Sumários
A Idade Média e o Romantismo.
19 Setembro 2024, 09:30 • Angélica Varandas
Discussão do texto de Umberto Eco: “Dreaming of the
Middle Ages”.
Do
Romantismo à Contemporaneidade.
‘No princípio era o Logos’: o Cristianismo como uma religião clássica. Neoplatonismo e Cristianismo.
18 Setembro 2024, 12:30 • Rodrigo Furtado
I. O prólogo do Evangelho de João.
‘No princípio (archê) existia o Logos; o Logos estava em Deus; e o Logos era Deus. No princípio (archê) ele estava em Deus. Por ele é que tudo começou a existir; e sem ele nada do que existiu existiria. Nele é que estava a Vida. E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a comprenderam. [...] [O Logos] era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, ilumina todo o ser humano. Ele estava no mundo e por ele o mundo veio à existência’ (Jo. 1.1-5; 9-10a).
II. A Helenização do Mediterrâneo Oriental: o Judaísmo helenizante
1.1 Crioulização do Judaismo;
1.2 Debates em torno da helenização dos Hebreus: sábado; restrições da dieta; circuncisão; Templo; teologia; prosélitos.
III. O Cristianismo como religião de mistérios filosófica ou uma filosofia de mistérios religiosa.
2.1 Características:
a) morte e ressurreição;
b) a ligação às estações;
c) a salvação
d) os símbolos: água, sangue, carne
2.2 A diversidade do cristianismo primitivo.
a) O judeu-cristianismo e a queda do Templo;
b) A proto-ortodoxia e a helenização.
2.3 Uma religio? O quê, então? Uma filosofia? Será tão diferente do neoplatonismo (uma espécie de filosofia religiosa ou de religião filosófica)?
IV. Os proto-ortodoxos.
a. Paulo de Tarso: um cidadão romano, nascido em Tarso, no sul da Ásia Menor, de cultura grega, judeu, convertido ao cristianismo – o ‘fundador’ do cristianismo proto-ortodoxo de influência grega.
As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil. Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança. Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido.
(1 Cor. 13.8-12).
V. A intelectualização do Cristianismo proto-ortodoxo (ss. I-III d.C.).
1. Filosofia clássica em ambiente helenístico/romano: preocupações semelhantes.
1.1 A preocupação pelo bem, pelo belo e pelo justo em si;
1.2 A preocupação cristã pela verdade; uma preocupação filosófica e não religiosa;
2. Os filósofos cristãos:
2.1 Justino (meados do II d.C.):
i. Formação filosófica clássica: estoicismo, aristot., pitagorismo, platonismo
ii. Cristianismo = culminar do pensamento filosófico antigo, uma vez que Deus = LOGOS.
2.2 A escola de Alexandria
a) Panteno (II d. C.);
b) Clemente (II-III d.C.)..
c) Orígenes: conjugar Platonismo e Cristianismo.
VI. O crescimento do Cristianismo (ss. I-III d.C.).
1. As perseguições?
a) Um modo de auto-representação.
b) O carácter esporádico: Décio (251); Diocleciano (303).
2. Números:
a) 100 d.C.: ca. 7000 | 0,01%
b) 200 d.C.: ca. 200000 | 0,33%
c) 300 d.C.: ca. 6000000 | 10%
3. Onde?
a) Cidades: ca. 2000 cidades; ca. 12 milhões de pessoas em cidades; 48 milhões no campo.
b) Cristãos “urbanos”? Talvez 3 milhões = 25% dos habitantes de cidades.
c) Cristãos “rurais”? Talvez 3 milhões = 6,25% dos habitantes do campo.
VII. O problema da conversão de Constantino.
a. O sonho da véspera da ponte Mílvia: o . A visão: Ἐν τούτῳ νίκα/in hoc signo uinces [neste(símbolo) vencerás]
Rodrigo Furtado
Bibliografia Sumária
Bockmuehl, M., ed. (2001), The Cambridge Companion to Jesus, Cambridge.
Ehrman, B. D. (20002), The New Testament. A historical introduction to the early Christian writings, New York, Oxford.
Harvey, S. A.-Hunter, D. G., ed. (2008), The Oxford Handbook of Early Christian Studies, Oxford.
Holmén, T-Porter, S. D., ed. (2011), The Handbook for the Study of the Historical Jesus, 4 vols., Leiden-Boston.
Hopkins, K. (1998), ‘Christian Number and its Implications’, Journal of Early Christian Studies 6.2, 185-226.
Mitchell, M. M.-Young, F. M., ed. (2006), The Cambridge History of Christianity. 1. Origins to Constantine, Cambridge.
Mitchell, S.-Van Nuffelen, P., ed. (2010), One God: Pagan Monotheism in the Roman Empire, Cambridge.
Piñero, A. (ed.) (1991), Orígenes del Cristianismo. Antecedentes y primeros pasos, Madrid.
