uma família; o papel da lenda;
7.3 Os 4 livros de linhagens portugueses: o Livro Velho; o segundo Livro Velho; o Nobilário da Ajuda; o Livro do Conde D. Pedro.
Rodrigo furtado
Bibliografia sumária:
Barton, R. E. (2009), ‘Aristocratic culture: kinship, chivalry and court culture’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 500-524.
………………………………………
Barthélemy, D. (2007), La Chevalerie: De la Germanie antique à la France du XIIe siècle, Paris.
Barton, R. E. (20093), ‘Aristocratic culture: kinship, chivalry and court culture’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 500-524.
Bouchard, C. B. (2001), “Those of my blood”: constructing noble families in Medieval Francia, Philadelphia.
Demurger, A. (2002), Chevaliers du Christ : les ordres religieux-militaires au Moyen Âge (XIe-XVIe siècle), Paris.
Duby, G. (1981), Le chevalier, la dame et le prêtre, Paris.
Elias, N. (1989), O processo civilizacional, Lisboa.
Fee C. (2011), Mythology in the Middle Ages: heroic tales of monsters, magic, and might, Santa Barbara.
Jaeger, C. S. (1985), The origins of courtliness: civilizing trends and the formation of courtly ideals, 939–1210, Philadelphia.
Krueger, R., ed. (20043), The Cambridge Companion to Medieval Romance, Cambridge.
Moore, R. I. (2000), The First European Revolution c. 970–1215, Oxford.
Morsel, J. (2001), ‘Inventing a social category: the sociogenesis of the nobility at the end of the middle ages’, Ordering the society. Perspectives on intellectual and practical modes of shaping social relations, Philadelphia, PA, 200-240.
Oliveira, A. R. (2001), O Trovador galego-português e o seu mundo, Lisboa.
Tyerman, C. J. (20093), ‘Expansion and the Crusades’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 455-474.
A descoberta de Aristóteles e a compreensão do mundo: a Escolástica como método e como espelho.
2 Dezembro 2024, 12:30 • Rodrigo Furtado
I. O Islão hispânico
c. 720 | ca. 1000 | ca. 1085-1147 |
1. O Islão hispânico.
1.1 A tolerância geral: a ausência de uma política activa de conversão. Convivência?
1.2 A conversão. A manutenção de comunidades moçárabes nas principais cidades.
1.3 Que língua falavam? O Árabe como língua litúrgica, de cultura e de poder. A manutenção do latim. O romance.
1.4 A necessidade de tradução – uma novidade no ocidente. Os textos: traduções (e.g. Orósio).
1.5 A chegada de traduções árabes de textos gregos. Porquê?
1.6 A ciência greco-árabe na Hispânia:
- Aḥmad al-Rāzī, Crónica/História dos soberanos do al-Andalus (s. X); Al-Bakri, Livro das rotas e dos reinos (s. XImed.). A importância da história e da geografia e a influência dos modelos gregos.
- Said- ad-Andalusi, As categorias das nações (s. XImed.); o apogeu dos estudos de astronomia/geometria – tábuas astronómicas; horóscopos.
2. A conquista de Toledo por Afonso VI (1085) e as suas consequências.
2.1 O rei das duas religiões. Toledo como uma cidade de fronteira.
2.2 A renovação do clero cristão na Hispânia: a influência de Cluny e da reforma gregoriana.
2.3 As primeiras traduções do Árabe para Latim:
- a tradução das tabelas astronómicas/astrológicas;
- João de Sevilha e Lima, tradução de textos de astronomia, de astrologia e sobre o astrolábio. Era tb médico – para D. Teresa.
2.4 O apogeu: Gerardo de Cremona (1114-1187), canónico da catedral: traduções de textos médicos árabes (de origem hispânica); mas tb geometria, astronomia/astrologia, alquimia: Euclides, Elementos; Ptolemeu, Almagesto.
2.5 Os comentadores de Aristóteles:
- Avicena (ca. 980-1037): persa do Uzbequistão: Cânone de Medicina. Traduzido para latim em Toledo ca. 1160. Enciclopedista: obra sobre medicina, filosofia, astronomia, alquimia, etc.
- Averróis (1126-1198): muçulmano da Hispânia; comentador de Aristóteles e enciclopedista. Conhecido em tradução latina a partir de 1220s. O mais influente comentador de Aristóteles no Ocidente.
2.6 Ausência de uma escola formal mas de mestres que atraem discípulos: o principal – Gerardo de Cremona.
2.7 A expansão do conhecimento/traduções na Europa: através do clero francês.
2.8 Aristóteles: os textos principais – Física, Metafísica, Ética, Da Alma.
3. A redescoberta dos textos aristotélicos e o progresso do conhecimento na Europa cristã.
3.1 Até ao século XII: conhecimento indirecto de Aristóteles (a partir de Cícero ou de Boécio); mesmo Platão não era conhecido directamente, mas através dos autores cristãos latinos da Antiguidade tardia;
3.2 A partir de meados do século XIII: o abandono dos textos habituais do trivium (Agostinho, Boécio, Prisciano, etc); a substituição pelo curriculum aristotélico;
4. A Universidade no século XIII:
4.1 Hierarquia: uma universidade hierarquizada; produz a distinção;
4.2 Especialização do ensino: Faculdade – predomínio de uma disciplina; auto-suficiência;
4.3 Democratização:
a. Os colégios: começam com instituições de beneficência para estudantes pobres e deslocados.
b. Cada vez mais gente fora do meio estritamente clerical – comerciantes; artífices.
c. Veículo de promoção social: acesso à cultura erudita; acesso ao funcionalismo dos reinos, que se estão a formar.
4.4 Escolástica: o ensino:
a. A escolástica. A lógica aristotélica.
b. Lectio.
c. As disputas privadas e públicas (obrigatórias de quinze em quinze dias):
quaestio/disputatio (dialéctica) +
determinatio (resultado).
d. Três princípios fundamentais:
A autoridade do edifício lógico aristotélico;
A procura da verdade filosófica através da lógica dialéctica aristotélica;
A tentativa de harmonizar fé e razão: a fundamentação lógica do cristianismo.
Rodrigo Furtado
Bibliografia Básica:
Noone, T. B. (2002), ‘Scholasticism’, A companion to Philosophy in the Middle Ages, Malden, MA, Oxford, Victoria, 55-64.
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Afonso, L. U.-Nóvoa, A.-Fernandes, H. (2013), A universidade medieval de Lisboa, lisboa.
Catto, J. I.-Evans, R.-Aston, T. H., eds. (1984), The history of the University of Oxford, Oxford.
Pedersen, O. (1997), The first universities: Studium Generale and the origins of University education in Europe, Cambridge.
Verger, J. (1973), Les Universités au moyen âge, Paris.
Verger, J. (1992), “The first French universities and the institutionalization of learning: faculties, curricula, degrees,” Learning institutionalized: Teaching in the Medieval University, Notre Dame, IN.
Aula aberta - a literatura islandesa.
26 Novembro 2024, 09:30 • Angélica Varandas
Aula aberta leccionada pelo doutorando e investigador do CEAUL Miguel Andrade: a literatura islandesa - as sagas e as Eddas.