Sumários

Palestra

10 Outubro 2024, 09:30 Angélica Varandas

Assistência à sessão plenária "Aquinas Angelic Doctor", proferida pelo Prof. Fran O'´Rourke, no âmbito do Congresso Internacional 750. International Colloquim on Bonaventure and Aquinas (Anf. II). 


O saque de Roma e Agostinho: o nascimento da filosofia política medieval.

9 Outubro 2024, 12:30 Rodrigo Furtado


  1. Um homem do seu tempo (354-430):
    1. De Tagaste a Milão: aristocracia local; região densamente cristianizada; professor de retórica: Tagaste (373-4), Cartago (374-84), Roma (384-6), Milão (386-7). O baptismo: 387. Bispo de Hipona: 397.

 

2.      O saque de Roma de 24 de Agosto de 410.

a.      Orbis terrarum ruit;

Chega-me um terrível rumor do Ocidente: Roma foi cercada, a vida dos cidadãos resgatada com ouro e de novo os espoliados foram cercados, de tal modo que, depois dos seus bens, também perderam a vida. Embarga-se a voz e os soluços entrecortam as palavras quando dito esta carta. Foi tomada a Cidade que tomou todo o orbe; morre com fome antes de morrer pela espada; e dificilmente se encontram uns poucos para serem capturados: Ó vergonha, o círculo da terra desmorona, mas os nossos pecados não desaparecem. A ínclita Cidade e cabeça do poder romano foi consumida por um único incêndio. Não há região que não tenha refugiados vindos de lá. Em cinzas e em brasas caíram igrejas outrora sagradas. E, ainda assim, teimamos na avareza. (Hier. ep. 128.5).

 

3.      Reconsideração da História e a origem do mal.

a.      O mal para Agostinho entra/concretiza-se na História; não existe extrinsecamente.

b.     Deus cria o ser humano dotado de liberdade e de vontade.

c.      O mal advém da vontade+liberdade humanas. Os homens são, pois, responsabilizáveis como agentes morais.

d.     O pecado original, a origem do mal e a explicação da história.

 

4.      Então não é possível ser feliz? O Cristianismo e a procura da sabedoria=felicidade.

a.      Confissões (396-7):

                                               i.     Procurar ser feliz é procurar ser sábio, porque Deus é sabedoria (Logos). Logo ser sábio é conhecer Deus. Como se atinge a sabedoria? Através da Filosofia. Logo, o cristianismo é a verdadeira filosofia.

                                              ii.     O processo de conversão: a ascensão do intelecto: As confissões pretendem mostrar a ascensão da alma até à contemplação da verdadeira Sabedoria.

                                             iii.     Quando contemplarei a Sabedoria? Depois da morte. Só depois da morte poderei talvez ser feliz.

                                             iv.     A incapacidade de, sozinho, chegar à felicidade. Porquê? Pecado origem e o mau uso da vontade e da liberdade. A doutrina da Graça.

5.      Repensar a escatologia: o sentido da história para lá da morte: a resposta a 410 e a Cidade de Deus.

a.      A cidade de Deus e a cidade do Homem: duas comunidades não materializadas em termos institucionais (e.g. a pertença à Igreja não é condição de salvação).

b.     História de duas cidades: sobrepõem-se e misturam-se; todos pertencem à cidade da terra durante a vida na terra.

c.      Como explicar o saque de Roma? A ausência de felicidade na terra.

d.     Eventualmente, a história levará depois da Parúsia à separação entre as duas cidades. A maioria: condenada; minoria será salva pela Graça.

Rodrigo furtado

Bibliografia sumária:

O’Daly, G. (1999), Augustine’s City of God. A reader, Oxford, 1-38.

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Agostinho, A cidade de Deus. Trad. J. Dias Pereira, Lisboa, 20002.

Agostinho, Confissões. Trad. A. Espírito Santo, C. Pimentel, J. Beato, Lisboa, 2000.

Agostinho, Diálogo sobre o livre-arbítrio. Trad. P. Oliveira e Silva, Lisboa, 2001

Bonner, G. (2007), Freedom and necessity. St. Augustine's Teaching on Divine Power and Human Freedom, Washington DC.

Brown, P. (1968), Augustine. A biography, London.

Kotze, A. (2004), Augustine's Confessions: Communicative Purpose and Audience, Leiden.

MacDonald, S. (2002), ‘Augustine’, A companion to philosophy in the Middle Ages, Malden, MA-Oxford-Melbourne-Berlin, 154-171.

Marrou, H.-I. (1938), Saint Augustin et la fin de la culture antique, Paris.

O'Donnell, J. J. (1992), Augustine: Confessions. Text and Commentary, 3 vol., Oxford.

