Sumários

Introdução à obra de Giorgio Agamben

13 Novembro 2020, 11:00 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Giorgio Agamben retoma algumas das teses de Foucault sobre biopolítica. O projecto do Homo Sacer no cruzamento entre o conceito foucaultiano de "soberania" e o conceito de "vida nua" presente na obra de Hannah Arendt.


II. A Semântica como Filosofia Primeira. A. O Dualismo Semântico - 4

13 Novembro 2020, 11:00 António José Teiga Zilhão

Holismo, Lógica e Tipos de sem sentido.

1. Holismo
1.1. O holismo semântico de Frege: precedência do conteúdo judicativo sobre os elementos constituintes do juízo. Só no contexto do juízo têm os termos um sentido, o qual se determina por meio da decomposição do conteúdo judicativo. 
1.2. As vantagens do holismo fregeano sobre o atomismo da tradição aristotélica - ao contrário do holismo, o atomismo não dispõe dos recursos necessários para: i) mostrar como se constitui o sentido de frases com sentido da linguagem natural que, à luz dos princípios atomistas, deveriam ser sem sentido; ii) mostrar o sem sentido de frases e argumentos sem sentido que, à luz dos princípios atomistas, deveriam ter sentido. 

2. Lógica e Tipos de Sem sentido
2.1. A concepção fregeana da valência lógica dos constituintes do juízo e a hierarquia semântica dela decorrente. 
2.2. Os diferentes tipos de sem sentido que se originam com a violação da hierarquia semântica. 
2.2.1. Identificação de argumentos célebres da tradição filosófica (Argumento ontológico, Cogito cartesiano) como argumentos que resultam de violações das regras da valência lógica e da hierarquia semântica por elas determinada. 
2.3. A importância conceptual da construção de um simbolismo (a notação conceptual) por meio do qual a valência lógica dos constituintes do juízo se revele directamente sem a mediação da linguagem natural. 
2.3.1. Impossibilidade de construir num tal simbolismo as frases e argumentos sem sentido da tradição filosófica. 
2.3.2. Exposição, no âmbito deste simbolismo, do modo como se constitui o sentido daquelas frases com sentido que, à luz da tradição atomista, deveriam ser consideradas sem sentido, e como se origina o sem sentido daquelas frases e argumentos sem sentido que, à luz dos princípios do atomismo tradicional, deveriam ter sentido. 


II. A Semântica como Filosofia Primeira - A. O Dualismo Semântico - 3.

12 Novembro 2020, 12:30 António José Teiga Zilhão

Sobre Sentido e Denotação

1. Caracterização fregeana de modos possíveis de entender a semântica da relação de igualdade/identidade: 

i) como uma relação entre sinais; 
ii) como uma relação entre objectos. 
2. Argumento que, segundo Frege, militaria contra o segundo entendimento e a favor do primeiro: nos casos em que frases do tipo 'a=b' fossem verdadeiras, a diferença em valor cognitivo entre as mesmas e frases do tipo 'a=a' ficaria, no âmbito do segundo entendimento, por explicar. 
3. Argumento que, segundo Frege, militaria contra o primeiro entendimento e a favor do segundo: o conhecimento que, com frequência, pretendemos exprimir por meio do uso de frases de igualdade do tipo 'a=b' (e.g., 'Véspero é Fósforo') é conhecimento efectivo com valor empírico e não conhecimento linguístico acerca do modo como usamos os sinais 'a' e 'b'. 
4. Solução fregeana para o problema de como entender a semântica da relação de identidade: para além de uma  denotação ( Bedeutung) - o objecto designado -, termos singulares (nomes e descrições definidas) têm também um  sentido (Sinn), o qual consiste no modo específico como a denotação dos mesmos é capturada; a descoberta, expressa numa frase do tipo 'a=b', de que dois sentidos distintos estão associados a uma mesma denotação é, em geral, uma descoberta com um conteúdo cognitivo significativo e não uma descoberta de âmbito meramente linguístico. Neste sentido, uma compreensão adequada da semântica da relação de igualdade/identidade mostraria que a mesma seria, efectivamente, uma relação entre objectos e não entre sinais.
5. Pensamentos - concebidos como objectos abstractos - como os sentidos de frases declarativas; valores de verdade, concebidos também como objectos, como as  denotações das mesmas.  Semelhança entre a noção fregeana de sentido e a noção bolzaneana de representação objectiva.
6. O dualismo semântico que decorre da distinção fregeana entre sentido e denotação.
7. Relação entre denotação e sentido: qualquer denotação é sempre capturada através de um sentido específico; mas daqui não se segue que todo o sentido capture uma denotação - existem sentidos aos quais nenhuma denotação corresponde. 
8. A distinção essencial entre o discurso cognitivo (da ciência) e o discurso artístico (da literatura) deixar-se-ia reconduzir, segundo Frege, ao facto de que o segundo teria apenas sentido, enquanto que o primeiro teria tanto sentido como denotação. 



