Sumários
Controvérsias em Estudos Asiáticos: Orientalismos/Ocidentalismos
4 Dezembro 2018, 10:00 • Luís Filipe Sousa Barreto
Aula 22
04-12-2018
Breves considerações sobre a conferência de Shan Jixiang (Director do Museu da Cidade Proibida). Organização em tópicos chave da matéria exposta no semestre e presente no teste em questionário optativo.
Em torno do termo Orientalismo: do surgimento no século XVIII ao sentido que ganha a partir dos anos de 1963, 1964, 1978 com Abdel Malek, Tibawi, E. Said. O Orientalismo como representação distorcida, por Europeus e Americanos, da Ásia e dos Asiáticos e o Ocidentalismo como representação distorcida, por Asiáticos, da Europa e Neo-Europas (em especial, Anglo-Saxónicas).
Complexificar os “Orientalismos”, imaginários de Ásia e de Asiáticos, introduzindo o cone temporal da mais longa duração. Ésquilo (c. 525/524 a. c. – c. 456/455 a. c.) e a mais antiga tragédia grega conservada: “Os Persas”, c. 472 a. c. . A tragédia desenrola-se no palácio imperial de Susa, capital persa, na sequência da derrota de Xerxes frente aos gregos na batalha naval de Salamina. O destino e a punição dos deuses levam à catástrofe do poder real persa. Em grego, os imaginados sentimentos dos persas derrotados.
Entre os séculos XVI e XVIII o imaginário do Orientalismo serve aos enunciados europeus para um paralelismo crítico acerca de si próprios. Uma falsificação/idealização de aspetos das Ásias da Ásia para ajustar contas com as realidades Europeias. Os casos da “Peregrinação”, 1614 de Fernão Mendes Pinto e do “D. Quixote”, 1615, parte II de Miguel de Cervantes.
Montesquieu (1689-1755) e as “Lettres Persannes”, Paris, 1721. Um alto sucesso literário-polémico de autoria anónima. Os persas “transplantados para a Europa, o mesmo é dizer um outro Universo”. A crítica iluminista e deísta da França e do Papado mas, também do Islão (Turco). Orientalismos/Ocidentalismos confundindo-se. As Ásias imaginadas/imaginárias ao serviço da autocritica europeia.
Bibliografia complementar:
Adrian Chan – Orientalism in Sinology, Bethesda, A. Press, 2009
Carrier, James G. (ed.) – Occidentalism: Images of the West, Oxford, Clarendon Press, 2003 (1. ed., 1995)
Macfie, A. L. – Orientalism: Seminar Studies in History, Londres, Pearson, 2002
Xiaomei Chen – Occidentalism: A Theory of Counter – Discourse in Post-Mao China, N. Iorque, Rowman, 2002 (1. ed. 1995)
Consensos e Controvérsias em Estudos Asiáticos
29 Novembro 2018, 10:00 • Luís Filipe Sousa Barreto
Aula 21
29 -11-2018
A mútua formação e alimento de consensos (maioritários) e (minoritárias) controvérsias. A complementaridade, porosidade e heterogeneidade das perspetivas Endotópica e Exotópica. A polifonia e heteroglassia asseguram a não validade de uma razão única/só mas sim do racionalismo, critico, aberto, transformativo, provável, plausível, com fundamentação/prova factual-documental.
As disciplinas em Estudos Asiáticos. Coordenar e integrar uma pluralidade de Ciências Sociais (história, sociologia, antropologia, economia, geografia, linguística, r. internacionais/politologia etc.) com uma diversidade de estudos específicos/especializados (Sinologia, Japonologia, Islamologia, Indologia, etc.) Aporias e desafios. A condição do multidisciplinar, interdisciplinar, transdisciplinar e a necessidade das disciplinas e de zonas de abertura/fronteira. A condição multilinguística dos E. Asiáticos e línguas Eurasiáticas chave “… a língua é um facto social… a língua é social na sua essência e independente do Indivíduo…” (F. de Saussure/1915). As línguas como transformação conectiva e a Tradução/Interpretação. Os espaços urbanos de serviços internacionais como lugares chave da Tradução/Interpretação. A investigação e a formação em Estudos Asiáticos é necessariamente multilingue mas as línguas não são transparência das realidades económica, cultural, política, etc. A dinâmica de grupo na criação de Estudos Asiáticos e os contributos individualizados.
Enunciar dalguns dos fundamentos de polémica a propósito de “Orientalismos”. As controvérsias podem contribuir para um reforço racional dos consensos.
Objetivação Posicional e Consensos em Estudos Asiáticos
27 Novembro 2018, 10:00 • Luís Filipe Sousa Barreto
Aula 20
27 -11-2018
A realidade humana e o conhecimento crítico/racional da mesma não são dados, não são transparências, mas sim obstáculos a defrontar/tentar vencer e ultrapassar. A realidade e o conhecimento como Pluralidades Hierárquicas, complementares, abertas, transformativas. Os seis consensos chave em Estudos Asiáticos (do sujeito objeto asiático à implicação social objetiva dos conhecimentos em E. Asiáticos).
Parâmetros de objetivação posicional: o valor do comparativismo e da conexão. A exigência crítica de enunciados protocolares/protocolados. Afirmar com provas, com possibilidades para os outros de testar a consistência/validade dos enunciados. Saber/viver é escolher. As escolhas implicam hierarquia, inclusão e exclusão. Posicionamentos Endotópico e Exotópico.