Vessey, M. (2012), A companion to Augustine, Malden, MA, Oxford, Victoria.

4.      Então não é possível ser feliz? O Cristianismo e a procura da sabedoria=felicidade.

a.      Confissões (396-7):

                                               i.     Procurar ser feliz é procurar ser sábio, porque Deus é sabedoria (Logos). Logo ser sábio é conhecer Deus. Como se atinge a sabedoria? Através da Filosofia. Logo, o cristianismo é a verdadeira filosofia.

                                              ii.     O processo de conversão: a ascensão do intelecto: As confissões pretendem mostrar a ascensão da alma até à contemplação da verdadeira Sabedoria.

                                             iii.     Quando contemplarei a Sabedoria? Depois da morte. Só depois da morte poderei talvez ser feliz.

                                             iv.     A incapacidade de, sozinho, chegar à felicidade. Porquê? Pecado origem e o mau uso da vontade e da liberdade. A doutrina da Graça.

5.      Repensar a escatologia: o sentido da história para lá da morte: a resposta a 410 e a Cidade de Deus.

a.      A cidade de Deus e a cidade do Homem: duas comunidades não materializadas em termos institucionais (e.g. a pertença à Igreja não é condição de salvação).

b.     História de duas cidades: sobrepõem-se e misturam-se; todos pertencem à cidade da terra durante a vida na terra.

c.      Como explicar o saque de Roma? A ausência de felicidade na terra.

d.     Eventualmente, a história levará depois da Parúsia à separação entre as duas cidades. A maioria: condenada; minoria será salva pela Graça.


O neoplatonismo.

8 Outubro 2024, 09:30 Angélica Varandas

O neoplatonismo. As doutrinas de Plotino e de Orígenes.


A cristianização do eremitismo pagão: o microcosmo monástico e a configuração da sociedade cristã

7 Outubro 2024, 12:30 Rodrigo Furtado

 

  1. A filosofia pagã dos séculos I-IV d.C.: filosofia e modo de vida.
    1. Pitagóricos; Estóicos; Neo-platónicos: a contemplação do Uno e a fuga ao mundo distractivo;
    2. Ataraxia (tranquilidade); ascetismo (σκησις: treino, exercício do gymnasium); mortificação; purificação; contemplação;
    3. A fuga à cidade; a fuga à política; a fuga ao artifício; a fuga ao mundo material; o eremitismo (ρημίτης: o que vive no deserto)/anacoretismo (νακορέω: retirar-se) pagãos.

 

2.     Antão (ca. 251-356).

a.      o controlo de si tão caro aos filósofos: o deserto como o lugar da luta contra as tentações; o controlo do corpo e das paixões;

b.     a atracção: os seguidores do deserto – discipulado, peregrinações e aldeamentos.

 

3.     O anacoretismo.

a.      A expansão do modelo de Antão e as comunidades de anacoretas: Pacómio (†348) e a ‘vida comunitária’: o nascimento do cenobitismo.

b.     Jerónimo e o ascetismo em Roma e na Palestina.

c.      O monaquismo episcopal e os precedentes das comunidades de canónigos regulares.

                                               i.     Martinho de Tours; Ambrósio de Milão; Agostinho de Hipona; Isidoro de Sevilha.

d.     A importâncias das “regras”.

 

4.     O êxito da Regra de São Bento (ca. 530 d.C.).

a.      Ora et labora: a fundação de Montecassino e a Regra de São Bento.

b.     A santificação do trabalho e do estudo.

c.      A santificação do dia. Dia: marcado pelas 7 horas canónicas;

- não eram regulares; dependem da época do ano;

-       Sino:

-        marca o quotidiano no mosteiro e fora dele;

-        maior atentado: roubar os sinos;

-        impõe à população o ritmo monástico.

-       dia: marcado pelas horas; período da luz; período de Deus; 

-       noite: sem divisões nem toque de sinos; período de trevas; fora do tempo.

-       Semana: organização dos dias segundo uma ordem cristã, que irá substituindo na Península Ibérica a ordem tradicional romana; contagem paralela à dos meses e sem adequação;

-       DOMINGO: primeiro dia da semana – corte com os Judeus;

-       algo puramente artificial; concepção do tempo puramente religioso.

 


 

5.     O espaço monástico como espaço sagrado. O mosteiro como micro-cosmo: e.g. Saint-Gall (Saint-Gallen, Stiftsbibliothek, ms. 1092; 9th c. inc.).

 


As heranças.

3 Outubro 2024, 09:30 Angélica Varandas

A herança clássica.

O advento do cristianismo. Édito de Milão e Édito de Tessalónica.
Constantino e a religião lícita.
Os primeiros padres da Igreja.