A história do conceito de "biopolítica" antes de Foucault. As práticas da eugenia no sec.XX

12 Novembro 2020, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Leitura de alguns capítulos da obra  Bios de Roberto Esposito. A antiga história dos modelos ortopédicos no governo dos vivos.


II. A Semântica como Filosofia Primeira. A - O Dualismo Semântico - 2

9 Novembro 2020, 12:30 António José Teiga Zilhão

A Investigação fregeana em torno dos fundamentos da aritmética como uma investigação em torno do sentido dos juízos numéricos - 2.

2. Resposta de Frege à questão 'O que é o número?'

2.1. Razão pela qual, apesar de defender que juízos numéricos são juízos nos quais conceitos de ordem inferior saturam conceitos de ordem superior, Frege defende que, todavia, os números, considerados em si mesmos, são objectos e não conceitos de qualquer ordem: não é possível desenvolver minimamente a teoria dos números sem se considerar que as propriedades que ela atribui aos números são propriedades de objectos. 
2.2. Deste modo, os conceitos compostos de segunda ordem envolvidos num juízo numérico conteriam uma referência implícita a números na sua definição, mas não seriam, eles próprios, os números.
2.3. Distinção fregeana entre os termos 'objectivo' e 'real': os números, tal como o equador, o eixo da Terra, ou o centro de gravidade do sistema solar, seriam objectos objectivos apesar de não serem reais (i.e., físicos).
2.4. Que são então os números? 
2.4.1. Para poder responder à questão 'O que é o número?' Frege defende que é necessário partir-se da elucidação do sentido dos juízos de identidade numérica, i.e., de juízos do tipo 'O número que vem para o conceito F é o mesmo que o número que vem para o conceito G'. Por outras palavras, é necessário determinar os critérios de identidade subjacentes aos juízos de atribuição numérica. 
2.4.2. Frege defende ainda que a elucidação do sentido dos juízos de identidade numérica deve fazer-se por analogia com a elucidação do sentido de juízos de identidade entre direcções de rectas; neste último caso, diz-se que a direcção de uma recta a é igual à direcção de uma recta b se, e somente se, a e b forem rectas paralelas; nestas circunstâncias, a direcção da recta a pode ser definida como a extensão do conceito 'recta paralela à recta a'.  
2.4.3. De modo análogo, Frege defende que pode dizer-se com verdade que 'o número que vem para o conceito F é o mesmo que o número que vem para o conceito G' se, e somente se, for possível determinar uma relação entre os Fs e os Gs que seja tal que a mesma tenha a propriedade da biunivocidade (ou correspondência 1-1); se esse for o caso, define-se então do seguinte modo um conceito relacional (de ordem superior) entre conceitos, ao qual Frege chama 'equinumericidade': são equinuméricos entre si aqueles conceitos cujas extensões são susceptíveis de ser colocadas umas com as outras numa relação biunívoca. O 'número que vem para o conceito X' pode então ser finalmente definido como aquela classe (extensão de conceito) cujos elementos seriam as classes (extensões de conceitos) determinadas por todos aqueles conceitos que satisfariam o conceito relacional de ordem superior 'ser equinumérico a' a respeito do conceito X e apenas esses.  
2.4.4. Segundo a ontologia de Frege, classes, ou extensões de conceitos, incluindo, nestas, classes cujos elementos são eles próprios classes, são objectos e não conceitos. Deste modo, e de acordo com os preceitos da ontologia fregeana, números seriam então objectos e não conceitos.