As fronteiras como proximidade e distanciamento, tensões de identidade e de diferença. Três exemplos a propósito de “Endotópico” e Exotópico”. Das diferenciações claras/nítidas às metamorfoses e ao “Neoconfucionismo de Boston”. A heterogeneidade das lógicas de situação/posição: Polifonias e Heteroglassias. As Ciências Sociais e uma racionalidade crítica de exigência/fundamentação que esbate posições locais/pessoais e afirma plataformas, em grande parte, consensuais.
Bibliografia mencionada complementar:
- François Jullien – Conférence sur l´Efficacité, Paris, Puf, 2005
- Robert C. Neville – Boston Confucianism. Portable Tradition in the Late Modern World, N. Iorque State U. Press, 2000
- Umberto Bresciani – La Filosofia Cinese Nel Ventesimo Secolo: I Nuovi Confuciani, Roma/Citá del Vaticano, Urbaniaba U. Press, 2009
A pluralidade aberta das Ásias e do conhecimento /racionalidade em Estudos Asiáticos
22 Novembro 2018, 10:00 • Luís Filipe Sousa Barreto
Aula 19
22 -11-2018
Ainda a propósito da organização democrática do Estado-Nação. Fundamentos de Democracia e de enraizamento económico-social: distribuição de rendimento e classes médias. Igualdades formais de deveres e direitos e o esmagamento da classe média na Europa e a sua ascensão na China, India, Coreia.
A pluralidade da vida/realidade e a necessária pluralidade das informações, conhecimentos, teorias, métodos. Fazer objetividade e objetivação a partir da pluralidade. Parâmetros posicionais de objetivação: cinco reguladores de objetivação que visam assegurar o mínimo de variação pessoal/interpessoal no interior de cada uma das perspetivas, pontos de vista, ângulos de análise. A pluralidade de perspetivas de análise (macro/micro, caso/série, específico/comparativo, local/global, etc.) e o assegurar/regular da objetivação. Pluralizar é Hierarquizar. Nem tosos os pontos de vista/análise são fundamentados/fundamentais e os que o são valem razão/prova bem diferente.
Bibliografia mencionada:
- Bell, A. Daniel – The China Model: Political Meritocracy and the limits of Democracy, Princeton, Princeton U. Press, 2015 (trd. port., Lisboa, Gradiva, 2016)
- Hayek, F. A. – The counter – Revolution of Science: Studies on the Abuse of Reason, N. Iorque, Free Press, 1952
- Sen, Amartya – Rationality and Freedom, Cambridge, Massa., Harvard U, Press, 2002
Andamentos da Protosinologia: os Polos Português e Italiana (1499-1550)
20 Novembro 2018, 10:00 • Luís Filipe Sousa Barreto
Aula 18
20 -11-2018
As categorias de espaçotempo implicadas à emergência da Sinologia (estudos acerca da China por não chineses). O comércio de longa distância internacional, as rotas do Levante e do Cabo e a informação e conhecimento acerca da China.
Lisboa, Veneza, Florença, Génova, Antuérpia, etc. e horizontes europeus acerca da China marítima e contemporânea (período Ming). Da China que chega através do Indico, do Islão e do Árabe (informações e porcelanas a partir de Calecute) à China dos chineses ultramarinos e do comércio chinês na Ásia do Sueste (Malaca/1509). O Árabe permitindo aos portugueses e chineses comunicarem pela primeira vez. Anos de 1512-1515 a Europa começa a conhecer a China Ming a partir de chineses e documentos em chinês. Em português a “Suma Oriental” de Tomé Pires e a cartografia chinesa do “Livro de Francisco Rodrigues”.
A China em latim e nos círculos de poder académico: o “De Glória” de Jerónimo Osório, Coimbra, 1549; Florença, 1552 e mais 16 edições latinas na Europa do século XVI.
Primeiros conhecimentos fundamentados sobre o Sistema Tributário/relações internacionais da China, a cartografia dos mares/litorais do Sul da China (províncias de Guangdong, Fujian, Zhejiang), o sistema de exames do funcionalismo público chinês, a impressão dos livros na China (Xilográfica/s. IX, Tipográfica/s. XI), antiguidade da civilização chinesa, etc.
Em círculos europeus de elite a moda das manufaturas de luxo chinesas (sedas, porcelanas, pintura, mobiliário, livros) e do modelo político, administrativo, de ética social da China. Diálogo com alunos sobre sistemas de Meritocracia e Democracia.
Bibliografia mencionada:
- Dodde, Derk – “Chinese Ideas in the West” Columbia U. Press, 2005/ htpp://afe.easia.columbia.edu
- Maverick, Lewis – “China a Model for Europe”, S. António/Texas, P. Anderson, 1946, 2 vols.
Economista Indiano (trabalho?)
- Deepark Lal – “The Hindu Equilibrium”, Oxford, Clarendon Press, 1988-1989, 2 vols.
“Unintended Consequences: the impact of factor endowments, culture, and politics on long-run economic performance”, Cambridge, Massa., Mite Press, 2001
Problemáticas da Democracia / s. XXI
- Jason Brennan – “Against Democracy”, Princeton, Princeton U. Press, 2016