Robinson, Th. (2016), Who were the First Christians? Dismantling the Urban Thesis, Oxford.
Organização do semestre.
17 Setembro 2024, 09:30 • Angélica Varandas
Apresentação das
linhas programáticas e dos elementos bibliográficos. Organização do
semestre.
Avaliação.
Apresentação. Programa. Bibliografia. Avaliação
16 Setembro 2024, 12:30 • Rodrigo Furtado
| 1. Programa |
Da Cultura da Antiguidade tardia à Cultura Medieval
I. Antiguidade tardia (ss. IV-VII)
1. ‘No princípio era o Logos’: o Cristianismo como uma religião clássica. Neoplatonismo e Cristianismo.
2. A conversão de Constantino e a cristianização da sociedade: o que aconteceu aos deuses clássicos?
3. Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.
- A complexificação de Deus – _debates em torno da divindade cristã e a definição da Trindade.
5. A cristianização do eremitismo pagão: o microcosmo monástico e a configuração da sociedade cristã.
6. O saque de Roma e Agostinho: o nascimento da filosofia política medieval.
7. Inscrever Deus no espaço e reconhecê-lo no tempo: a inteligibilidade cristã do mundo e da história.
8. A morte de Vergílio? Educação e cultura na Hispânia visigoda. O caso de Isidoro de Sevilha.
9. O desafio ao imperialismo cristão: a Hégira e o triunfo do monoteísmo islâmico.
II. Idade Média (ss. VIII-XV).
10. Quando o mundo não acaba: translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.
11. Roma/25 de Dezembro/800: renascimento imperial e política cultural – o programa carolíngio.
12. Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?
13. O Islão peninsular: a transmissão do saber clássico. Sobre a ‘escola de tradução de Toledo’.
14. A reforma gregoriana: a sacralização da sociedade e a monarquia papal.
15. Heresias, mendicantes e ‘novas’ propostas de sabedoria/espiritualidade: repensar a Igreja.
16. Desenvolvimento urbano e nascimento da universidade. Para uma ‘democratização’ da cultura?
17. A descoberta de Aristóteles: a Escolástica como método e o triunfo da Razão lógica.
18. A nova cultura aristocrática: a codificação das virtudes guerreiras e o amor cortês.
19. A construção dos novos reinos: rei, festas rituais, língua, unidade étnica e igrejas ‘nacionais’.
20. O triunfo da contestação – o Renascimento: as origens medievais de uma construção ideológica.
2. Bibliografia |
a) P. Brown (1971), The world of Late Antiquity from Marcus Aurelius to Muhammad, London, 49-68.
b) M. Humphries (2018), ‘Christianity and paganism in the Roman Empire, 250–450 ce’, A companion to religion in Late Antiquity, Malden, MA, 61-80.
c) R. van Dam (2007), The Roman revolution of Constantine, Cambridge, 283-362.
d) G. O’Daly (1999), Augustine’s City of God. A reader, Oxford, 1-38.
e) B. Breed (2021), ‘The politics of Time: epistemic shifts and the reception history of the Four Kingdoms Schema’, Four Kingdom Motifs before and beyond the Book of Daniel, Leiden-Boston, 300-328.
f) P. Brown (2013), The rise of Western Christendom. Triumph and diversity. AD 200-1000, Malden, MA, Oxford, West Sussex, 434-462.
g) R. McKitterick (1989), The Carolingians and the written world, Cambridge, 165-210.
h) G. Strohmaier (2009), ‘The Greek heritage in Islam’, The Oxford handbook of Hellenic Studies, Oxford.
i) Ch. Burnett (2011), ‘Communities of learning in twelfth-century Toledo’, Communities of Learning. Networks and the Shaping of Intellectual Identity in Europe, 1100–1500, Turnhout, 9-18.
j) A. Meyer (2009), ‘Papal monarchy’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 372-396.
k) G. G. Merlo (2014), ‘Christian experiences of Religious non-conformism’, The Oxford handbook of Medieval Christianity, Oxford.
l) T. B. Noone (2002), ‘Scholasticism’, A companion to Philosophy in the Middle Ages, Malden, MA, Oxford, Victoria, 55-64.
m) Ph. Rosemann (2009), ‘Philosophy and Theology in the Universities no companion to Medieval world’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 544-560.
n) R. E. Barton, R. E. (2009), ‘Aristocratic culture: kinship, chivalry and court culture’, Companion to the Medieval world, Malden, MA-Oxford-Chichester, 500-524.
o) J. Watts (2009), The making of polities. Europe, 1300-1500, Cambridge, 68-98.
p) N. Mann (1996), ‘The origins of humanism’, The Cambridge companion to Renaissance humanism, Cambridge, 1-19.
3. Avaliação |
Teste 1: 1/3 da nota final
Matéria: Ponto I do Programa
Data: 28 de Outubro de 2024, à hora da aula, presencial. Inclui:
Estrutura: perguntas de resposta curta (variável: entre 1 e 10 linhas) e escolha múltipla.
três perguntas de desenvolvimento médio (ca. ½ página A4 cada).
uma pergunta de desenvolvimento (ca. 1-1 ½ páginas A4)
Teste 2: 1/3 da nota final
Matéria: Ponto II do Programa
Data: 8 de Janeiro de 2025, à hora da aula, presencial. Inclui:
Estrutura: perguntas de resposta curta (variável: entre 1 e 10 linhas) e escolha múltipla.
três perguntas de desenvolvimento médio (ca. ½ página A4 cada).
uma pergunta de desenvolvimento (ca. 1 ½-2 páginas A4)
Trabalho: 1/3 da nota final
Briefing
Introdução
Imagine que é responsável numa empresa de comunicação vocacionada para trabalhar com cultura. Eu sou Director de um museu. Vou ter com a sua empresa com um briefing: quero promover as peças medievais da minha colecção. Deve pegar numa qualquer peça do meu museu, produzida até 1500, e (i) fazer uma descrição/explicação da mesma; (ii) compreender(interpretar a sala onde ela se encontra no museu; e (iii) pensar numa proposta de exposição centrada nessa peça, mas que pode conter outras peças deste ou de quaisquer outros museus nacionais ou estrangeiros.
Requisitos:
A. O projecto deve constar de três partes:
1. OBJECTO (2000 palavras): 35% da nota
a) escolha um objecto de arte medieval que lhe interesse, produzido entre os anos 300-1500, e que se encontre num qualquer museu à sua escolha, que possa visitar (pintura, ourivesaria, escultura, mobiliário, cerâmica);
b) descreva pormenorizadamente o objecto. Não interessam especialmente as características artísticas per se porque este não é um projecto de História de Arte, mas de Cultura e Comunicação. Descreva com o máximo de pormenor o que vê. Descreva todas as partes ou elementos do objecto (imagem principal, imagens mais pequenas ou secundárias), e identifique as cenas e personagens que nele estão representados. Qual o significado dessas cenas e personagens em termos simbólicos? O que quis o autor (mesmo que ele seja desconhecido) dizer?
c) Procure saber: quando, quem, para quem, onde, porquê? (por vezes não conseguimos responder a todas estas perguntas; podemos avançar hipóteses plausíveis).
d) Procure explicar em que me medida esse objecto se insere/resulta do contexto cultural da Idade Média; e de que modo ele também ajuda a compreender/estudar a cultura medieval.
e) embora possa usar a internet, tem de provar de algum modo que viu presencialmente o objecto: preferencialmente, uma selfie (eventualmente, bilhete do museu).
2. A SALA ONDE ESSE OBJECTO SE ENCONTRA ACTUALMENTE (1000 palavras): 20% da nota
Todas as salas de um museu supõem uma determinada lógica na sua organização. Um curador não amontoa objectos ao acaso. Sendo assim,
a) de que modo o objecto que escolheu dialoga com os outros objectos (quais?) que se encontram na mesma sala do museu? Qual a narrativa que está por trás dessa sala? Seja concreto.
3. O PROJECTO (2000 palavras): 45% da nota
a) Como imaginaria uma mini-exposição com uma única sala, que integrasse este objecto?
- que objectos colocaria com ele (pode escolher objectos de outros museus, mesmo que não tenha visitado, incluindo no estrangeiro)? Justifique.
- qual o público alvo? Porquê?
- como seria a disposição da sala (pode usar elementos gráficos)?
- como se chamaria a exposição?
- escreva pelo menos um texto curto de apresentação, para o público em geral.
B. O projecto pode ser feito individualmente ou em grupos de dois ou, no máximo, três pessoas.
C. A minha perspectiva como cliente não é de História de Arte. Eu quero contratar um especialista em Cultura (eu quero promover a cultura medieval num museu; quero obrigar a reflectir de que modo lê a cultura medieval num museu; de que modo um museu me ajuda a compreender um período em termos culturais) e Comunicação (quero saber como é que um museu comunica e transmite uma narrativa; de que modo seria possível organizar uma narrativa museológica em torno de um objecto medieval).
D. pode e deve usar bibliografia (textos que encontre que falem do objecto, do período cultural, do contexto histórico, ou de qualquer outro aspecto que considerem relevante); pode usar internet, mas não de forma exclusiva. Esta é uma encomenda séria, que exige uma resposta profissional por parte de alguém com formação superior na área.
E. DATAS:
Até 20 de Outubro por mail: proposta de objecto com uma curta justificação (até 250 palavras).
Até 28 de Outubro: minha resposta.
Até 3 de Novembro por mail: ressubmissão de novo objecto, caso seja necessário.
Até 1 de Janeiro por mail: entrega do projecto
8 de Janeiro: feedback – contrato-vos ou não?